sábado, 7 de novembro de 2015

Série 12 Grandes do Brasil: CRUZEIRO

Os 12 maiores clubes do futebol brasileiro, com mais tradição histórica e maior quantidade de jogadores cedidos à Seleção Brasileira estão geograficamente distribuídos pelo país da seguinte forma: quatro em São Paulo, cidade economicamente mais rica do Brasil, sendo três na capital (Corinthians, São Paulo e Palmeiras) e um no litoral (Santos), quatro no Rio de Janeiro (Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo), dois rivais de Belo Horizonte (Cruzeiro e Atlético Mineiro), e dois rivais de Porto Alegre (Grêmio e Internacional).

O Cruzeiro Esporte Clube é outro grande clube de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Foi fundado em 1921 com o nome de Sociedade Esportiva Palestra Itália. Em 1942, porém, quando o Brasil entrou oficialmente na Segunda Guerra Mundial, o Governo Federal proibiu alusões aos países adversários na guerra: Alemanha, Itália e Japão. Com isto, em homenagem à constelação do Cruzeiro do Sul, foi rebatizado, com o nome que preserva até os dias de hoje.


Até os Anos 1950, o futebol de Minas Gerais tinha menor expressão no cenário nacional, que era dominado pelas equipes do Rio de Janeiro e de São Paulo. No Campeonato Mineiro, o rival do Cruzeiro, o Atlético Mineiro, reinava soberano, com os cruzeirenses tendo apenas 8 títulos até 1958. O Palestra Itália foi campeão em 1926 e Tri-campeão em 1928-29-30. Os grandes ídolos deste período foram os irmãos Fantoni. O atacante João Fantoni, o Ninão, jogou pelo Palestra de 1923 a 1931, passou pelo Lazio em 1932, e voltou a defender o Palestra de 1933 a 1938. Na Itália, Ninão era Fantoni I. Seu irmão, o centroavante Leonízio Fantoni, o Niginho, defendeu o Palestra de 1929 a 1933, depois também foi para a Lazio, da Itália, voltou ao Brasil para defender Palmeiras e Vasco, e depois ainda jogou no Palestra de 1939 a 1947. Na Itália, era Fantoni III. Niginho foi o primeiro grande ídolo da história do Cruzeiro. O primo deles, Otávio Fantoni, o Nininho, também jogou no clube de 1929 a 1931, também migrou para a Itália, defendendo o Lazio de 1931 a 1935, e lá naturalizou-se e jogou pela Seleção da Itália nas Eliminatórias da Copa de 1934; por lá era chamado de Fantoni II. O irmão caçula de Ninão e Niginho, Orlando Fantoni, jogou no clube de 1932 a 1942, passou pelo Palmeiras (o Palestra Itália Paulista) e depois também foi jogar na Lazio, onde ficou conhecido como Fantoni IV. Foi também com a participação dos irmãos Fantoni que o Palestra Itália foi Campeão Mineiro de 1940 e o Cruzeiro sagrou-se novamente Tri-campeão Mineiro em 1943-44-45. Até o início dos Anos 1960, o Cruzeiro era o terceiro clube no cenário mineiro em quantidade de conquistas de títulos estaduais, atrás do Atlético e do América Mineiro.

Palestra Itália Campeão Mineiro de 1940

A história começou a mudar com a Primeira Era de Ouro Cruzeirense no período de 1965 a 1969. A semente foi plantada com o time Tri-campeão Mineiro em 1959-60-61. O ápice veio com a equipe que foi Penta-campeã Mineira em 1965-66-67-68-69, e que conseguiu, pela primeira vez na história do futebol mineiro, impor-se sobre os times do eixo Rio-São Paulo, sendo Campeã da Taça Brasil de 1966. Nas oitavas de final, atropelou o Americano, de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, goleando por 4 x 0 e 6 x 1. Nas quartas de final, venceu ao Grêmio (0 x 0 e 2 x 1). Na semi-final, um resultado já histórico, eliminando o Fluminense com duas vitórias (1 x 0 e 3 x 1). Mas aquele time queria mais! Foi para a final contra o Santos, de Pelé.

Tostão

Conseguiu um resultado histórico no Mineirão. Com 5 minutos do 1º tempo, o Cruzeiro vencia por 2 x 0. No intervalo, o marcador já estava 5 x 0. Na volta do intervalo o Santos fez dois. Mas Dirceu Lopes fez seu terceiro no jogo aos 27 minutos do segundo tempo, sacramentando a vitória. Depois do gol, Pelé deu um chute em Piazza e acabou expulso. Um placar histórico: Cruzeiro 6 x 2 Santos. Em São Paulo, os cruzeirenses ainda venceram por 3 x 2, sacramentando o título nacional. O time cruzeirense: Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Wilson Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira. O técnico era Airton Moreira.


O Cruzeiro voltou a ter outro grande time na Segunda Era de Ouro Cruzeirense, de 1972 e 1976. Foi Tetra-campeão Mineiro em 1972-73-74-75. No Brasileiro de 74, Cruzeiro e Vasco terminaram o Quadrangular Final empatados. O jogo de desempate foi no Maracanã, com a final vencida pelos vascaínos por 2 x 1. Os vice-campeões de 74: Vítor, Nelinho, Perfumo, Darci e Vanderlei; Wilson Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. O técnico era Ilton Chaves. No Brasileiro de 75, o Cruzeiro voltou a chegar à final, desta vez contra o Internacional. Partida em jogo único no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e vitória colorada por 1 x 0. Os vice-campeões em 75: Raul, Nelinho, Moraes, Darci e Isidoro; Wilson Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. O técnico era Zezé Moreira.

Palhinha

A grande conquista no entanto foi a de ter se tornado Campeão da Taça Libertadores de América de 1976. Título que até então o único brasileiro que havia conquistado era o Santos, de Pelé. O Cruzeiro venceu o grupo na 1ª fase que também tinha a Internacional, Olimpia e Sportivo Luqueño, ambos do Paraguai. Venceu o triangular que definia o finalista, batendo a Alianza Lima, do Peru (a quem goleou por 7 x 1) e LDU, de Quito, do Equador. A final foi contra o River Plate, da Argentina. O Cruzeiro venceu por 4 x 1 no Mineirão e perdeu por 2 x 1 no Monumental de Nuñez. O regulamento da época exigia um terceiro jogo em campo neutro. A partida foi no Estádio Nacional de Santiago, no Chile. Nelinho pôs o Cruzeiro na frente no início do jogo. Eduardo fez 2 x 0 no início do 2º tempo. Mas em cinco minutos o River Plate fez dois gols e empatou. Aos 43 minutos do segundo tempo, no entanto, Joãozinho cobrou falta e colocou nas redes: Cruzeiro 3 x 2 River Plate. Os campeões da Libertadores: Raul, Nelinho, Moraes, Darci e Vanderlei; Wilson Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Jairzinho, Palhinha e Joãozinho. O técnico era Zezé Moreira. Era o mesmo time do ano anterior reforçado pelo experiente ponta-direita Jairzinho, estrela da Seleção Brasileira nas Copas de 1970 e 1974.

Cruzeiro Campeão da Libertadores de 1976

O Cruzeiro só voltou a conquistar novamente títulos de expressão entre 1991 e 1993. Foi Bi-campeão da Supercopa dos Campeões da Libertadores em 1991-92, e Campeão da Copa do Brasil em 1993.

Na Supercopa de 91 foi avançando ao superar a Colo Colo, do Chile, nas oitavas de final (0 x 0, 0 x 0 com 4 x 3 nos pênaltis), Nacional de Montevidéu, do Uruguai, nas quartas de final (4 x 0 e 0 x 3) e Olimpia, do Paraguai, na semi-final (1 x 1, 0 x 0 com 5 x 3 nos pênaltis). A final foi contra o River Plate, seu adversário na histórica conquista da Libertadores de 1976. O Cruzeiro perdeu por 2 x 0 em Buenos Aires, mas reverteu com uma antológica vitória por 3 x 0 no Mineirão, um gol de Ademir e dois de Mário Tilico. O time titular do técnico Ênio Andrade era formado por Paulo César, Nonato, Adílson Baptista, Paulão e Célio Gaúcho; Ademir, Marco Antônio Boiadeiro e Luís Fernando; Mário Tilico, Charles Baiano e Marquinhos.

Cruzeiro Campeão da Supercopa 1991

Na Supercopa de 92 superou ao Atlético Nacional de Medelin, da Colômbia, nas oitavas de final (1 x 1 e 8 x 0) e ao River Plate, repetindo a final do ano anterior nas quartas de final (2 x 0, 0 x 2 e 5 x 4 nas penalidades). Detalhe deste jogo. Os dois gols do River Plate foram em dois pênaltis assinalados aos 44 e aos 46 minutos do segundo tempo, numa partida na qual a imprensa brasileira foi surpreendentemente proibida de entrar no estádio, avisada horas antes da partida, não podendo transmitir o jogo para o Brasil. Na semi-final, eliminou ao Olimpia, do Paraguai (1 x 0 e 2 x 2). A final foi contra o Racing, da Argentina. O Cruzeiro goleou por 4 x 0 no Mineirão, em Belo Horizonte, e perdeu por 1 x 0 em Buenos Aires. O time titular do técnico Jair Pereira era formado por Paulo César, Paulo Roberto, Luisinho, Célio Lúcio e Nonato; Douglas, Marco Antônio Boiadeiro e Luís Fernando; Renato Gaúcho, Betinho e Roberto Gaúcho.

Para ser Campeão da Copa do Brasil de 93, o Cruzeiro superou a Desportiva, do Espírito Santo (1 x 1 e 5 x 0), Náutico, de Pernambuco (0 x 1 e 2 x 0), São Paulo, nas quartas de final (2 x 1 e 2 x 2), Vasco na semi-final (3 x 1 e 1 x 1) e foi campeão batendo o Grêmio na final (0 x 0 e 2 x 1). O time titular do técnico Pinheiro era formado por Paulo César, Paulo Roberto, Róbson, Célio Lúcio e Nonato; Ademir, Rogério Lage e Éder; Cleison, Edenilson e Roberto Gaúcho.

Em duas eleições do Time de Todos os Tempos feitas pela Revista Placar, uma em 1982 e outra em 1994, os "Onze dos Sonhos" do Cruzeiro tiveram algumas mudanças. Mas eram basicamente a mescla dos times das duas eras de ouro do clube. Os eleitos por torcedores cruzeirenses na eleição feita em 1982 eram Raul; Nelinho, Procópio Cardoso, Caieira e Juvenal; Wilson Piazza e Tostão; Dirceu Lopes, Niginho, Natal e Alcides. Na eleição de doze anos depois, os torcedores cruzeirenses elegeram Raul; Nelinho, Procópio Cardoso, Perfumo e Nonato; Wilson Piazza, Zé Carlos e Tostão; Dirceu Lopes, Natal e Joãozinho. Entre os que aparecem em um e não em outro, o zagueiro José Perozzi, o Caieira, defendeu o Palestra Itália de 1933 a 1940, o lateral-esquerdo Juvenal Dias se destacou de 1933 a 1940, quando foi negociado ao Botafogo, e o ponta-esquerda Alcides Lemos brilhou pelo clube de 1934 a 1946. Já o zagueiro argentino Roberto Perfumo defendeu o Cruzeiro de 1971 a 1975, marcando uma época, e o lateral-esquerdo Nonato marcou época nas conquistas dos Anos 1990, tendo defendido o Cruzeiro de 1990 a 1997.

Ilustração do Cruzeiro dos Sonhos escolhido em 1994

O Cruzeiro viveu outro bom momento entre 1996 e 1998. Em 96 foi Campeão da Copa do Brasil, superando a Juventus do Acre (1 x 1 e 4 x 0), Vasco (6 x 2 e 1 x 1), Corinthians (4 x 0 e 2 x 3) e Flamengo (1 x 1 e 0 x 0, levando vantagem no gol marcado no campo do adversário). Na final bateu o Palmeiras (1 x 1 e 2 x 1). Os campeões: Dida, Vítor, Gelson Baresi, Célio Lúcio e Nonato; Fabinho, Ricardinho e Palhinha; Cleison, Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho. O técnico era Levir Culpi.

A grande conquista veio como Campeão da Libertadores de 1997. Nas oitavas de final bateu o El Nacional, do Equador (0 x 1, 2 x 1 e 5 x 3 nos pênaltis), nas quartas de final avançou diante do Grêmio (2 x 0 e 1 x 2), na semi-final bateu o Colo Colo, do Chile (1 x 0, 2 x 3 e 4 x 1 nos pênaltis), e na final venceu ao Sporting Cristal, do Peru (0 x 0 e 1 x 0). Os campeões da Libertadores foram: Dida, Vitor, Gélson Baresi, Wilson Gottardo e Nonato; Fabinho, Ricardinho e Palhinha; Donizete, Marcelo Ramos e Elivélton. O técnico era Paulo Autuori.


Em 98, o Cruzeiro acabou vice-campeão brasileiro, perdendo a final para o Corinthians. O time cruzeirense era formado por Dida, Ronaldo, Wilson Gottardo, Marcelo Dijan e Gustavo; Marcos Paulo, Ricardinho, Djair e Valdo, Muller e Fábio Júnior. O técnico era Levir Culpi.

O Cruzeiro voltou a ser Campeão da Copa do Brasil em 2000. Nos anos seguintes foi Bi-campeão da Copa Sul-Minas, em 2001 e 2002. Neste período o grande ídolo foi o lateral-esquerdo argentino Sorin, que vestiu a camisa cruzeirense de 2000 a 2002. Na Copa do Brasil de 2000, o time bateu a Gama, do Distrito Federal (1 x 1 e 4 x 1), Paraná Clube (2 x 0, eliminando o jogo de volta), Caxias, do Rio Grande do Sul (3 x 1 e 6 x 1), ao Atlético Paranaense (2 x 1 e 2 x 2), ao Botafogo (3 x 2 e 0 x 0), ao Santos (2 x 0 e 2 x 2) e na final ao São Paulo (0 x 0 e 2 x 1). O time campeão: André Doring, Rodrigo, Cris, Cléber e Sorin; Marcos Paulo, Ricardinho, Donizete Oliveira e Jackson Silva; Geovanni e Fábio Júnior. O técnico era Marco Aurélio.

Em 2003, a Tríplice Coroa: Campeão Mineiro, Campeão da Copa do Brasil e Campeão Brasileiro. No Brasileiro, o primeiro sob o sistema de pontos corridos, fez impressionantes 100 pontos, treze a mais do que o vice-campeão Santos. Na Copa do Brasil, foi campeão superando ao Rio Branco, do Espírito Santo (4 x 2, sem necessidade de jogo de volta), Corinthians do Rio Grande do Norte (2 x 2 e 7 x 0), Vila Nova, de Goiás (2 x 0 e 2 x 1), Vasco (2 x 1 e 1 x 1), Goiás (3 x 2 e 2 x 1), e na final ao Flamengo (1 x 1 e 3 x 1). O time histórico de 2003: Gomes, Maurinho, Cris, Edu Dracena e Leandro; Maldonado, Augusto Recife, Wendel e Alex, Mota e Aristizábal, com o técnico Vanderlei Luxemburgo.

Cruzeiro de 2003 - Tríplice Coroa

Em 2006, a Revista Placar voltou a organizar a eleição do Time dos Sonhos. Os eleitos tiveram uma pequena variação em relação aos escolhidos doze anos antes, foram eles: Raul; Nelinho, Procópio, Perfumo e Sorín; Wilson Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Tostão, Palhinha e Joãozinho. O técnico eleito foi Vanderlei Luxemburgo. A única novidade foi a entrada no time do lateral-esquerdo argentino Juan Pablo Sorin.

Ilustração do Cruzeiro dos Sonhos escolhido em 2006

Em 2010 a Editora Maquinária convidou cruzeirenses ilustres para eleger os Dez Mais de Todos os Tempos, os escolhidos foram: Niginho, Tostão, Wilson Piazza, Dirceu Lopes, Raul, Natal, Nelinho, Joãozinho, Juan Pablo Sorín e Alex.

Alex

No ano de 2010, o Cruzeiro foi vice-campeão brasileiro. O time cruzeirense tinha a Fábio, Jonathan, Edcarlos, Cláudio Caçapa e Diego Renan; Fabrício, Marquinhos Paraná, Henrique e Montillo; Roger e Thiago Ribeiro, com Cuca como treinador. O time fez 69 pontos, dois a menos do que o campeão Fluminense.

Era o início de anos fantásticos para o Cruzeiro, sob o comando do treinador Marcelo Oliveira, o time mineiro foi Bi-campeão Brasileiro 2013-14. Em 2013 terminou o Campeonato Brasileiro com 76 pontos, onze a mais do que o vice-campeão Grêmio. Os titulares campeões em 2013 eram Fábio, Mayke, Bruno Rodrigo, Dedé e Egídio; Nilton, Lucas Silva e Ricardo Goulart; Willian, Everton Ribeiro e Borges. A base do time era muito parecida no Brasileiro 2014, quando os cruzeirenses terminaram o torneio com 80 pontos, dez a mais do que o vice-campeão São Paulo. Os titulares eram Fábio, Mayke, Léo, Dedé e Egídio; Nilton, Lucas Silva e Ricardo Goulart; Willian, Everton Ribeiro e Marcelo Moreno.




Série Os 12 Grandes do Futebol Brasileiro







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