O mundo do futebol temia o
“Quadrado Mágico” do Brasil: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Eram
brasileiros os principais jogadores de todas as grandes ligas do planeta. A
Seleção Brasileira parecia imbatível. E poderia ter sido, pois em nenhum outro
momento da história os onze brasileiros foram tão tecnicamente superiores aos
onze de qualquer outra seleção numa Copa do Mundo de futebol. Mas no esporte,
como na vida, não basta talento, é fundamental haver equilíbrio emocional, só
assim se vence! Ainda mais num esporte que é coletivo, e por isto exige
sinergia de todo um grupo e comprometimento com o objetivo máximo.
O futebol brasileiro tinha um
leque de jogadores, em todas as posições, destacando-se em clubes de ponta do
futebol europeu. Para o gol, eram brasileiros os goleiros titulares dos dois
principais rivais de Milão, Dida no Milan e Júlio César na Internazionale. Nas
laterais, havia, pela direita, Cafu no Milan, Cicinho no Real Madrid e Belletti
no Barcelona, e pela esquerda tinha Roberto Carlos, no Real Madrid, e Gilberto,
que jogando no Hertha Berlin, vinha se destacando no Campeonato Alemão,
recebendo muitos elogios da imprensa local. Na zaga, Lucio, no Bayern Munique,
e Juan, no Bayer Leverkusen, estavam entre os considerados pela imprensa mundial
como melhores zagueiros do mundo. Parreira ainda tinha como alternativas a
Roque Júnior, dupla de zaga de Juan no Bayer Leverkusen, Luisão, do Benfica, e
Alex Costa, do PSV Eindhoven, da Holanda.
Na contenção do meio-campo,
Emerson era titular na Juventus, Gilberto Silva no Arsenal, Zé Roberto no
Bayern Munique e Juninho Pernambucano era rei no Lyon, que depois de sua
chegada, conquistou sete títulos consecutivos do Campeonato Francês. Ainda
tinha Edmilson no Barcelona, e Renato e Júlio Batista no Sevilla. Na armação,
Kaká e Ronaldinho Gaúcho estavam entre os melhores do mundo, e Alex, ídolo
maior da torcida do Fenerbahce, da Turquia, fazia sombra a eles. No ataque, Robinho
e Ronaldo eram os titulares do Real Madrid, e Adriano brilhava com a camisa da
Internazionale. Era um leque vastíssimo de opções de primeira linha.
A Seleção unia o melhor jogador
do Campeonato Italiano, Kaká, e o melhor jogador do Campeonato Espanhol,
Ronaldinho Gaúcho, o R10. As atuações do meia brasileiro com a camisa do
Barcelona eram de tão alto nível e tão impressionantes, que tanto a imprensa
brasileira quanto a imprensa mundial se perguntavam se ele já poderia ser
comparado a Pelé e Maradona. Ainda não poderia enquanto não fosse protagonista
na conquista de um Mundial, como Pelé fora em 1970 e Maradona em 1986.
Ronaldinho havia sido campeão mundial em 2002, mas ele perante o time naquela
Copa esteve como Pelé para o time de 58, faltava a R10 uma atuação de “outro
planeta” numa Copa do Mundo, com a de Pelé em 1970. Naquele ano de 2006, ele
teria a oportunidade de definir como seu nome ficaria lembrado entre os maiores
de todos os tempo, num hall top 3 ou
num hall top 20.
A preparação se iniciou com um
amistoso em novembro de 2005, no qual a Seleção Brasileira aplicou uma implacável
goleada de 8 x 0 nos Emirados Árabes. Depois, só voltou a jogar em março,
quando venceu a Rússia, em Moscou, por 1 x 0. Nas semanas anteriores à Copa de
2006 fez dois amistosos em solo europeu, voltou a ser implacável com outra
goleada por 8 x 0, desta vez sobre um combinado da cidade de Lucerna, na Suíça,
e por fim goleou a Nova Zelândia por 4 x 0, em partida também disputada na
Suíça. O Brasil estava tão confiante em se destacar naquela Copa, que se deu ao
luxo de realizar poucos jogos preparatórios. A alegação era que a equipe já
estava pronta e entrosada, só precisava treinar. Fez seus treinamentos
intensivos enquanto esteve hospedada num luxuosíssimo castelo suíço, mas os
relatos de quem esteve por lá é de que aconteceu muita badalação e muita festa,
e que o ambiente não foi de muita concentração.
A lista final dos 23 convocados por
Parreira para a Copa 2006:
Goleiros: Dida (Milan, Itália), Júlio César (Internazionale,
Itália) e Rogério Ceni (São Paulo)
Laterais: Cafu (Milan, Itália), Cicinho (Real Madrid, Espanha),
Roberto Carlos (Real Madrid, Espanha) e Gilberto (Hertha Berlin, Alemanha)
Zagueiros: Lúcio (Bayern Munique, Alemanha), Juan (Bayer Leverkusen,
Alemanha), Cris (Lyon, França) e Luisão (Benfica, Portugal)
Meias: Gilberto Silva (Arsenal, Inglaterra), Emerson (Juventus,
Itália), Mineiro (São Paulo), Ricardinho (Corinthians), Juninho Pernambucano
(Lyon, França), Ronaldinho Gaúcho (Barcelona, Espanha), Kaká (Milan, Itália) e
Zé Roberto (Bayern Munique, Alemanha)
Atacantes: Robinho (Real Madrid, Espanha), Ronaldo (Real Madrid,
Espanha), Adriano (Internazionale, Itália) e Fred (Lyon, França).
A 18ª Copa do Mundo foi realizada
na Alemanha, que como país-sede e vice-campeã da Copa anterior se postulava
como uma das grandes favoritas ao título, ao lado do Brasil, então campeão
mundial. Nas Eliminatórias, a maior surpresa aconteceu na repescagem, com a
Austrália eliminando o Uruguai. A Turquia, de menor tradição em Copas, mas
semi-finalista em 2002, também não conseguiu a classificação. As 32 seleções
classificadas ficaram assim divididas: Grupo A com Alemanha, Polônia, Equador e
Costa Rica, Grupo B com Inglaterra, Suécia, Paraguai e Trinidad e Tobago, Grupo
C com Argentina, Holanda, Sérvia e Costa do Marfim, o Grupo D com Portugal,
México, Irã e Angola, o Grupo E com Itália, República Tcheca, Gana e Estados
Unidos, o Grupo F com Brasil, Croácia, Austrália e Japão, o Grupo G com França,
Suíça, Coréia do Sul e Togo, e o Grupo H com Espanha, Ucrânia, Arábia Saudita e
Tunísia. O grupo mais difícil e acirrado, sem dúvidas, era o que reunia
argentinos, holandeses, sérvios e marfinenses.
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