terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A desesperança e os fantasmas com a Copa de 2014: o fracasso na Copa América 2011

A FIFA escolheu o Brasil como sede da 20ª Copa do Mundo de futebol de 2014. Depois das eliminações nas quartas de final da Copa de 2006 para a França e na Copa de 2010 para a Holanda, ruiu a soberba do futebol brasileiro, que após um período intenso em conquistas entre 1994 e 2002, havia se julgado insuperável.

As derrotas deram um choque de realidade, mostrando, ou relembrando, o quão difícil era chegar ao degrau máximo de um Mundial. Não havia otimismo no país para 2014. O peso da eventualidade de perder outra Copa em seu território, como em 1950, era um fantasma no subconsciente brasileiro; ainda mais quando o melhor jogador do mundo daquele momento vestia a camisa da Argentina: Lionel Messi. Depois do Maracanazo perante o Uruguai, a história se repetiria com uma derrota para a Argentina? A maioria acreditava que não, porque o que se escutava pelas ruas é que o Brasil desta vez não tinha um time de qualidade suficiente para sequer estar presente novamente numa final.

Dunga não resistiu ao mau resultado na África do Sul, a CBF decidiu trocar o treinador. A intenção era contar com Muricy Ramalho, treinador tri-campeão brasileiro com o São Paulo em 2006-2007-2008, mas ele recusou o convite, pois não queria romper o contrato com o clube onde estava então trabalhando, o Fluminense. O escolhido, então, foi novamente um gaúcho, Mano Menezes, que havia feito bons trabalhos a frente de Grêmio e Corinthians.

Mais uma vez a escola de jogo que comandaria a seleção seria a gaúcha, que reinava soberana no cenário nacional desde que Luiz Felipe Scolari conquistou a Copa do Mundo de 2002. Uma escola tradicionalmente adepta de um sistema defensivo forte, de um meio-campo sobrecarregado de marcadores, e de uma menor força ofensiva. Sempre foi assim que jogaram os times do Rio Grande do Sul. E como desde a conquista da Copa de 1994, a corrente dominante de pensamento no futebol brasileiro era a de que o importante era vencer, fosse jogando feio ou bonito, o pragmatismo deste estilo de jogo era o que prevalecia nos clubes brasileiros e na seleção.

O trabalho de Mano Menezes arrancou com uma seqüência de bons resultados no segundo semestre de 2010, a Seleção Brasileira venceu três amistosos: 2 x 0 nos Estados Unidos, 3 x 0 em Omã, e 2 x 0 na Ucrânia. Seus titulares nesta arrancada rumo à Copa de 2014: Victor (Grêmio), Daniel Alves (Barcelona, Espanha), Thiago Silva (Milan, Itália), David Luiz (Benfica, Portugal) e André Santos (Fenerbahce, Turquia), Lucas Leiva (Liverpool, Inglaterra), Ramires (Chelsea, Inglaterra) e Elias (Corinthians), Robinho (Milan, Itália), Alexandre Pato (Milan, Itália) e Neymar (Santos). Uma equipe com uma média de idade bem inferior à do time titular na Copa de 2010.

Os dois primeiros revés vieram nos dois amistosos seguintes, com duas derrotas por 1 x 0, para a Argentina, jogando em Doha, no Qatar, e para a França, jogando em Paris. Os primeiros questionamentos logo surgiram: o time só vencia adversários que não estavam nas primeiras posições do ranking da FIFA.

E os resultados nos amistosos seguintes não reverteram esta impressão: vitórias por 2 x 0 sobre a Escócia e por 1 x 0 sobre a Romênia, e um empate sem gols com a Holanda. O fato de não vencer os adversários de ponta do futebol mundial alimentava o fantasma de ser derrotado em uma Copa do Mundo em pleno Brasil. Seguindo o rumo destes resultados, o desempenho em 2014 repetiria o que foi visto nas Copas de 2006 e 2010.

Antes de seguir adiante com o projeto, uma parada para disputar a Copa América 2011, na Argentina. E o desempenho na primeira fase indicava que o resultado que estava por vir não deveria ser bom. O time que jogou a competição era a mesma base que jogou os primeiros amistosos com Mano, acrescida de dois novos titulares: o experiente Lúcio estava de volta para formar a dupla de zaga com Thiago Silva, e Paulo Henrique Ganso ganhou a camisa 10. Estava em campo o time que imprensa e torcida cobravam que gostariam de ter visto como sendo o titular na Copa de 2010.


Na estréia, o Brasil empatou sem gols com a Venezuela. No segundo jogo, saiu na frente do Paraguai, mas tomou a virada. Aos 44 minutos do segundo tempo, porém, o centroavante Fred, do Fluminense, que havia entrado na etapa final, empatou e salvou a seleção. No último jogo, vitória sobre o Equador por 4 x 2 e a classificação, mas ainda jogando um futebol que deixava a desejar.

O Brasil avançou e voltou a se deparar com o Paraguai, agora pelas quartas de final. Mais uma vez não teve uma grande atuação, terminando o jogo num empate sem gols que levava a decisão para a cobrança de pênaltis.

O histórico do Brasil em disputas de penalidades era positivo. Haviam sido até ali dez disputas na história e sete vitórias, e a última derrota havia sido dezesseis anos antes, na final da Copa América de 1995 para a Uruguai. Desde então a seleção havia disputado quatro vezes e vencido todas, duas delas com Júlio César no gol.

Só que naquele dia os jogadores brasileiros estavam fadados a conseguir uma façanha. Elano perdeu a primeira cobrança, mas o Paraguai também perdeu. Mas na seqüência, Thiago Silva, André Santos e Fred também perderam suas cobranças, com os paraguaios convertendo as suas e vencendo por incríveis 2 x 0!

Os donos da casa, a Argentina, também não faziam boa campanha. O time de Lionel Messi, Carlos Tévez, Aguero, Di Maria e Higuaín empatou com Bolívia e Colômbia na primeira fase, terminando em segundo em seu grupo, e forçando um encontro com o Uruguai já nas quartas de final. Depois de um empate no tempo normal, os uruguaios eliminaram os argentinos nos pênaltis. Na final, a Celeste, de Diego Forlán e Luís Suarez, venceu o Paraguai por 3 x 0 e se sagrou campeã novamente após 16 anos sem título.

Apesar do fracasso na competição continental, Mano Menezes fez poucas mudanças na equipe que seguia sua preparação visando 2014. Ganso, porém, cedeu a titularidade no meio para Jádson, jogador do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.

Mas os resultados ainda eram pouco convincentes. No primeiro amistoso após a Copa América, a seleção perdeu por 3 x 2 para a Alemanha, em Stuttgart. Depois venceu a Gana, Costa Rica, México, Gabão e Egito. A sina continuava, o time de Mano Menezes não conseguia vencer as seleções melhores colocadas no ranking mundial, e só obtinha vitórias contra aquelas que se encontravam em posição intermediária.

Para minimizar um pouco a impressão de que o time era incapaz de vencer adversários do topo do ranking da FIFA, houve a conquista da primeira edição do Superclássico das Américas, uma versão modernizada da Copa Roca, mas na qual as duas seleções, brasileira e argentina, só utilizavam jogadores que atuavam na América do Sul, sem suas principais estrelas que atuavam no futebol da Europa. O Brasil empatou sem gols em Córdoba e venceu por 2 x 0 em Belém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário