segunda-feira, 15 de maio de 2017

Série América Latina: BRASIL x URUGUAI

História da Seleção Brasileira de Futebol


A Seleção Uruguaia foi a primeira potência futebolística da América do Sul. De 1916, quando foi jogada a primeira edição do Campeonato Sul-Americano, até 1930, quando foi jogada a primeira edição da Copa do Mundo, ela reinou no futebol sul-americano e mundial. Neste período, em 12 edições do torneio continental, os uruguaios foram campeões de seis, ou seja, a metade, contra quatro troféus da Argentina e dois do Brasil. O Uruguai ganhou os Sul-Americanos de 1916, 1917, 1920, 1923, 1924 e 1926. Ainda foi Medalha de Ouro no futebol nas Olimpíadas de 1924 e 1928, quando, ainda sem que se houvesse criado a Copa do Mundo, esta era a principal competição de futebol do planeta. E, por justiça, sua força futebolística foi premiada como sede e com o título da primeira edição do Mundial, em 1930.


Uruguai, Bi-campeão Sul-Americano em 1916-1917

Nas Olimpíadas de 1924, disputadas em Paris, na França, o Uruguai chegou à final contra a Suíça, e venceu por 3 x 0, gols de Petrone, Cea e Romano. Aquela seleção já tinha a espinha dorsal da que venceu a Copa do Mundo alguns anos depois. O time era escalado com: Mazali; Nasazzi e Pedro Arispe; Leandro Andrade, Jose Vidal e Alfredo Ghierra; Urdinarán, Héctor Scarone, Petrone, Pedro Cea e Angel Romano. Quatro anos depois os Jogos Olímpicos de 1928 foram em Amsterdã, na Holanda, e o futebol teve uma final sul-americana, entre uruguaios e argentinos. Bi-campeã, a camiseta da seleção passou a ser chamada de "A Celeste Olímpica". Título conquistado com uma vitória por 2 x 1, gols de Figueroa e Scarone. O time de 28 jogava com: Mazali; Nasazzi e Pedro Arispe; Leandro Andrade, Juan Piriz e Gestido; Carricaberry, Héctor Scarone, Borjas, Pedro Cea e Roberto Figueroa.

A Seleção Brasileira sofreu pelos pés uruguaios nestes primeiros anos. O primeiro confronto entre as duas seleções aconteceu no Sul-Americano de 1916, em Buenos Aires, na Argentina, terminando com vitória celeste por 2 x 1. Poucos dias depois, num amistoso jogado em Montevidéu, a primeira vitória canarinho: 1 x 0. Em 1917, houve mais dois jogos na capital uruguaia, e estes terminaram com convincentes vitórias, mostrando porque o Uruguai foi bi-campeão da América do Sul nas duas primeiras edições do torneio. A primeira, válida pelo Sul-Americano, deu numa goleada por 4 x 0. A segunda, num amistoso, terminou 3 x 1.

Os duelos seguintes foram todos válidos por uma edição de Campeonato Sul-Americano. Em 1919, jogando no Rio de Janeiro, duas partidas, com um empate em 2 x 2 e uma vitória brasileira por 1 x 0. No ano seguinte, em Viña del Mar, no Chile, houve a maior goleada da história do confronto, aquela que era a pior derrota da Seleção Brasileira até os 7 x 1 para a Alemanha na Copa de 2014. Soberanos e mostrando sua força, com dois gols de Romano, dois gols de Pérez, e tentos de Urdinaran e Campolo: Uruguai 6 x 0 Brasil.

Em 1921, em outra edição disputada em Buenos Aires, vitória celeste por 2 x 1. Em 1922, no Rio de Janeiro, empate em 0 x 0. Em 1923, em Montevidéu, nova vitória uruguaia por 2 x 1. Seis vitórias sobre a Seleção Brasileira nos dez primeiros confrontos entre os dois, domínio total.


Como reconhecimento pelos dois títulos olímpicos conquistados, a FIFA escolheu ao Uruguai como país-sede da primeira Copa do Mundo, em 1930. E o anfitrião mostrou sua força, chegando à final, na qual repetiu o confronto que havia sido a final das Olimpíadas de 1928, contra seu vizinho sul-americano. E novamente os uruguaios venceram, desta vez por 4 x 2, com gols de Pablo Dorado, Pedro Cea, Santos Iriarte e Héctor Castro. O time campeão mundial atuava com: Ballestero; Mascheroni e Nasazzi; Leandro Andrade, Lorenzo Fernández e Gestido; Dorado, Scarone, Hector Castro, Pedro Cea e Iriarte.

Uruguai, Campeão da Copa do Mundo de 1930

O Uruguai voltou a conquistar o título do Sul-Americano em 1935, no Peru. A equipe jogava com: Ballestero; Muñiz e Nasazzi; Zunino, Lorenzo Fernández e Marcelino Pérez; Jose Alberto Taboada, Anibal Ciocca, Héctor Castro, Enrique Fernandez e Braulio Castro.

Nos anos 1930, no entanto, eles já não conseguiram bater o Brasil. Foram apenas três duelos, e todos terminaram com uma vitória do time canarinho. Os dois primeiros foram pela Copa Rio Branco, disputada entre os dois países. Em 1931, no Rio de Janeiro, foi 2 x 0. Em 1932, em Montevidéu, foi 2 x 1. O terceiro encontro na década foi em 1937, num Sul-Americano jogado em Buenos Aires, e foi 3 x 2.


Em 1940, as duas seleções voltaram a disputar a Copa Rio Branco, desta vez em melhor de dois jogos. Em duas partidas disputadas no Rio de Janeiro, a camisa celeste venceu a primeira por 4 x 3, com a segunda terminando num empate por 1 x 1. Assim, pela primeira vez, o título da competição era uruguaio, já que nas duas primeiras edições, em 1931 e 1932, havia sido brasileiro. Em 1942, pelo Sul-Americano jogado em Montevidéu, mais uma vitória celeste, por 1 x 0, competição na qual a Celeste Olímpica voltou a se sagrar campeã sul-americana.

Nos três confrontos seguintes, a Seleção Brasileira, pela primeira vez na história, encontrou facilidade diante dos uruguaios, com uma sequência de vitórias com ampla vantagem no marcador. Primeiro em dois amistosos disputados em solo brasileiro em 1944, e depois pelo Sul-Americano de 1945, no Chile. No primeiro jogo, no Rio de Janeiro, foi vingada a goleada sofrida em 1920, com o placar fechando em: Brasil 6 x 1 Uruguai. Depois, em São Paulo, nova goleada, agora por 4 x 0. Por fim, na competição continental do ano seguinte, vitória por 3 x 1.

Em 1946 foram três duelos. Os dois primeiros pela Copa Rio Branco, em Montevidéu, que curiosamente repetiram os resultados de seis anos antes: vitória uruguaia por 4 x 3, empate por 1 x 1 e título uruguaio. Na sequência, uma vitória brasileira por 4 x 3 no Sul-Americano disputado em Buenos Aires.

No ano seguinte, mais dois duelos pela Copa Rio Branco, desta vez com um jogo em cada país. O Brasil empatou sem gols em Montevidéu e venceu por 3 x 2 no Rio de Janeiro, ficando com o título. A competição voltou a acontecer em 1948, desta vez, porém, com dois duelos em Montevidéu, um empate por 1 x 1 e uma vitória do Uruguai por 4 x 2, a qual lhe deu o título.

O último confronto entre os dois países nos anos 1940 foi no Campeonato Sul-Americano jogado no Rio de Janeiro em 1949. Jogando no Estádio de São Januário, a Seleção Brasileira conseguiu uma expressiva goleada: Brasil 5 x 1 Uruguai.


Em 1950, brasileiros e uruguaios se enfrentaram quatro vezes, sendo o último deles o duelo que ficou marcado como o mais importante do confronto entre as duas seleções na história. Embora no torneio continental do ano anterior, a camisa canarinho vencera com facilidade por 5 x 1, os duelos válidos pela Copa Rio Branco, disputada antes da Copa do Mundo, provavam o quão acirrado era o confronto. A primeira partida foi no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e terminou com uma vitória celeste por 4 x 3. No jogo seguinte, na então capital do Brasil, um 3 x 2 a favor da camiseta branca dos brasileiros, já que a verde-amarela só começaria a ser usada alguns anos depois. Os resultados forçaram um terceiro confronto, a ser disputado novamente no Rio de Janeiro. A Seleção Brasileira venceu por 1 x 0 e se sagrou campeã. Nas sete edições da Copa Rio Branco jogadas entre 1931 e 1950, foram quatro títulos brasileiros (1931, 1932, 1947 e 1950) e três títulos uruguaios (1940, 1946 e 1948).

O Brasil superara a ampla hegemonia uruguaia vista no período até 1929, mas tão só equilibrara as coisas, pois as estatísticas apresentavam números amplamente pareios no confronto. Assim as duas seleções se postularam a jogar a final da Copa do Mundo de 1950 no Estádio do Maracanã, no Rio. À Seleção Brasileira bastava o empate para se sagrar campeã, já que tinha melhor campanha no quadrangular final. O otimismo era enorme. Um ano antes obtivera uma expressiva vitória por 5 x 1, mas dois meses antes, em São Paulo, os uruguaios saíram vitoriosos, com um imponente 4 x 3.

O Brasil, naquela tarde, saiu na frente, abrindo o marcador diante do maior público já visto num estádio de futebol em toda a história do esporte. No segundo tempo, no entanto, a Celeste Olímpica empatou, e com um gol de Alcides Ghiggia, virou. Final: Uruguai 2 x 1 Brasil. Depois de vinte anos, os uruguaios voltavam a se sagrar Campeões Mundiais. E aquele dia estaria escrito nos livros de história para sempre como o Maracanazo. O time campeão: Máspoli; Mathias Gonzáles, Tejera e Gambetta; Obdulio Varela e Rodriguez Andrade; Ghiggia, Julio Peréz, Miguez, Schiaffino e Morán.

 Uruguai, Campeão da Copa do Mundo de 1950


Depois daquele dia histórico, demorou para os uruguaios voltarem a vencer os brasileiros. Dois anos após aquele dia fatídico para o time canarinho no Maracanã, as duas seleções voltaram a jogar, no Chile, pela disputa do 1º Campeonato Pan-Americano. E o Brasil venceu por 4 x 2. No Sul-Americano de 1953, em Lima, no Peru, voltou a vencer, desta vez por 1 x 0. Em 1956, as duas seleções empatam sem gols em Montevidéu, pelo Sul-Americano daquele ano. E naquele mesmo ano, nova vitória brasileira no primeiro confronto entre os dois disputado no Maracanã após a final do Mundial de 50. O jogo valia pela Taça do Atlântico, e terminou 2 x 0 para o Brasil.

Só em 1957 que a Seleção Uruguaia voltou a vencer o Brasil, após um jejum de sete anos. Em partida válida pelo Sul-Americano, em Lima, o placar terminou 3 x 2 para a camisa celeste. Dois anos depois, houve duas edições do torneio continental no mesmo ano. No primeiro, jogado em Buenos Aires, a Seleção Brasileira venceu por 3 x 0, com três gols de Paulinho Valentim, num jogo com uma pancadaria generalizada entre os jogadores e vários feridos. Pelos acontecimentos neste jogo, houve um afastamento entre a Confederação Brasileira e a Confederação Sul-Americana que levou à disputa com equipes reservas na segunda edição de 1959, jogada no Equador, e no torneio de 1963 na Bolívia, e ao boicote à edição de 1967, que foi jogada no Uruguai sem a presença do Brasil. O outro jogo de 59, em Guaiaquil, com os brasileiros representados por um time de reservas dos reservas, os uruguaios venceram sem dificuldade por 3 x 0.


As seleções titulares dos dois países voltaram a se enfrentar em 1960, em Montevidéu, valendo pela Taça do Atlântico, com vitória dos donos da casa por 1 x 0. O confronto seguinte aconteceu só em 1965, num amistoso em Belo Horizonte que terminou 3 x 0 para o onze canarinho.

Em 1967, a Seleção Brasileira não disputou o Campeonato Sul-Americano que aconteceu no Uruguai. Porém, as duas seleções se enfrentaram pela Copa Rio Branco. Foram três jogos em Montevidéu e três empates (0 x 0, 2 x 2 e 1 x 1), com o troféu sendo dividido entre os dois.

Em 1968, dois amistosos em solo brasileiro com duas boas vitórias do time canarinho: 2 x 0 em São Paulo e 4 x 0 no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Além destes jogos entre as equipes principais, as seleções olímpicas dos dois países se enfrentaram duas vezes nos anos 1960, com uma vitória de cada lado.

Sem a presença da Seleção Brasileiro, o Uruguai foi Campeão Sul-Americano em 1967, conquistando seu 11º título continental: 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1956, 1959 e 1967. Hegemônico no período histórico até 1929, os uruguaios viram os argentinos crescerem e tomarem esta hegemonia, pois até 1967 já acumulavam 12 títulos, passando os uruguaios. A Seleção Brasileira fora campeã somente em 1919, 1922 e 1949, nos três torneios jogados até então em seu solo. A partir de 1975, começaria uma nova era no subcontinente, com a constituição da Copa América.

A força da Seleção Uruguaia se via também nas Copas do Mundo. Até 1974, ela só não havia disputado os Mundiais de 1934 e 1938 (porque boicotou-os) e de 1958, o único para o qual não conseguiu obter a classificação. Em suas três primeiras participações, ganhou o título em 1930 e 1950, e foi semi-finalista em 1954.


Na Copa do Mundo de 1970, no México, os uruguaios voltaram a conseguir alcançar as semi-finais, com a melhor equipe que tiveram desde aquele time de Schiaffino e Obdulio Varela que foi um dos mais fortes do mundo entre 1950 e 1954. Na semi-final, o confronto foi justamente contra a Seleção Brasileira. Os uruguaios saíram na frente, mas tomaram a virada, com gols de Clodoaldo, Jairzinho e Rivellino, ficando fora da final: Brasil 3 x 1 Uruguai. Este fortíssimo time da Celeste Olímpica era escalado com: Mazurkiewicz; Ubiña, Ancheta, Matosas e Mujica; Ildo Maneiro e Montero-Castillo; Luis Cubilla, Dagoberto Fontes, Julio Morales e Julio Cortés.

Seleção Uruguaia que foi semi-finalista em 1970

Nos anos 1970, o futebol brasileiro dominou amplamente o futebol uruguaio, vencendo todos os confrontos entre os dois países. O primeiro deles, nesta década, foi justamente o já citado, pela semi-final da Copa de 70. Em 1976, dois duelos pela última edição da Copa Rio Branco, com o Brasil vencendo por 2 x 1 em plena Montevidéu, e depois repetindo o placar de 2 x 1 no Maracanã, numa partida que mais uma vez terminou em pancadaria generalizada envolvendo os jogadores.

As duas seleções voltaram a se enfrentar em 1979 no Maracanã, num amistoso no qual a Seleção Brasileira teve uma atuação de gala. Os brasileiros haviam tomado de 6 x 0 em 1920, nunca repetiram o placar, mas chegaram perto algumas vezes. Houve um 6 x 1 em 1944 e um 5 x 1 em 1949. Em 79, mais uma vez chegou perto. Com dois gols de Sócrates, e gols de Edinho, Éder e Nilton Batata, o placar final anotou: Brasil 5 x 1 no Uruguai.

O futebol uruguaio passava por profunda crise, tanto que não conseguiu obter a classificação para duas Copas do Mundo consecutivas, as de 1978 e de 1982.

Nesta década, houve ainda um duelo válido por Pré-Olímpico, em 1976, que terminou empatado. Mas entre as equipes principais, foram quatro encontros nos anos 1970, com quatro vitórias da camiseta amarela.


Em 1980, as duas seleções se encontraram novamente para um amistoso, este jogado em Fortaleza, e mais uma vez o Brasil venceu: 1 x 0. A história começaria a mudar no Mundialito de 1981, um torneio disputado em Montevidéu reunindo Uruguai, Brasil, Argentina, Alemanha, Itália e Holanda. A final foi entre canarinhos e celestes, e desta vez foi para dar fim ao jejum. Os destaques celestes eram o zagueiro Hugo De León e o camisa 10, Ruben Paz. A Seleção Uruguaia venceu por 2 x 1 e conquistou o título.

Depois, as duas seleções voltaram a se encontrar para disputar um título em 1983, valendo pela Copa América. A final foi em dois jogos, o primeiro em Montevidéu e o segundo no Estádio da Fonte Nova, em Salvador. A Celeste Olímpica venceu o primeiro confronto por 2 x 0 e deixou o título encaminhado. Na Bahia, um empate em 1 x 1 confirmou o título uruguaio. Os campeões: Rodolfo Rodríguez; Diogo, Nelson Gutiérrez, Eduardo Acevedo e Agresta; Washington González, Jorge Barrios e Enzo Francescoli; Wilmar Cabrera, Carlos Aguilera e Luis Acosta.

Os campeões do Mundialito de 1981

O futebol uruguaio voltou a viver um momento de grande força nos anos 1980. Em 1987, foi mais uma vez à final da Copa América, e novamente se sagrou campeão. O torneio voltava a ter sede fixa, e foi disputado na Argentina. A Celeste Olímpica foi à final diante do Chile, e venceu, por 1 x 0, com o gol do título marcado por Bengoechea, conquistando assim o bi-campeonato sul-americano. O time bi-campeão: Pereira; Domínguez, Nelson Gutiérrez, Trasante e Pintos Saldaña; Perdomo, Gustavo Matosas, Bengoechea e Enzo Francescoli; Alzamendi e Ruben Sosa.

Naquela década, o Brasil perdia em jogos oficiais e vencia em não-oficiais. Depois da derrota na final da Copa América de 83, houve uma sequência de três duelos amistosos, com três vitórias: em 1984 por 1 x 0 em Curitiba, em 1985 por 2 x 0 em Recife, e por 1 x 0 em Belo Horizonte em 1987.

O maior de todos os traumas diante da camisa celeste foi a final da Copa de 50. No início doa Anos 1980 haviam ocorrido as derrotas nas finais do Mundialito e da Copa América. O fantasma uruguaio rondava e assombrava a alma brasileira. E as duas seleções chegaram novamente uma diante da outra numa final de campeonato, e o palco agora era o mesmo de 49 anos antes. Brasil e Uruguai entraram em campo para disputar a final da Copa América de 1989 para um Maracanã lotado por 155 mil espectadores.

O forte time uruguaio tinha Zeoli; Herrera, Nelson Gutiérrez, Hugo De Leon e Domínguez; Ostolaza, Perdomo, Ruben Paz e Enzo Francescoli; Alzamendi e Ruben Sosa. Aquela geração, após dois Mundiais de ausência, havia posto a celeste novamente na Copa do Mundo, tendo disputado as edições de 1986 e 1990. Mas aquela noite estava reservada para exorcizar fantasmas. Com um gol de cabeça marcado por Romário, a Seleção Brasileira venceu por 1 x 0 e foi campeã.

Além dos duelos entre as seleções principais, nos anos 1980 houve ainda dois confrontos entre seleções olímpicas, com uma vitória uruguaia e um empate.


Após viver um reerguimento de seu futebol nos Anos 1980, os Anos 1990 não foram nada bons para o Uruguai. A Celeste Olímpica não conseguiu se classificar para as Copas do Mundo de 1994 e 1998. Ainda assim, o confronto direto com o Brasil foi muito duro e equilibrado.

Frente ao Brasil, um empate em 1 x 1 na Copa América de 1991 no Chile. Depois, uma sequência de dois amistosos com vitórias uruguaias em 1992: por 1 x 0 em Montevidéu, e por 2 x 1 em Campina Grande, na Paraíba. Depois dois duelos pelas Eliminatórias: um empate em 1 x 1 em Montevidéu e um encontro na última rodada no Maracanã, quando o fantasma de 1950 voltou a assombrar. Porém, quem voltou a tratar de espantá-lo foi Romário, que desta vez marcou duas vezes na vitória brasileira por 2 x 0, garantindo a vaga na Copa do Mundo.

Um outro duelo histórico se deu na final da Copa América de 1995 em Montevidéu. Brasil e Uruguai empataram em 1 x 1 e a decisão do título foi na disputa de pênaltis. A estrela uruguaia era o seu camisa 10, então já veterano, Francescoli. A Celeste Olímpica venceu por 5 x 3 nas penalidades e ficou com o título, o 14º título sul-americano de sua história.

Em 1995, as duas seleções ainda se enfrentaram num amistoso em Salvador, que terminou com vitória canarinho por 2 x 0. A seguir, voltaram a se enfrentar numa final de Copa América naquela década. Foi em 1999, no torneio disputado no Paraguai. A Seleção Brasileira venceu com certa facilidade, por 3 x 0, dois gols de Rivaldo e um de Ronaldo, e se sagrou campeã.

Duelos também entre seleções sub-23. Foram cinco confrontos, com três vitórias do Brasil, um empate, e uma vitória uruguaia.

Muita dureza e muito equilíbrio. Houve um período de hegemonia absoluta celeste, mas quem se impôs mais vezes no confronto ao longo do século XX foi a Seleção Brasileira. Na história acumulada até ali, tinham sido 64 encontros entre as seleções principais, com 31 vitórias brasileiras, 14 empates e 19 vitórias uruguaias. Na América do Sul, só a Argentina havia vencido o Brasil mais do que isto. Nestes duelos, a camisa amarela marcou 113 gols e a camisa celeste marcou 83.


Na virada do século, a força internacional do futebol uruguaio já não era a mesma de outrora. Se até 1974 haviam sido 7 participações em Copas do Mundo, daí para frente a coisa mudou. Ausente em 1978 e 1982, presente em 1986 e 1990, ausente em 1994 e 1998, presente em 2002, ausente em 2006, presente em 2010 e 2014.

Diante da Seleção Brasileira, pelas Eliminatórias, a Seleção Uruguaia empatou em 1 x 1 no Maracanã em 2000, e venceu, em 2001, por 1 x 0, no Estádio Centenário, em Montevidéu. Nas Eliminatórias seguintes, dois empates: 3 x 3 em Curitiba em 2003, e 1 x 1 na capital uruguaia em 2005. Entre eles, na Copa América de 2004, em Lima, no Peru, outro empate em um gol para cada lado. Entretanto, como desta vez valia pela semi-final, a decisão foi para os pênaltis, com o Brasil desta vez saindo vencedor (5 x 3).

O empate foi a tônica deste duelo nessa década. As duas seleções voltaram a se enfrentar por uma semi-final de Copa América, em 2007 na Venezuela. No tempo normal 2 x 2 no marcador. Decisão do finalista mais uma vez nas penalidades, com o time canarinho voltando a vencer, desta vez por 5 x 4, e pela segunda vez consecutiva eliminando o rival.

Só nas Eliminatórias para a Copa de 2010 que a Seleção Brasileira voltou a vencer a Celeste Olímpica. Foram as duas únicas vitórias do Brasil sobre o Uruguai na primeira década do século XXI. Venceu por 2 x 1 em 2007 jogando no Morumbi, em São Paulo, e depois, em 2009, não tomou reconhecimento do adversário, aplicando uma imponente goleada por 4 x 0 em plena Montevidéu.

Definitivamente a marca do confronto entre brasileiros e uruguaios entre 2000 e 2009 foi o empate, as seleções olímpicas dos dois países jogaram duas vezes neste período, com ambas terminando empatadas.


O futebol uruguaio voltou a dar sinais de refortalecimento após 2010. Primeiro na Copa do Mundo disputada na África do Sul, quando, depois de 40 anos, voltou a alcançar a semi-final do Mundial. E segundo porque teve a Diego Forlán eleito como o melhor jogador daquela Copa. No ano seguinte, em 2011, sagrou-se novamente campeã da Copa América, levantando seu 15º título continental. Eliminou à Argentina de Lionel Messi em plena Buenos Aires, avançou à final diante do Paraguai, e bateu o adversário por 3 x 0 na final, ficando com o troféu. O time campeão jogava com a seguinte escalação: Muslera, Maxi Pereira, Diego Lugano, Coates e Martin Cáceres; Alvaro González, Arévalo Rios, Gargano e Álvaro Pereira; Diego Forlán e Luis Suárez.

Uruguai, Campeão da Copa América 2011

Na década de 2010, as duas seleções se enfrentaram pela primeira vez na Copa das Confederações de 2013, em Belo Horizonte, com o Brasil vencendo por 2 x 1. Depois, pelas Eliminatórias, houve um empate por 2 x 2 em Recife na ida. No jogo de volta, dentro de Montevidéu, a Seleção Brasileira teve uma atuação de gala e goleou novamente, agora por 4 x 1, com três gols do volante Paulinho e um de Neymar.






Série Duelos da Seleção Brasileira na América Latina:




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