terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Os conturbados anos 1920 da Seleção Brasileira

Depois da conturbada conquista do Sul-Americano de 1922, os anos subseqüentes foram muitos tumultuados para a seleção de futebol do Brasil. Em 1923, o Brasil foi jogar mais um Sul-Americano, desta vez em Montevidéu, no Uruguai. Mas a seleção enviada para o torneio esteve longe de ser o que o Brasil tinha de mais forte para apresentar. Pela primeira vez havia um jogador de um time da Bahia e de times do antigo estado do Rio de Janeiro (a cidade do Rio era Distrito Federal e não pertencia à mesma unidade federativa), com a presença do ponta-esquerda Amaro, do Goytacaz, de Campos. O time também tinha alguns nomes que jogavam em times de menor expressão da cidade do Rio, como o Americano e o Brasil.

O time jogou três jogos e foi três vezes derrotado. A equipe foi muito modificada de um jogo para o outro, mas o time-base foi: Nélson (Vasco), Pennaforte (Flamengo) e Alemão (Botafogo), Mica (Botafogo da Bahia), Nési (São Cristóvão) e Dino (Flamengo), Zezé (Fluminense), Paschoal (Vasco), Nilo (Brasil-RJ), Coelho (Fluminense) e Amaro (Goytacaz). Depois ainda faria um amistoso em Montevidéu e dois jogos contra a Argentina, em Buenos Aires. Nestes jogos, Nilo foi o primeiro jogador na história a atingir a marca de 10 gols com a camisa da seleção.

O Sul-Americano de 1923 foi outro Quadrangular entre Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai. Os uruguaios, jogando em casa, sagraram-se campeões. Era o quarto título do Uruguai em sete edições. O Brasil tinha dois e a Argentina tinha um. O Uruguai, campeão em 23, repetiu o feito em 1924, num torneio novamente jogado em Montevidéu e para o qual o Brasil, último colocado no ano anterior, não foi convidado, tendo o torneio sido um quadrangular entre uruguaios, argentinos, paraguaios e chilenos. Era o quinto título da celeste em oito campeonatos jogados.

Uma equipe que se projetou também mundialmente com a conquista do Bi-campeonato Olímpico, com as Medalhas de Ouro no futebol nos jogos de 1924 e 1928. Nos jogos de Paris, o time uruguaio tinha Mazali, Nasazzi e Pedro Arispe, Leandro Andrade, Jose Vidal e Alfredo Ghierra, Urdinarán, Hector Scarone, Petrone, Pedro Cea e Angel Romano. Na final, vitória por 3 x 0 sobre a Suíça, com gols de Petrone, Cea e Romano. O time que repetiu a façanha quatro anos depois em Amsterdã era praticamente o mesmo; no meio, já não estavam mais Vidal e Ghierra, e em seus lugares jogaram Juan Piriz e Gestido; no ataque Urdinarán deu lugar a Carricaberry, Petrone deu lugar a Borjas, e Romano deu lugar a Roberto Figueroa. Na final, vitória por 2 x 1 sobre a Argentina, com gols de Figueroa e Scarone, com Luisito Monti descontando para os argentinos. Daí então, virou a “Celeste Olímpica”.

Fora do Sul-Americano de 1924, a seleção brasileira não jogou nenhum jogo neste ano. Em 1925 voltou ao Sul-Americano, mas num torneio problemático, um mero Triangular entre Argentina, Brasil e Paraguai. A Argentina goleou o Brasil por 4 x 1 e conquistou seu segundo título sul-americano.

O time brasileiro naquele torneio: Tuffy (Sírio Libanês-RJ), Pennaforte (Flamengo) e Hélcio (Flamengo), Nascimento (Fluminense), Floriano (Fluminense) e Pamplona (Botafogo), Filó (Paulistano), Lagarto (Fluminense), Arthur Friedenreich (Paulistano), Nilo (Fluminense) e Moderato (Flamengo).

O período entre 1925 e 1929 foi conturbado no futebol sul-americano. Tão conturbado que o torneio deixou de ser disputado durante seis anos, só voltando a ser realizado em 1935. Se em 25 o torneio foi um mero triangular sem a presença da principal potência futebolística da América do Sul na época, o Uruguai, em 1926 quem ficou de fora novamente foi o Brasil, num torneio novamente tendo só a presença de uruguaios, argentinos, paraguaios e chilenos, e vencido mais uma vez pelo Uruguai, seu sexto título continental.

O Brasil também não jogou em 1927 e em 1929. No primeiro, um quadrangular organizado por Uruguai e Argentina, com a presença, pela primeira vez, de Peru e Bolívia. E o segundo com o Paraguai no lugar da Bolívia. A Argentina venceu a ambos e chegou a quatro títulos, tendo os uruguaios seis e o Brasil os títulos de 1919 e 1922. 

Fora dos Campeonatos Sul-Americanos, a Seleção não jogou nenhuma vez nos anos de 1926 e 1927, e em 1928 e 1929 jogou apenas quatro vezes, todas elas em amistosos contra clubes no estádio das Laranjeiras. Em 28 um único jogo, com uma goleada por 5 x 0 sobre o Motherwell, da Escócia. No ano seguinte, jogando com: Jaguaré (Vasco), Grané (Corinthians) e Del Debbio (Corinthians), Nerino (Corinthians), Amílcar (Palestra Itália-SP) e Serafini (Palestra Itália-SP), Teóphilo (São Cristóvão-RJ), Paschoal (Vasco), Feitiço (Santos), Nilo (Botafogo) e De Maria (Corinthians), o time venceu três amistosos, contra Barracas, da Argentina, Rampla Juniors, do Uruguai, e Ferencvaros, da Hungria.

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