segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A derrota convulsiva de 1998 - Parte 2

A 16ª Copa do Mundo, jogada na França, reuniu, pela primeira vez, a 32 seleções. O Grupo A tinha Brasil, Escócia, Noruega e Marrocos, o Grupo B reuniu Itália, Áustria, Chile e Camarões, o Grupo C tinha França, Dinamarca, África do Sul e Arábia Saudita, o Grupo D reuniu Espanha, Bulgária, Nigéria e Paraguai, o Grupo E foi formado por Holanda, Bélgica, México e Coréia do Sul, o Grupo F tinha Alemanha, Iugoslávia, Estados Unidos e Irã, o Grupo G reuniu Inglaterra, Romênia, Colômbia e Tunísia, e o Grupo H era formado por Argentina, Croácia, Japão e Jamaica. O resultado mais surpreendente da 1ª fase foi a eliminação da Espanha, mas não foi de todo tão surpreendente, pois Nigéria e Paraguai estavam com equipes bem fortes.

O time brasileiro titular na Copa de 98: Taffarel, Cafu, Aldair, Júnior Baiano e Roberto Carlos, César Sampaio, Dunga, Leonardo e Rivaldo, Bebeto e Ronaldo. O Brasil teve uma estréia tensa, passou apertado pela Escócia, por 2 x 1, gols de César Sampaio e Cafu (para a súmula este foi gol contra). Depois superou Marrocos com facilidade por 3 x 0, gols de Ronaldo, Rivaldo e Bebeto. Já classificado, pegou a Noruega. O Brasil sempre teve, historicamente, dificuldade para superar o padrão de jogo nórdico, e foi mais uma vez assim, acabou derrotado por 2 x 1, o que não o impediu de terminar a 1ª fase na liderança do grupo.

Nas oitavas de final, o adversário era o Chile, da dupla de ataque Marcelo Salas e Ivan Zamorano. Mas o Brasil não teve dificuldade, venceu por 4 x 1, com César Sampaio e Ronaldo marcando duas vezes cada. Nas quartas de final, um novo “desafio nórdico”, desta vez a perigosa Dinamarca. Jorgensen abriu o marcador logo aos dois minutos de jogo, e a apreensão cresceu. Mas nove minutos depois Bebeto empatou. Aos 27, Rivaldo colocou o Brasil a frente. Mas o jogo seguia duríssimo. Aos 5 minutos do segundo tempo, Brian Laudrup, irmão mais novo de Michael Laudrup, voltou a colocar a igualdade no placar. Dez minutos depois foi a vez de Rivaldo brilhar e colocar números definitivos no placar. 3 x 2 para o Brasil, mesmo placar e mesma dureza das quartas de final da Copa anterior, no antológico confronto contra a Holanda. O Brasil estava mais uma vez numa semi-final de Copa do Mundo. E pela frente teria como adversário aos holandeses, osso mais duro dentre os roídos na conquista de quatro anos antes.

O time holandês era capitaneado por Dennis Bergkamp, mas ainda tinha o centroavante Patrick Kluivert, o voluntarioso Davids, e os irmãos gêmeos Frank e Ronald de Boer. Uma equipe muito forte, que havia eliminado a Argentina nas quartas.

Brilhou a estrela do camisa 9 Ronaldo, que logo no primeiro minuto do segundo tempo abriu o placar. Porém, aos 42 minutos da etapa final, Kluivert empatou. A Seleção Brasileira esteve muito perto de garantir sua vaga na final, mas agora teria que lutar por ela nos pênaltis, já que na prorrogação a bola não balançou as redes. Ronaldo, Rivaldo, Emerson e Dunga não desperdiçaram suas cobranças, Taffarel, como havia feito quatro anos antes, fez suas defesas. Brasil 4 x 2!


Foi a sétima vez que o Brasil foi a uma disputa de pênaltis em sua história, e já não havia mais qualquer trauma depois do desempenho ruim nas primeiras disputas. O Brasil perdeu nos pênaltis para a França na Copa do Mundo de 1986 e para a Argentina na Copa América de 1993, ainda perdeu a final da Copa América de 1995 para o Uruguai. Por outro lado, venceu à Alemanha nas Olimpíadas de 1988, à Itália na final da Copa do Mundo de 1994, à Argentina na Copa América de 1995. A vitória sobre a Holanda na Copa do Mundo de 1998 foi a quarta em sete disputas. Detalhe que nestas quatro vitórias o goleiro brasileiro era Cláudio Taffarel, que das três derrotas esteve apenas em uma, na de 1995.

O dia 12 de julho de 1998 foi um dos mais agitados da história da Seleção Brasileira. O Brasil entrava em campo para enfrentar a França em Paris. Uma batalha duríssima. Horas antes do jogo, o artilheiro canarinho, Ronaldo, sofreu uma convulsão no quarto do hotel e foi levado às pressas para o hospital. Ao que tudo indica, ele vinha jogando com dores no joelho, e, para amenizá-las, vinha tomando infiltrações injetadas no local. Houve um erro na aplicação naquele dia e o medicamento entrou em contato com a corrente sanguínea, provocando a convulsão.

Na hora do jogo, a imprensa, que até então desconhecia os fatos, recebe a escalação com Edmundo e Bebeto no ataque. À última hora, porém, Ronaldo é liberado pelos médicos e aparece no vestiário. Tendo aval médico, Zagallo decide escalá-lo. Por muitos e muitos anos, os brasileiros responsabilizarão esta seqüência de fatos pelo desenrolar dos acontecimentos naquela final. É fato que foi um acontecimento marcante, mas não mais marcante do que os jogadores franceses abraçados no Stade de France escutando o estádio inteiro cantar a plenos pulmões La Marseillaise, hino francês: “Avante filhos da pátria, o dia de glória chegou!”. E a esperança tinha nome e número, camisa número 10, filho de argelinos, Zinedine Zidane.

Aos 27 minutos do primeiro tempo Zidane fez de cabeça o gol que abriu o placar. Aos 46, num lance quase idêntico, ele fez de novo. Fim de primeiro tempo: França 2 x 0. O destino da taça do mundo parecia já estar definido. E estava. O Brasil pressionou muito no segundo tempo, mas não conseguiu diminuir. Aos 48 minutos do segundo tempo, o tiro de misericórdia, Petit faz 3 x 0. Pela primeira vez na história, a França era campeã mundial.


O time campeão do mundo: Barthez; Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu; Deschamps, Petit, Karembeu e Zinedine Zidane; Djorkaeff e Guivarch, sendo Aimé Jacquet o treinador.

A Seleção da Copa de 98 escolhida pela FIFA: Jose Luis Chilavert (Paraguai), Lilian Thuram (França), Marcel Desailly (França), Carlos Gamarra (Paraguai) e Roberto Carlos (Brasil), Davids (Holanda), Dunga (Brasil), Zidane (França) e Rivaldo (Brasil), Dennis Bergkamp (Holanda) e Ronaldo (Brasil).

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