Depois de perder o título para o
México em 1999, a Seleção Brasileira comandada por Vanderlei Luxemburgo fez
poucos jogos com o time principal, perdeu para a Argentina por 2 x 0 em Buenos
Aires, depois venceu os argentinos por 4 x 2 em Porto Alegre, em seguida
empatou com a Holanda em Amsterdã (2 x 2) e com a Espanha em Vigo (0 x 0).
O foco mudou totalmente para a
seleção sub 23, que jogaria o Pré-Olímpico em Londrina, no Paraná. Apesar de
jovem, o Brasil tinha uma equipe rodada e muito experiente, que mais uma vez
era dada como favorita para obter a tão sonhada medalha de ouro que o futebol
brasileiro jamais havia conquistado.
O time olímpico: Fábio Costa
(Vitória), Baiano (Vitória), Álvaro (São Paulo), Fábio Bilica (Venezia, Itália)
e Fábio Aurélio (São Paulo), Marcos Paulo (Cruzeiro), Mozart (Coritiba),
Fabiano (São Paulo) e Alex (Palmeiras), Ronaldinho Gaúcho (Grêmio) e Fábio
Júnior (Roma, Itália).
A equipe fez seis amistosos
preparatórios sem sofrer derrotas, venceu quatro (Austrália, Bolívia, e
goleadas de 7 x 0 em Trinidad e Tobago e de 4 x 1 na Costa Rica), e empatou
dois (Paraguai e Austrália).
Iniciou a campanha no Torneio
Pré-Olímpico com um empate em 1 x 1 com o Chile, depois venceu o Equador por 2
x 0 e a Venezuela por 3 x 0. No último jogo da primeira fase, Brasil e Colômbia
se enfrentavam numa situação em que ambos estavam praticamente classificados,
só uma derrota por seis gols eliminaria os colombianos. O Chile, já se dando
como eliminado já estava a caminho do aeroporto. Pois a Seleção Brasileira
escreveu mais um belíssimo capítulo de sua história: o primeiro tempo terminou
5 x 0 para o Brasil, no segundo tempo, mais quatro gols: Brasil 9 x 0 Colômbia!
O Chile, que estava virtualmente
eliminado, avançou à segunda fase, ficou com o vice-campeonato,
classificando-se às Olimpíadas de Sidney, e voltou de lá com uma histórica
medalha de bronze no peito.
Já o Brasil, na segunda fase, com
brilho intenso das jovens promessas Alex e Ronaldinho Gaúcho, venceu à
Argentina por 4 x 2 e ao Chile por 3 x 1, no último jogo obteve um empate em 2
x 2 com o Uruguai que lhe garantiu o título da competição.
Antes de pensar em Olimpíadas,
porém, Vanderlei Luxemburgo tinha que pensar nas Eliminatórias para a Copa de
2002. Era a primeira vez que o Brasil jogava o torneio no novo formato, no qual
as dez seleções se enfrentavam todas contra todas em turno e returno. Como
campeão da Copa de 94, o Brasil não havia jogado a primeira edição das
Eliminatórias neste formato. O time ainda teria que conviver com a ausência de sua
principal estrela no futebol mundial, Ronaldo havia rompido os ligamentos do
joelho e estava fora de combate.
O time fez um amistoso
preparatório, no qual goleou a Tailândia por 7 x 0. A Seleção Brasileira fez
sua estréia nas Eliminatórias em março de 2000 empatando em 0 x 0 com a
Colômbia em Bogotá. Depois venceu ao Equador por 3 x 2 no Morumbi, em São
Paulo. Na seqüência, venceu ao Peru por 1 x 0 em Lima e empatou em 1 x 1 com o
Uruguai no Maracanã. A equipe sofreu então sua primeira derrota, por 2 x 1 para
o Paraguai, em Assunção.
A derrota para os paraguaios teve
uma enorme repercussão sobre a mídia esportiva e a opinião pública, afinal em
43 jogos pelas Eliminatórias entre 1954 e 2000, aquela era tão só a segunda
derrota brasileira, a única até então havia sido para a Bolívia, em 1993, na altitude
de 3.500 metros de La Paz. Era o nono confronto contra os paraguaios valendo
por Eliminatórias, e nos oito anteriores haviam sido seis vitórias e dois
empates.
Aumentava a tensão ainda mais
porque o jogo seguinte era contra a Argentina, no primeiro confronto da
história entre os dois principais rivais do continente válido por uma fase
Eliminatória para a Copa do Mundo. O jogo era mais uma vez no Morumbi, em São
Paulo. O Brasil venceu por 3 x 1, numa noite inspirada do cabeça de área
Vampeta, que marcou dois gols.
A vitória diminuiu um pouco da
pressão, mas não demorou muito para tudo ferver de novo. Na sétima rodada o
Brasil foi a Santiago, no Chile, para enfrentar a seleção local, pela qual
jogava uma dupla de ataque que brilhava na Europa: Marcelo Salas e Ivan
“Bambam” Zamorano. A Seleção Brasileira sofreu uma derrota implacável por 3 x
0. Foi a terceira pior derrota sofrida para os chilenos na história, superada
apenas pelos 4 x 1 sofridos no Sul-Americano de 1956 e pelos 4 x 0 sofridos na
Copa América de 1987.
Na rodada seguinte o time de
Vanderlei Luxemburgo se recuperou, aplicando uma goleada de 5 x 0 sobre a
Bolívia no Maracanã, no Rio de Janeiro. A equipe vinha fazendo uma campanha que
parecia ser suficiente para conseguir a classificação para o Mundial.
Entretanto, as duas derrotas e a lembrança do sufoco passado em 1993, quando só
uma vitória sobre os uruguaios no Maracanã salvava o Brasil, eram um fantasma
para imprensa e opinião pública, que pressionavam muito por resultados
melhores.
Sem poder ter Ronaldo como seu
camisa 9, os titulares do treinador nas Eliminatórias, num resumo daqueles que
mais vezes entraram em campo iniciando as partidas, foram: Dida (Corinthians),
Cafu (Roma, Itália), Antônio Carlos Zago (Roma, Itália), Aldair (Roma, Itália)
e Roberto Carlos (Real Madrid, Espanha), Emerson (Bayer Leverkusen, Alemanha), Vampeta
(Corinthians), Zé Roberto (Bayer Leverkusen, Alemanha) e Rivaldo (Barcelona,
Espanha), Ronaldinho Gaúcho (Grêmio) e França (São Paulo). Era o time titular
de 1999 com um ataque mudado; metade pela ascensão de Ronaldinho como novo
craque, e metade pela lesão de seu xará Ronaldo Fenômeno.
Vanderlei Luxemburgo poderia ter
levado três jogadores acima de 23 anos para jogar as Olimpíadas, mas ele
escolheu manter o time que havia conseguido a classificação no Pré-Olímpico.
Oficialmente, o discurso da CBF era de que a baliza de avaliação de seu
trabalho era a campanha nas Eliminatórias, e que o desempenho olímpico não
afetaria em nada. Vanderlei resolveu arriscar.
O time olímpico que jogou em
Sidney teve ligeiras mudanças frente ao do Pré-Olímpico, os titulares na
Olimpíada: Hélton (Vasco), Baiano (Las Palmas, Espanha), Álvaro (São Paulo),
Fábio Bilica (Venezia, Itália) e Fábio Aurélio (São Paulo), Marcos Paulo
(Cruzeiro), Fabiano (São Paulo), Edu Schmidt (São Paulo) e Alex (Parma,
Itália), Ronaldinho Gaúcho (Grêmio) e Geovanni (Cruzeiro).
O time venceu na estréia, 3 x 1
sobre a Eslováquia, de virada, depois de sair atrás no placar. Na segunda
rodada, as limitações defensivas ficaram explícitas numa derrota por 3 x 1 para
a África do Sul, que obrigava o time a vencer na última rodada para avançar.
Num jogo duríssimo frente ao Japão, o Brasil venceu por 1 x 0. O sonho da
medalha sobreviveu. Restava superar a Camarões nas quartas de final, e a
seleção Brasileira já havia vivido um trauma africano em 1996, na sua última
participação olímpica, com a derrota de virada para a Nigéria na semi-final.
Os camaroneses saíram na frente
com um gol de falta de Mboma logo no início do jogo. No segundo tempo, Geremi
foi expulso, mas mesmo com um jogador a mais o Brasil tinha dificuldades para
empatar. Conseguiu aos 48 minutos do segundo tempo, em cobrança de falta
magistral de Ronaldinho Gaúcho. Levando a partida para a prorrogação, com a vantagem
emocional da obtenção do empate no último instante, e a vantagem física de ter
um jogador a mais, a classificação às semi-finais parecia bem encaminhada.
Ainda mais depois que Nguimbat foi expulso e a Seleção Brasileira passou a ter
dois jogadores a mais em campo. Mas foi MBami quem balançou as redes, causando
a eliminação do Brasil.
Vanderlei Luxemburgo não
sobreviveu no cargo às conseqüências da derrota tão ultrajante, foi demitido.
A Seleção Brasileira jogou a
partida seguinte pelas Eliminatórias com um treinador interino, Candinho. E
venceu de goleada, 6 x 0 sobre a Venezuela, em Maracaíbo, na última partida do
turno.
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