Os 12 maiores clubes do futebol brasileiro, com mais tradição histórica e maior quantidade de jogadores cedidos à Seleção Brasileira estão geograficamente distribuídos pelo país da seguinte forma: quatro em São Paulo, cidade economicamente mais rica do Brasil, sendo três na capital (Corinthians, São Paulo e Palmeiras) e um no litoral (Santos), quatro no Rio de Janeiro (Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo), dois rivais de Belo Horizonte (Cruzeiro e Atlético Mineiro), e dois rivais de Porto Alegre (Grêmio e Internacional).
Na capital do Estado de Minas Gerais está o Clube Atlético Mineiro, carinhosamente chamado de Galo. O Atlético foi fundado em 1908, mas disputou sua primeira partida oficial somente em 1914, antes disto jogou apenas partidas amistosas. Já em 1915 sagrou-se pela primeira vez Campeão Mineiro.
Até os Anos 1950, o futebol de Minas Gerais tinha menor expressão no cenário nacional, que era dominado pelas equipes do Rio de Janeiro e de São Paulo. No Campeonato Mineiro, o Atlético reinava soberano. Até 1958 o Galo tinha sido 20 vezes Campeão Mineiro (1915, 1926, 1927, 1931, 1932, 1936, 1938, 1939, 1941, 1942, 1946, 1947, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956 e 1958), com direito à conquista do título de Pentacampeão Mineiro (1952-53-54-55-56). O clube reinava absoluto em Minas nos Anos 1950, tendo sido sete vezes campeão em nove edições do Campeonato Mineiro.
Os dois grandes ídolos da história do clube até então eram Mário de Castro, centroavante atleticano entre 1926 e 1931, e Guaracy Januzzi, o Guará, que sucedeu ao primeiro no posto de centroavante, goleador e ídolo dos torcedores do Atlético, onde jogou de 1933 a 1940.
Seu principal rival até então era o América Mineiro, que tinha 12 títulos do Campeonato Mineiro acumulados até 1958, seguido pelo Cruzeiro, que tinha apenas 8 conquistas. Foi a partir da virada para os Anos 1960 que o Cruzeiro emergiu, assumindo o posto de principal rival do Atlético, e conseguindo ser a primeira equipe mineira a ter projeção nacional diferenciada, furando a bipolaridade Rio-São Paulo, até então absolutamente hegemônica.
O primeiro grande time da história do Galo foi aquele que foi Bi-campeão Mineiro em 1946-47. Os titulares eram Kafunga; Murilo Silva e Afonso; Mexicano, Zé do Monte e Carango; Lucas Miranda, Lauro, Carlyle, Lero e Nívio. E o treinador desta equipe era Félix Magno.
Nos Anos 1950, o Atlético Mineiro dominou o futebol de Minas Gerais. Sagrou-se Pentacampeão Mineiro em 1952-53-54-55-56. As formações foram mudando ao longo de cada ano desta sequência de títulos, na qual a formação mais marcante teve: Zeca (Sinval), Afonso e Osvaldo; Geraldino, Zé do Monte (Múcio) e Haroldo; Joel, Gastão, Tomazinho, Ubaldo e Amorim. Nos primeiros anos da sequência do penta, o treinador era Abdo Arges, médico de formação, e que na sequência assumiu o Departamento Médico do clube, quando, em 1954, foi contratado o técnico uruguaio Ondino Vieira, que antes já havia treinado a Vasco, Fluminense, Botafogo e Palmeiras. Em 1955 e 1956, o treinador foi outro uruguaio, Ricardo Díez. Entre 1954 e 55, este time teve também a Orlando Pingo de Ouro, ex-jogador da Seleção Brasileira, que chegou ao Galo após rápida passagem pelo Santos e depois de dez anos brilhando pelo Fluminense. E também fez parte do grupo atleticano o ponta-esquerda Paulo Valentim, que jogou no Atlético de 1954 a 1956, quando foi comprado pelo Botafogo, tendo posteriormente, em 1959, vestido a camisa da Seleção Brasileira. O ícone deste penta era o centroavante Ubaldo Miranda, que atuou pelo clube de 1950 a 1955, depois foi para o Rio de Janeiro, jogar no Bangu, e voltou em 1958, ficando até 1960.
O Atlético venceu um quadrangular contra Internacional, Santos e Vasco - a 3ª fase do Brasileiro de 71 - conquistando o direito de disputar o triangular final, que definiria o campeão, contra São Paulo e Botafogo. O Galo venceu a primeira partida no Mineirão por 1 x 0, com um gol de Oldair aos 30 minutos do segundo tempo, viu os são paulinos golearem o Botafogo por 4 x 1 no Morumbi. Bastava então um empate contra os botafoguenses no Maracanã para a conquista do título. Mas a histórica conquista veio com vitória, 1 x 0, gol de Dario, o Dadá Maravilha, aos 16 minutos do segundo tempo. O Atlético podia finalmente ser visto como grande no cenário nacional.
E os Anos 1970 marcariam o início de uma Era de Ouro Atleticana no período entre 1976 e 1983 na qual surgiu o maior time do Atlético Mineiro até então. Ainda que tenha sido uma equipe histórica, não conseguiu ser campeã brasileira, tendo o título lhe escapado por pouco em duas oportunidades. A fórmula começou a funcionar na conquista do Campeonato Mineiro de 1976. No ano seguinte, o time foi vice-campeão nacional.
O time de 77 era formado por João Leite, Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro e Marcelo Oliveira, Serginho, Caio e Ziza. O treinador era João Lacerda, o Barbatana. Na 3ª fase, que era efetivamente quando o campeonato começava para valer, pois só então ficava mais competitivo, o Galo venceu um hexagonal contra Cruzeiro, Botafogo, Bahia, América de Natal e Fast, do Amazonas. Avançou à semi-final, quando enfrentaria o surpreendente Londrina, do Paraná, que havia vencido um grupo no qual estavam Flamengo, Corinthians, Vasco e Santos. No primeiro jogo o Galo venceu por 4 x 2 e no segundo empatou em 2 x 2. A final foi contra o São Paulo. Os dois jogos terminaram empatados em 0 x 0, com a final do Campeonato Brasileiro sendo decidida, pela primeira vez na história, numa disputa por pênaltis. O São Paulo fez 3 x 2 e sagrou-se campeão.
Mantendo a boa fase, em 1978 o Atlético foi novamente campeão mineiro, iniciando a sequência que lhe deu o status de Hexa-Campeão Mineiro em 1978-79-80-81-82-83. A base deste time era formada por João Leite, Orlando, Osmar, Luizinho e Jorge Valença, Chicão, Toninho Cerezo e Palhinha, Pedrinho, Reinaldo e Éder. Vários nomes deste grupo estiveram presentes nas Copas do Mundo de 1978 e 1982. O técnico deste período era Procópio Cardoso.
No Brasileiro de 1980, o Atlético venceu o quadrangular da 3ª fase contra Vasco, Fluminense e São Paulo. Na semi-final, duelo contra o Internacional, com empate em 1 x 1 no primeiro jogo e vitória por 3 x 0 no segundo. O adversário na final era o Flamengo, que por ter tido melhor campanha, tinha a vantagem do empate. Na primeira partida, no Mineirão, o Galo venceu por 1 x 0. Depois, no Maracanã, manteve o empate que lhe daria o título até os 37 minutos do segundo tempo, quando Nunes sacramentou um 3 x 2 definitivo que deu o título ao rival.
Reinaldo
O Atlético dominou o futebol mineiro nos Anos 1980, ainda voltando a ser bi-campeão duas vezes, em 1985-86 e em 1988-89. A estrela do time neste período era um ídolo do rival Cruzeiro, o lateral-direito Nelinho, que jogou com a camisa azul de 1973 a 1982, quando chegou ao Atlético, já com 32 anos, e onde ficou até 1987.
Em duas eleições do Time de Todos os Tempos feitas pela Revista Placar, uma em 1982 e outra em 1994, os "Onze dos Sonhos" do Atlético foram quase os mesmos. Os eleitos por torcedores atleticanos na eleição feita em 1982 eram Kafunga; Mexicano, Murilo, Luisinho e Haroldo; Toninho Cerezo, Zé do Monte, Lucas e Carlyle; Reinaldo e Éder. Na eleição de doze anos depois, os torcedores atleticanos só mudaram um nome, tendo os eleitos sido Kafunga; Mexicano, Murilo, Luisinho e Cincunegui; Toninho Cerezo, Zé do Monte, Lucas e Carlyle; Reinaldo e Éder. Entre os grandes ídolos da história estavam o goleiro Olavo Leite Bastos, o Kafunga, que defendeu a meta do Galo de 1935 a 1954, o lateral-direito Alfredo Lúcio de Moura, o Mexicano, que defendeu o Atlético de 1946 a 1948, o zagueiro Murilo Silva, que vestiu as cores do clube de 1944 a 1956, o cabeça de área Zé do Monte, atleticano de 1946 a 1956, e Carlyle, que foi o principal nome do Atlético de 1947 a 1949, quando acabou contratado pelo Fluminense. A única diferença foi na lateral-esquerda, onde a primeira eleição escolheu Haroldo Costa, lateral entre 1948 e 1960, e a segunda escolheu o uruguaio Héctor Cincunegui, que brilhou pelo clube de 1968 a 1973.
Ilustração do Atlético dos Sonhos escolhido em 1994
Nos Anos 1990 a história do Atlético Mineiro ficou marcada pela Copa Conmebol, competição que foi a antecessora da Copa Sul-Americana. O time atleticano foi Campeão da Copa Conmebol de 1992. Superou ao Fluminense nas oitavas de final (1 x 2 e goleada implacável por 5 x 1), nas quartas ao Junior de Barranquilla, da Colômbia (2 x 2 e 3 x 0), na semi-final ao El Nacional, do Equador (0 x 1 na altitude de Quito e 2 x 0) e na final venceu o Olimpia, do Paraguai, vencendo por 2 x 0 em Belo Horizonte e sendo derrotado por 1 x 0 em Assunção. O time do Galo tinha João Leite, Alfinete, Luís Eduardo, Ryuler e Paulo Roberto; Éder Lopes, Moacir e Negrini; Sérgio Araújo, Ailton e Claudinho, com Procópio como técnico.
Em 1995 o Atlético voltou à final da Copa Conmebol, venceu o Rosário Central por 4 x 0 no Mineirão, estando muito perto do título, mas levou uma goleada de 4 x 0 na Argentina e perdeu por 4 x 3 nos pênaltis, ficando com o vice. Dois anos depois voltou mais uma vez à final, desta vez sagrando-se Campeão da Copa Conmebol de 1997. Superou à Portuguesa de Desportos nas oitavas de final (4 x 1 e 0 x 0), nas quartas ao América de Cali, da Colômbia (2 x 1 e 1 x 1), na semi-final ao Universitário de Lima, do Peru (2 x 0 e 4 x 0) e na final venceu ao Lanus, da Argentina, vencendo por 4 x 1 em Belo Horizonte e empatando por 1 x 1 em Buenos Aires, num jogo que terminou em pancadaria generalizada. O time do Galo tinha Taffarel, Bruno, Sandro Blum, Sandro Barbosa e Dedê; Roberto, Doriva, Jorginho Cantinflas e Hernani; Marques e Valdir Bigode, com Emerson Leão como técnico.
A última grande equipe atleticana nos Anos 1990 foi a que acabou Vice-campeã Brasileira em 1999. O time terminou a 1ª fase em 7º lugar. O destino lhe reservou um duelo contra o rival Cruzeiro no início dos play-offs, valendo pelas quartas de final. Os cruzeirenses tiveram a 2ª melhor campanha na 1ª fase, mas o Galo não lhes deu chance, vencendo duas vezes, por 4 x 2 e 3 x 2. Na semi-final, duelo contra o Vitória, da Bahia, dono da 6ª melhor campanha na 1ª fase. O Atlético venceu por 3 x 0 em Belo Horizonte, perdeu por 2 x 1 em Salvador, mas avançou pelo saldo de gols. Na final, melhor de três jogos contra o Corinthians, time de melhor campanha na 1ª fase. O Atlético venceu por 3 x 2 no Mineirão, perdeu por 2 x 0 no Morumbi, precisava da vitória no terceiro jogo, mas não saiu de um zero a zero. Aquele time tinha a Humberto Ramos como técnico, e era formado por Veloso, Bruno, Cláudio Caçapa, Galván e Ronildo; Gallo, Valdir, Belleti e Robert; Marques e Guilherme.
Como nem só de glórias é construída a história, o Atlético acabou rebaixado à 2ª divisão no Brasileiro de 2005. Ficou um ano na Série B, da qual se sagrou campeão em 2006, voltando à elite.
Em 2006, a Revista Placar voltou a organizar a eleição do Time dos Sonhos. Os eleitos tiveram uma pequena variação em relação aos escolhidos doze anos antes, foram eles: João Leite, Nelinho, Luizinho, Vantuir e Cincunegui; Oldair, Toninho Cerezo e Paulo Isidoro; Reinaldo, Dario e Éder. O técnico eleito foi Telê Santana.
Ilustração do Atlético dos Sonhos escolhido em 2006
Em 2010 a Editora Maquinária convidou atleticanos ilustres para eleger os Dez Mais de Todos os Tempos, os escolhidos foram: Mário de Castro, Guará, Kafunga, Ubaldo, Dadá Maravilha, Toninho Cerezo, Reinaldo, Éder, Luizinho e Marques.
No Campeonato Brasileiro de 2012, o Atlético foi mais uma vez vice-campeão brasileiro. Terminou o torneio de pontos corridos com 72 pontos, atrás do Fluminense, campeão com 77 pontos, e a frente do Grêmio, que terminou com 71 pontos. O time do técnico Cuca tinha a Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Júnior César; Leandro Donizete, Pierre, Richarlyson e Ronaldinho Gaúcho; Bernard e Jô. Era o embrião da equipe que daria ao Galo, no ano seguinte, o maior título de sua história.
Ronaldinho Gaúcho
O Atlético Mineiro foi Campeão da Libertadores 2013. E com uma campanha heróica! Nas oitavas de final superou ao São Paulo (2 x 1 e 4 x 1). Nas quartas de final encarou ao Tijuana, do México. Empate em 2 x 2 no jogo no Hemisfério Norte e empate em 1 x 1 no Estádio Independência, que havia se tornado a casa do Galo. Dramaticidade total, pois a classificação só aconteceu porque Victor defendeu um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo, no último lance da partida.
Se já não bastasse tanta emoção, o Atlético marcou a conquista com duas viradas heróícas nas duas fases finais. Na semi-final, perdeu por 2 x 0 para o Newell's Old Boys na Argentina. Venceu por 2 x 0 no Independência, no bairro do Horto, em Belo Horizonte, e venceu nos pênaltis por 3 x 2. Na final, contra o Olimpia, nova derrota por 2 x 0 em Assunção, e nova reversão, com vitória por 2 x 0, com o gol derradeiro vindo em cabeçada do zagueiro Leonardo Silva aos 42 minutos do segundo tempo. Vitória nos pênaltis por 4 x 3 e a sacramentação definitiva do lema "Caiu no Horto, tá morto!". O time campeão era formado por Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Richarlyson; Pierre, Josué e Ronaldinho Gaúcho; Bernard, Diego Tardelli e Jô. O técnico era Cuca. No fim do ano, no Mundial de Clubes, acabou sofrendo uma surpreendente derrota para o Raja Casablanca, do Marrocos, na semi-final.
Mantendo a epopéia de históricas viradas no Independência, sempre revertendo um resultado negativo de 2 x 0, o Atlético Mineiro voltou a obter uma conquista marcante, sendo Campeão da Copa do Brasil de 2014. Superou ao Palmeiras nas oitavas (1 x 0 e 2 x 0). Nas quartas, perdeu por 2 x 0 para o Corinthians em São Paulo, mas reverteu com um histórico 4 x 1 no Horto. Repetiu a dose na semi-final contra o Flamengo, perdeu por 2 x 0 no Rio de Janeiro, mas reverteu com um outro histórico 4 x 1 no Horto. A final foi ainda mais inesquecível, porque foi diante do rival Cruzeiro, que naquele ano se sagrava campeão brasileiro. Duas vitórias: 2 x 0 e 1 x 0. Mais um título épico! Os campeões, comandados pelo técnico Levir Culpi, formavam com Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Leandro Donizete, Josué e Jesus Dátolo; Luan, Diego Tardelli e Carlos. Era a consagração da 2ª Era de Ouro Atleticana no período entre 2012 e 2014.
Série Os 12 Grandes do Futebol Brasileiro
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