quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Hora de reformulação do time Bi-campeão

Depois do título mundial em 62, a seleção principal só voltou a campo no ano seguinte, para ganhar o título da Copa Roca com nova atuação de gala e goleada sobre a Argentina; primeiro perdeu para os argentinos por 3 x 2 no Morumbi, em São Paulo, depois goleou impiedosamente por 5 x 2 no Maracanã, com três gols de Pelé e dois de Amarildo. Depois disto, fez uma longa excursão na Europa que levou um mês: perdeu por 1 x 0 para Portugal, foi goleada por 5 x 1 pela Bélgica (sem Pelé em campo), venceu a França por 3 x 2, perdeu de 1 x 0 para a Holanda, venceu a Alemanha por 2 x 1, empatou em 1 x 1 com a Inglaterra, perdeu de 3 x 0 para a Itália, e venceu a Egito, Israel e a um Combinado Berlin-Frankfurt.

O time titular desta excursão, comandado ainda por Aymoré Moreira: Gilmar (Santos), Djalma Santos (Palmeiras), Eduardo (Corinthians), Roberto Dias (São Paulo) e Rildo (Botafogo), Zito (Santos) e Mengálvio (Santos), Dorval (Santos), Pelé (Santos), Coutinho (Santos) e Pepe (Santos). Com o trio de atacantes do Botafogo - Quarentinha, Amarildo e Zagallo – também tendo atuado bastante.

Já no Sul-Americano de Cochabamba, na Bolívia, um time formado por Marcial (Atlético Mineiro), Jorge (América-RJ), Flávio (Atlético Mineiro), Procópio (Fluminense) e Geraldino (Cruzeiro), Ilton Vacari (Guarani-SP) e Tião Macalé (Guarani-SP), Almir (Taubaté-SP), Flávio (Internacional), Marco Antônio (Comercial-SP) e Osvaldo (Guarani-RJ). Este time venceu a Peru e Colômbia, mas empatou com o Equador, e perdeu para Paraguai, Argentina e Bolívia. O Uruguai não participou e a Argentina também mandou um time que estava longe de ser sua seleção principal. A campeã acabou sendo a Bolívia, que conquistou o primeiro e único título de sua história.

Os resultados em 1963 não agradaram e para o ano seguinte deu-se início ao ciclo preparatório para a Copa de 1966 com treinador novo: Vicente Feola era reconduzido ao comando da Seleção Brasileira. E ali começou um trabalho de renovação do grupo bi-campeão de 58 e 62. Caras novas, como o lateral-direito do Fluminense, Carlos Alberto Torres, o zagueiro do Vasco, Brito, a dupla de meio-campistas do Palmeiras, Dudu e Ademir da Guia, o ponta de lança do Botafogo, Gérson, chegaram à seleção.

O único compromisso de 1964 é a Taça das Nações, um quadrangular jogado no Maracanã entre Brasil, Inglaterra, Portugal e Argentina. O time titular do Brasil: Gilmar (Santos), Djalma Santos (Palmeiras), Bellini (São Paulo), Orlando Peçanha (Santos) e Rildo (Botafogo), Dudu (Palmeiras) e Ademir da Guia (Palmeiras), Garrincha (Botafogo), Pelé (Santos), Flávio (Corinthians) e Rinaldo (Palmeiras). O Brasil goleou a Inglaterra, com Bobby Moore e Bobby Charlton em campo, por implacáveis 5 x 1; depois perdeu por 3 x 0 para a Argentina e goleou a Portugal por 4 x 1. A Argentina, com três vitórias, foi a campeã.

Brasil 5 x 1 Inglaterra no Maracanã

Em 1965, uma longa série de amistosos foi marcada como preparação para a Copa de 66 e para entrosamento do time, que passava por forte renovação. Pegando os jogadores mais utilizados por Feola nestes jogos, a cara da seleção principal era: Manga (Botafogo), Djalma Santos (Palmeiras), Bellini (São Paulo), Orlando Peçanha (Santos) e Rildo (Botafogo), Dudu (Palmeiras) e Gérson (Botafogo), Jairzinho (Botafogo), Pelé (Santos), Flávio (Corinthians) e Paraná (São Paulo).

Logo no primeiro jogo do ano, no Maracanã, o Brasil goleou a Bélgica por 5 x 0, com três gols de Pelé, que neste jogo foi o primeiro a atingir a marca de 50 gols com a camisa da Seleção Brasileira. Só outros 5 jogadores tinham feito mais de 20 gols com a camisa do Brasil. Foram eles: Leônidas da Silva, Ademir Menezes, Jair da Rosa Pinto, Zizinho e Didi. Aos 30 gols, só Leônidas da Silva, Ademir Menezes e Zizinho haviam chegado. Pelé, que então recém chegava aos 25 anos, já superara as marcas de 40 e de 50 gols. Em 1966 ele superaria as barreiras de 60 e de 70 gols. Era um fenômeno! Era algo que jamais havia se visto igual.

Depois no mesmo Maracanã, o Brasil venceu a Alemanha Ocidental por 2 x 0, gols de Pelé e Flávio, e empatou sem gols com a Argentina. Na seqüência foi para o exterior, onde venceu a Argélia por 3 x 0, empatou sem gols com Portugal, venceu a Suécia por 2 x 1 e a União Soviética por 3 x 0, com dois de Pelé e um de Flávio, mesmo adversário com quem empataria em 2 x 2 no fim daquele ano jogando no Maracanã, gols de Gérson e Pelé.

O Brasil vivia sob a Ditadura Militar desde o ano anterior, a política do país vivia sob temperatura elevada. E no futebol começavam a acontecer coisas de contexto estranho, de certa forma sob influência das necessidades e interesses deste conturbado ambiente político. Em setembro de 1965 a Seleção Brasileira jogou pela primeira vez em sua história em Belo Horizonte (só Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife haviam visto jogos da seleção até então), foi um amistoso contra a Uruguai, no qual a camisa canarinho foi usada pelo time do Palmeiras. O Brasil (ou o Palmeiras?) venceu por 3 x 0. Dois meses depois foi a vez do time do Corinthians usar a camisa da seleção, num amistoso em Londres contra o Arsenal, que os ingleses venceram por 2 x 0.

Nenhum comentário:

Postar um comentário