Depois da Copa de 1982 houve uma
debandada de brasileiros rumo ao futebol europeu. Daquele time, os reservas
Edinho e Dirceu já estavam por lá. O primeiro na Udinese e o segundo depois da
Copa trocou o Atlético de Madrid pelo Hellas Verona. Depois, Dirceu ainda viria
a defender Napoli, Ascoli, Como e Avelino.
Também foram para o Campeonato
Italiano Cerezo, Falcão e Zico, os dois primeiros foram defender à Roma e o
outro à Udinese. Pouco depois Sócrates e Júnior teriam o mesmo destino, o
primeiro para defender à Fiorentina, e o outro para o Torino. Na Itália já
estavam Edinho e Dirceu. Eram 7 brasileiros no Campeonato Italiano. Nenhum
outro país tinha tantos jogadores, era a maior legião de estrangeiros daquele
que era o principal e mais rico torneio de futebol do mundo naquela década.
O futebol mundial começava a dar
os primeiros passos em uma nova era, globalizada, que começava a movimentar uma
maior quantidade de recursos financeiros. Ainda havia restrições à presença de
estrangeiros nos principais campeonatos europeus, o limite máximo por equipe
era de três jogadores. As coisas estavam prestes a mudar muito. O futebol logo
em breve se tornaria um grande negócio.
Desnorteados com o revés na Copa
de 82, os dirigentes do futebol brasileiros pareciam perdidos e sem saber que
rumo dar à Seleção Brasileira. Talvez pelo novo vôo solo, afinal, em 1979, a
Confederação Brasileira de Desportos (CBD) foi desmembrada em duas entidades, a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Um sinal desta dificuldade de dar um rumo para o trabalho fica explicitado no
fato de que entre 1983 e 1985 três treinadores diferentes estiveram à frente da
seleção, um técnico novo a cada ano.
Após o Mundial da Espanha, a
Seleção Brasileira retomou suas atividades só em 1983. E o treinador escolhido
para comandar a equipe foi Carlos Alberto Parreira, que estava treinando a
Seleção do Kuwait. Parreira tinha tido um único trabalho no futebol brasileiro,
havia sido o técnico do Fluminense em 1975, a frente da equipe chamada de “Máquina
Tricolor”. A pouca experiência a frente de grandes projetos gerou uma natural
dúvida a respeito de sua capacidade de comandar a seleção.
O desafio daquele ano era a Copa
América. A campanha brasileira não foi ruim, mas mais uma vez o troféu não foi
conquistado. O time titular de Parreira tinha alguma variação em relação à
equipe que jogou na Espanha em 82. O gol voltou a ser defendido pelo titular
nas Copas de 74 e 78, e os zagueiros foram modificados. As demais mudanças
foram impostas pela não convocação dos jogadores que atuavam na Europa. O time
titular foi: Leão (Corinthians), Leandro (Flamengo), Márcio Rossini (Santos),
Mozer (Flamengo) e Júnior (Flamengo), Andrade (Flamengo), Sócrates
(Corinthians) e Jorginho Putinatti (Palmeiras), Tita (Grêmio), Careca (São
Paulo) e Éder (Atlético MG).
Nos jogos preparatórios, três
vitórias (Chile, Portugal e Suíça) e três empates (País de Gales, Suécia e
Chile), e um desempenho não muito convincente, apesar da ausência de derrotas
nas seis partidas.
Na Copa América, logo na primeira
fase teve um duelo direto com a Argentina, e o Brasil mais uma vez eliminaria
seu principal rival logo de cara. O grupo ainda tinha o Equador. A Seleção
Brasileira venceu os equatorianos em Quito por 1 x 0 e perdeu para os
argentinos em Buenos Aires pelo mesmo placar. Depois venceu os equatorianos com
uma goleada por 5 x 0 no estádio Serra Dourada, em Goiânia. Os argentinos
tropeçaram nos equatorianos dentro de Buenos Aires (empate em 2 x 2) e, com
isto, bastava um empate com a Argentina no Maracanã para colocar o Brasil na
semi-final. Num jogo tenso, como não poderia deixar de ser, ninguém balançou as
redes.
O adversário na semi-final era o
Paraguai, de Romerito e Morel, que tinha o mesmo time que fora campeão
sul-americano quatro anos antes. Empate em 1 x 1 em Assunção e em 0 x 0 na
cidade mineira de Uberlândia. Com melhor campanha, o Brasil avançou para a
final para enfrentar o Uruguai, do goleiro Rodolfo Rodríguez, do meia Enzo
Francescoli e do atacante Carlos Aguilera.
No primeiro jogo da final, em
Montevidéu, vitória uruguaia por 2 x 0, com um show de bola do camisa 10 da
celeste, o craque Francescoli, ídolo do River Plate, da Argentina. A decisão
seria em Salvador, e a missão brasileira dificílima. O camisa 10 do Brasil,
Jorginho Putinatti, abriu o placar aos 23 minutos do primeiro tempo. O Brasil
manteve-se vivo no jogo até os 27 minutos do segundo tempo, quando Aguilera
marcou o gol que garantiu o título para os uruguaios.
O vice-campeonato derrubou Parreira, que depois de deixar a Seleção Brasileira voltou a treinar o Fluminense, conquistando o Campeonato Brasileiro de 1984. Depois do título, voltou para o Oriente Médio, onde foi treinador das seleções dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita.
Flávio Costa, Zezé Moreira,
Vicente Feola, Aymoré Moreira, João Saldanha, Zagallo, Osvaldo Brandão, Cláudio
Coutinho e Telê Santana. Os técnicos da Seleção Brasileira ao longo da história
tinham sempre alguns anos de experiência acumulados a frente dos principais
clubes de futebol do país. Carlos Alberto Parreira, em 1983, foi o primeiro
nome a de certa forma se afastar desta linha. O escolhido como treinador do
Brasil em 1984 se afastava ainda mais. Edu Antunes, irmão de Zico, treinou a
seleção num ano de agenda vazia, no qual a camisa canarinho entrou em campo
apenas três vezes. Edu, ex-jogador e ídolo do América, do Rio de Janeiro, nos
anos 1960 e 1970, tinha uma única experiência como técnico, a frente do próprio
América, com quem conquistou a Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca,
em 1982.
O Brasil jogou apenas três jogos
em 84, perdeu por 2 x 0 para a Inglaterra no Maracanã, empatou sem gols com a
Argentina em São Paulo, e venceu ao Uruguai por 1 x 0 em Curitiba. Três
amistosos, uma vitória, um empate e uma derrota, esta foi a breve vida de Edu
como técnico da Seleção Brasileira. Seus titulares: Roberto Costa (Vasco),
Édson Boaro (Ponte Preta), Oscar (São Paulo), Mozer (Flamengo) e Wladimir
(Corinthians), Pires (Vasco), Zenon (Corinthians) e Tita (Flamengo), Renato
Gaúcho (Grêmio), Roberto Dinamite (Vasco) e Marquinho (Vasco).
O ano de 1985 era de disputa das
Eliminatórias para a Copa. A CBF marcou uma série de amistosos antes da estréia
e escolheu Evaristo de Macedo, ex-jogador de Flamengo, Real Madrid e Barcelona,
para ser o treinador da equipe. Suas únicas experiências como treinador de uma
equipe de futebol tinham sido com Bahia e Santa Cruz.
O Brasil fez uma série de seis
amistosos, venceu três (Colômbia, Uruguai e Argentina) e perdeu três (Peru,
Colômbia e Chile). As duas derrotas seguidas, para colombianos em Bogotá, e
para chilenos em Santiago, custaram o cargo de Evaristo. O jogo seguinte era a
estréia nas Eliminatórias, neste jogo Telê Santana voltou a ocupar o banco de
reservas.
O time de Evaristo nesta série de
seis amistosos: Paulo Victor (Fluminense), Édson Boaro (Ponte Preta), Oscar
(São Paulo), Mozer (Flamengo) e Branco (Fluminense), Dema (Santos), Alemão
(Botafogo) e Jorginho Putinatti (Palmeiras), Bebeto (Flamengo), Careca (São
Paulo) e Éder (Atlético Mineiro).
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