segunda-feira, 20 de julho de 2015

A morte de Alcides Ghiggia




Assim relatou o jornal uruguaio El Pais: Nesta quinta-feira, 16 de julho, exatamente quando se completam 65 anos do Maracanazo, Alcides Edgardo Ghiggia morreu de um ataque cardíaco aos 88 anos. O jogador fez história ao decidir, aos 79 minutos da final, a Copa do Mundo em 1950, quando contra todas as probabilidades, os uruguaios se impuseram contra o anfitrião Brasil, em um jogo dramático disputado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. O autor do histórico gol do Maracanazzo, que deu o segundo título mundial à seleção uruguaia no Brasil, faleceu exatamente no dia em que o confronto completou 65 anos. Ghiggia era o último jogador vivo daquela equipe campeã em 1950.

A derrota ainda assombra o Maracanã, como uma maldição, e foi um ato de fundação para o Uruguai, que apesar de sua pequena população tem 2 Copas do Mundo e 15 Copa Américas.

Ghiggia conseguiu marcar gol do jogo contra o Brasil, mergulhando a torcida brasileira em um silêncio profundo que ainda é lembrado como um momento de drama. "Só três pessoas na história conseguiram calar o Maracanã com um único gesto: o Papa, Frank Sinatra e eu", repetia ele toda a sua vida. Fez parte de uma equipe mítica. Depois de seu feito, jogou na Itália e depois voltou para seu país para jogar por clubes como Peñarol e Danubio.

Em seus últimos anos, Ghiggia viveu na cidade de Las Piedras, no bairro de Canelones, onde controlava um supermercado modesto. Suas aparições públicas foram freqüentes e vinham para assistir jogos no Estádio Centenário, em Montevidéu, onde foi sempre aclamado pelo público como um herói.

Alcides Edgardo Ghiggia foi velado no dia seguinte no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo, em Montevidéu, Uruguai, onde o povo uruguaio deu adeus aos grandes homens e mulheres da sua história. A Associação Uruguaia de Futebol (AUF) suspendeu todas as suas atividades por três dias, em sinal de luto.

Menos de uma hora depois da notícia da morte, a Confederação Brasileira de Futebol emitiu um comunicado expressando "solidariedade com os irmãos uruguaios". A integra da nota: “A CBF presta sua solidariedade aos irmãos uruguaios pela morte de Alcides Edgardo Ghiggia, campeão mundial de 1950. Autor do gol do título do Uruguai na Copa do Mundo realizada no Brasil, Ghiggia se notabilizou pelo desempenho em campo e extremo respeito pela tristeza do povo brasileiro com a derrota em 50. Hoje, o futebol do mundo inteiro chora a sua partida. Descanse em paz”.

O ex-presidente uruguaio José Mujica disse que "o nome Ghiggia será inesquecível", porque "não há dúvida de que o objetivo marcado a maior façanha esportiva na história do Uruguai e, provavelmente, o maior feito que pode ter escrito". O senador Mujica recordou que ouviu o final da Copa do Mundo de 1950 em "um rádio velho Edison, aqueles de lâmpada grande e mobiliário quadrado". "Todo Uruguai estava vibrando como um louco e passou pelas ruas. Eu nunca vi tanta alegria e explosão na sociedade uruguaia. Eu nunca vi resumida em uma cidade tanta alegria", disse o presidente do Uruguai Portal Montevidéu.

Eduardo Ache, presidente do Nacional, um dos principais times de futebol do Uruguai, disse que Ghiggia demonstrou "que no futebol tudo é possível, não existem grandes e pequenos, que, com esforço e sacrifício pode-se ganhar".

"Nem mesmo o mais perfeito diretor de cinema poderia ter encontrado um final com este resultado para o Maracanazo. Dos 44 jogadores que no dia 16 de julho de 1950 - 22 estavam no campo e 22 na galeria - o único sobrevivente daquele grupo de homens era ele. Apenas ele, o melhor jogador do mundo, porque ele foi o único jogador que fez gols nos quatro jogos disputados pelo Uruguai naquela Copa. Então Ghiggia morre em uma rodada de aniversário daquele feito, 65 anos, estando definitivamente, para sempre, ligado a essa façanha", disse o escritor Atilio Garrido, autor do livro "Maracanã, a história secreta".

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