segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Hora de renovação na Seleção Brasileira

Já eram quatro Copas do Mundo sem conseguir chegar à final. Depois de se revelar para o futebol mundial com o 3º lugar no Mundial de 1938, o Brasil jogou seis Copas entre 1950 e 1970, tendo chegado à final em quatro delas. O futebol brasileiro tinha se acostumado a ser grande, e ficar quatro torneios sem chegar à final era muita coisa.

Uma novidade na conjuntura do futebol também contribuiu para que se tentasse uma renovação mais profunda: o número de jogadores brasileiros jogando na Europa cresceu espantosamente na década de 1980. O mundo começava a se globalizar. Era mais difícil contar com todos os jogadores para amistosos. Ao mesmo tempo uma geração de jovens sub 20 e sub 23 vinha conquistando bons resultados. Era hora de buscar por renovação.

O técnico escolhido para renovar o time foi Carlos Alberto Silva, técnico do Cruzeiro. Ele se destacou no cenário nacional ao levar o Guarani à conquista do Campeonato Brasileiro de 1978, depois passou por São Paulo e Atlético Mineiro.

A Seleção Brasileira escolhida por ele para aquele ano: Carlos (Corinthians), Josimar (Botafogo), Ricardo Rocha (Guarani), Geraldão (Cruzeiro) e Nelsinho (São Paulo), Douglas (Cruzeiro), Raí (Botafogo de Ribeirão Preto-SP), Edu Marangon (Portuguesa de Desportos) e Valdo (Grêmio), Muller (São Paulo) e Careca (Napoli, Itália). Mas foram muitos os jogadores testados. Só naquele ano, passaram 32 sob a camisa canarinho. O centroavante Mirandinha, do Palmeiras, e o ponta-esquerda João Paulo, do Guarani, eram quase titulares.

O time brasileiro viajou para a Europa, jogou a Copa Stanley Rous, torneio amistoso do qual se sagrou campeão após empatar com a Inglaterra e vencer a Escócia. Ainda venceu à Finlândia e a Israel. Mas foi derrotado por 1 x 0 pelo Eire.

Na volta ao Brasil, vitórias sobre Equador e Paraguai e time considerado pronto para jogar a Copa América. O torneio continental voltava a passar por mudanças. Dada a crise econômica que assolava a América do Sul, optou-se por se voltar a ter sede fixa, para economizar em viagens, e decidiu-se que o torneio passaria a ser a cada dois anos, e não a cada quatro, como vinha sendo desde 1975.

A Copa América de 1987 foi jogada na Argentina. Na primeira fase o Brasil jogou em Córdoba. O grupo tinha ainda Chile e Venezuela e só uma equipe avançava à semi-final. A Seleção Brasileira goleou na estréia: 5 x 0 na Venezuela. Os chilenos também venceram os venezuelanos, mas apenas por 3 x 1. Com um empate contra o Chile, o Brasil avançava.

Ivo Basay abriu o marcador para os chilenos nos minutos finais do primeiro tempo. Logo aos 3 minutos da etapa final, Letelier colocou 2 x 0 no placar. A missão brasileira se complicava muito assim. Basay voltou a marcar. Aos 30 minutos do segundo tempo foi a vez de Juan Carlos Letelier decretar o placar do jogo: Chile 4 x 0 Brasil.

Acachapante derrota do Brasil para o Chile

Os chilenos ainda superaram a Colômbia na semi-final e foram enfrentar o Uruguai, que bateu a Argentina por 1 x 0, gol de Alzamendi, na outra semi-final. Já na final, venceu a tradição do futebol uruguaio, Bengoechea fez o gol que deu o título à Celeste.

Em 1988, Carlos Alberto Silva, já sob bastante pressão pela derrota desonrosa para o Chile na Copa América de 1987, trabalhou apenas com a seleção olímpica.

Foi o ano de Romário. O Brasil jogou 19 jogos naquele ano, e mesmo sem participar de todos, Romário, então com 22 anos, fez impressionantes 17 gols. A campanha brasileira começou com a conquista do Torneio Bicentenário da Austrália, no qual o selecionado canarinho empatou sem gols com a Argentina, e venceu Austrália e Arábia Saudita. Em 19 jogos, foram 13 vitórias, 5 empates e uma única derrota, justamente na partida mais importante do ano, a final das Olimpíadas contra a União Soviética.

Na renovação comandada por Carlos Alberto Silva, poucos nomes, no entanto, vingaram. Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Rocha, André Cruz, Bebeto e Romário foram os que brilharam com a camisa brasileira posteriormente.

Insatisfeita com os resultados, a CBF decidiu novamente mudar, trocando o treinador da Seleção Brasileira mais uma vez; o escolhido desta vez foi Sebastião Lazaroni, jovem treinador com passagens por Flamengo e Vasco.

Lazaroni não tinha conseguido resultados expressivos a nível nacional, mas tinha sido tri-campeão do Campeonato Carioca entre 86 e 88. Não era um nome de consenso e a escolha levantou inúmeras críticas. Em 1989, o Brasil voltava a sediar a Copa América depois de 40 anos, o mesmo tempo desde o qual não conquistava a competição. Queria-se resultado a todo custo. E aquele era ano também de disputa de Eliminatórias.

Trocas de treinador extremamente arriscadas. Desde a saída de Zagallo, após a Copa de 74, a rotatividade de treinador vinha sendo maior em função da pressão por se repetir os resultados da fase vitoriosa do período entre 1958 e 1970. Foi a soma do talento técnico dos jogadores de várias gerações que alçaram o Brasil ao primeiro escalão do futebol mundial, não foi por qualidade de planejamento e de organização. Se os dirigentes atrapalhassem o mínimo possível, as coisas se encaixavam. Só que estes passaram a se sentir protagonistas, pois tinham o poder para pressionar por resultados. Técnicos chegavam e saíam, e o futebol brasileiro não reencontrava seu caminho.

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