Depois de tempos de instabilidade
no primeiro ano de trabalho de Carlos Alberto Parreira em sua volta à posição
de técnico da Seleção Brasileira, iniciou-se um breve período no qual o Brasil
reinou em termos de resultado.
Os dias de glória se iniciaram
ainda em 2003 com a conquista dos títulos mundiais nas categorias de base. Com
esta conquista, o Brasil unificou o título de todas as principais categorias da
FIFA. Foi campeão da Copa do Mundo de 2002, e no ano seguinte levantou os
troféus do Mundial Sub-17 e do Mundial Sub-20, em ambos os torneios vencendo a
Espanha por 1 x 0 na final.
Foi o quarto título mundial no
Sub-20 na história do Brasil. O time, treinado por Marcos Paquetá, jogava com:
Jefferson (Botafogo), Daniel Alves (Sevilla, Espanha), Alcides (Schalke 04,
Alemanha), Adailton (Vitória) e Adriano Correia (Coritiba), Carlos Alberto
(Figueirense), Dudu Cearense (Vitória) e Juninho Arcanjo (Atlético Mineiro),
Daniel Carvalho (Internacional), Nilmar (Internacional) e Kleber Gladiador (São
Paulo). Uma equipe que teve vários jogadores que conseguiram se destacar e
chegar à seleção principal, como foram os casos de Jefferson, Daniel Alves,
Adriano Correia e Nilmar.
Já a seleção principal seguia
disputando as Eliminatórias para a Copa de 2006 e ainda tinha pela frente a
Copa América, que seria disputada no Peru. No começo de 2004 fez quatro
amistosos preparatórios na Europa, empatou sem gols com o Eire e com a França,
e goleou Hungria (4 x 1) e Catalunha (5 x 2). Já nas Eliminatórias, depois de
duas vitórias e dois empates nas quatro primeiras rodadas, o Brasil empatou sem
gols com o Paraguai, em Assunção, e venceu a Argentina por 3 x 1 em Belo
Horizonte, num dia em que Ronaldo brilhou e marcou três gols. O Fenômeno
entrava para o seleto grupo de jogadores que fizeram mais de 60 gols com a
camisa canarinho, só Pelé e Zico haviam logrado este feito até então. Na rodada
seguinte, a última antes da Copa América, um empate por 1 x 1 com o Chile, em
Santiago. A Seleção Brasileira ainda venceria a Bolívia por 3 x 1, em São
Paulo, e a Venezuela por 5 x 2, em Maracaíbo. Com cinco vitórias e quatro
empates, o time canarinho terminou o turno invicto e com a classificação ao
Mundial bem encaminhada, naquela que era a primeira vez na história na qual o
campeão participava das Eliminatórias seguintes. E o Brasil mostrava porque era
o campeão mundial.
A seleção titular de Parreira em
2004 tinha algumas mudanças em relação ao time titular no ano anterior. O time
mais utilizado nas Eliminatórias em 2004: Dida (Milan, Itália), Cafu (Milan,
Itália), Juan (Bayer Leverkusen, Alemanha), Roque Júnior (Siena, Itália) e
Roberto Carlos (Real Madrid, Espanha), Edmílson (Lyon, França), Juninho
Pernambucano (Lyon, França), Zé Roberto (Bayern Munique, Alemanha) e Kaká
(Milan, Itália), Ronaldinho Gaúcho (Barcelona, Espanha) e Ronaldo (Real Madrid,
Espanha). Kaká, Juninho e Roque Júnior haviam tomado as posições de Rivaldo,
Emerson e Lucio, e Edmilson, jogando como cabeça de área e não como zagueiro,
como jogou em 2002, barrou Gilberto Silva.
Para a Copa América, o Brasil foi
sem seus principais jogadores, jogando com: Júlio César (Flamengo), Maicon
(Mônaco, França), Juan (Bayer Leverkusen, Alemanha), Luisão (Benfica, Portugal)
e Gustavo Nery (São Paulo), Renato (Santos), Kléberson (Manchester United,
Inglaterra), Edu Gaspar (Arsenal, Inglaterra) e Alex (Cruzeiro), Adriano
(Internazionale, Itália) e Luís Fabiano (São Paulo).
Na 1ª fase, jogando em Arequipa,
o Brasil venceu a Chile (1 x 0) e Costa Rica (4 x 1), mas perdeu do Paraguai (2
x 1), avançando em segundo lugar. Pegou o México nas quartas de final e se
impôs, goleando por 4 x 0, no dia em que Adriano, o Imperador, começou a
brilhar com a camisa verde e amarela, fazendo dois gols e infernizando a defesa
adversária.
Veio a semi-final contra o
Uruguai. Jogo muito difícil, como não poderia deixar de ser. Marcelo Sosa abriu
o placar para os uruguaios no primeiro tempo. Adriano empatou no início do
segundo. A partida terminou empatada e foi para pênaltis, disputa da qual o
Brasil já havia se libertado do trauma de eliminações passadas. No gol não
estava mais Taffarel, rei da defesa de penalidades, mas Júlio César defendeu a
quarta cobrança uruguaia, de Vicente Sánchez, e o Brasil venceu por 5 x 3,
avançando para a final.
A final era Brasil x Argentina. E
seria mais um duelo épico entre os dois grandes rivais históricos. Brasileiros
e argentinos não se enfrentavam na final de um torneio continental desde 1959,
no polêmico duelo que fez o Brasil se manter fora da disputa sul-americana por
mais de uma década. A Argentina, assim como a Seleção Brasileira, estava
desfalcada de seus principais jogadores que atuavam na Europa, mas tinha uma
equipe forte, com Javier Zanetti, Javier Mascherano, Andrés D’Alessandro e
Carlos Tévez.
Logo aos 21 minutos do primeiro
tempo o meia-atacante Kily González colocou 1 x 0 no placar. Aos 46 minutos da
primeira etapa, o zagueiro Luisão, de cabeça, empatou para o Brasil. O segundo
tempo se arrastou tenso até que aos 42 minutos a zaga brasileira vacilou e
César Delgado estufou as redes. Para todos, foi um tiro derradeiro. De imediato
os jogadores brasileiros tiveram que ouvir as provocações argentinas, que davam
a taça como conquistada.
A Seleção Brasileira construiu
sua história provando por diversas vezes que não pode ser menosprezada nunca, ao
melhor estilo do lema construído pela recuperação de Ronaldo em 2002: “eu sou
brasileiro e não desisto nunca”. Poucos teriam força para reerguer-se
emocionalmente depois de levar um gol aos 42 do segundo tempo. Mas aos 48
minutos uma bola foi alçada à área, Adriano dominou e girou, chutando fora do
alcance do goleiro Abbondanzieri. Incrível! Quase inacreditável! Brasil 2 x 2
Argentina. Partida a ser decidida mais uma vez nos pênaltis.
Júlio César defendeu logo as duas
primeiras cobranças, de D’Alessandro e do zagueiro Gabriel Heinze, decidindo a
disputa. Brasil 4 x 2. O Brasil não perdeu nenhum pênalti nos dois jogos
decisivos contra Uruguai e Argentina, cobrou nove e marcou nove gols. Brasil
Campeão da Copa América 2004. Sétimo título sul-americano que era canarinho.
Envolvido com a disputa das
Eliminatórias, o Brasil jogava poucos amistosos, fez só quatro entre a Copa
América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005, empatando em 1 x 1 com a
Alemanha, em Berlim, e goleando a Haiti (6 x 0), Hong Kong (7 x 1) e Guatemala
(3 x 0).
Nas Eliminatórias, no returno, a
Seleção Brasileira empatou sem gols com a Colômbia, em Maceió, perdeu por 1 x 0
para o Equador na altitude de Quito, venceu o Peru por 1 x 0, em Goiânia,
empatou em 1 x 1 com o Uruguai, em Montevidéu, e goleou o Paraguai por 4 x 1 em
Porto Alegre. Veio então a segunda derrota, por 3 x 1 para a Argentina, em
Buenos Aires. Depois da parada para a Copa das Confederações, o time fez seus
três últimos jogos, goleando ao Chile por 5 x 0 em Brasília, empatando em 1 x 1
com a Bolívia na altitude de La Paz, e vencendo a Venezuela por 3 x 0, em
Belém, no Pará. Foi uma classificação extremamente tranqüila, sem sustos.
Na Copa das Confederações, o time
estava desfalcado de Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo. O time titular de Parreira
jogou com: Dida (Milan, Itália), Cicinho (São Paulo), Lucio (Bayern Munique,
Alemanha), Roque Júnior (Bayer Leverkusen, Alemanha) e Gilberto (Hertha Berlin,
Alemanha), Emerson (Juventus, Itália), Zé Roberto (Bayern Munique, Alemanha),
Kaká (Milan, Itália) e Ronaldinho Gaúcho (Barcelona, Espanha), Robinho (Santos)
e Adriano (Internazionale, Itália).
Foi a Copa das Confederações mais
acirrada das disputadas até então, com a presença de três campeões mundiais
(Brasil, Alemanha e Argentina). A campanha brasileira na primeira fase não foi
nem um pouco boa, fazendo surgirem dúvidas sobre a capacidade da equipe de
lutar pelo título. Na estréia, a seleção venceu fácil a Grécia, campeã da
Eurocopa 2004, por 3 x 0. Depois perdeu para o México, que havia realmente se
tornado uma pedra em seu sapato, por 1 x 0. Na última rodada, empatou em 2 x 2 com
o Japão. O empate bastava para garantir a classificação brasileira como segundo
colocado do grupo.
O outro grupo tinha Alemanha,
Argentina, Tunísia e Austrália. Os alemães empataram em 2 x 2 com os argentinos
e ficaram a frente no saldo de gols. Assim o confronto semi-final colocava
Brasil e Alemanha frente a frente, reeditando a final da Copa do Mundo de 2002.
Desta vez o palco era Nurenberg. Os alemães tentavam fazer a renovação de sua
equipe, preparando uma equipe bastante modificada para encarar o desafio de
conquistar o Mundial do qual seria sede no ano seguinte.
Logo aos 21 minutos do primeiro
tempo o atacante Adriano abriu o placar para a Seleção Brasileira com um
chutaço de longa distância numa cobrança de falta, mas a vantagem durou pouco,
dois minutos depois foi a vez de Lukas Podolski aproveitar uma cobrança de
escanteio para, de cabeça, balançar a rede para os alemães. E ainda havia
muitas emoções reservadas para aquele primeiro tempo. Aos 43 minutos,
Ronaldinho Gaúcho, cobrando pênalti colocou o time canarinho novamente a
frente. Mas novamente a vantagem durou apenas dois minutos, pois aos 45
minutos, também cobrando pênalti, Michael Ballack voltou a colocar números
iguais no marcador. O segundo tempo foi acirrado. E foi aos 31 minutos que a partida
foi decidida. Adriano pega na intermediária e parte no um contra um para cima
da defesa alemã, um corte para a esquerda e um chute cruzado de canhota. Brasil
3 x 2 Alemanha. A equipe de Parreira supera o time treinado por Jürgen
Klinsmann. Na outra semi-final, a Argentina venceu o México nos pênaltis. Se um
ano antes, em 2004, Brasil e Argentina voltaram a decidir uma Copa América
depois de 45 anos, agora era a vez dos dois grandes rivais históricos decidirem
um título de um torneio profissional da FIFA pela primeira vez.
Foi um jogo épico. Foi uma
atuação de epopéia da Seleção Brasileira. Aos 11 minutos de jogo, o imparável
Adriano abre o marcador com um novo chutaço de canhota da entrada da área.
Cinco minutos depois é a vez de Kaká, novamente em um chute da entrada da área,
este, no entanto, mais com jeito do que com força, fazer o segundo. Logo aos
dois minutos da etapa final, Ronaldinho Gaúcho aproveita cruzamento de Cicinho
para fazer o terceiro. E aos 18 minutos, novamente é Cicinho quem cruza para a
área, e desta vez é Adriano que testa impiedosamente para as redes. Com menos
de 20 minutos do segundo tempo, a Seleção Brasileira faz 4 x 0. Goleada
histórica! Logo depois, Pablo Aimar desconta. Mas o time argentino, abatido,
não teve forças para reagir. Brasil 4 x 1 Argentina!
Novamente é o camisa 9, o
Imperador Adriano, quem aniquila a Seleção da Argentina, pelo segundo ano
consecutivo, pela segunda final consecutiva. O Brasil dominava o mundo, mesmo
desfalcado de importantes peças como Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo. Alguém
seria capaz de parar aquela máquina ofensiva de fazer gols?
Ficha Técnica
BRASIL 4 x 1
ARGENTINA
Gols:
Adriano (11’1T), Kaká (16’1T), Ronaldinho Gaúcho (2'2T), Adriano (18’2T) e
Pablo Aimar (20’2T)
BRASIL: Dida, Cicinho (Maicon), Lucio, Roque Júnior e Gilberto, Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, Robinho (Juninho Pernambucano) e Adriano.
ARGENTINA: Germán Lux,
Fabricio Coloccini, Gabriel Heinze e Diego Placente, Javier Zanetti e Juan
Pablo Sorin, Lucas Bernardi, Esteban Cambiasso (Pablo Aimar) e Juan Roman
Riquelme, César Delgado (Luciano Galletti) e Lucho Figueroa (Carlos Tévez).
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