Na abertura da fase final, em 9
de julho, uma atuação implacável diante de mais de 138 mil expectadores.
Arrasador, o Brasil terminou o primeiro tempo com um 3 x 0, dois gols de
Ademir Menezes e um de Chico. Antes dos 15 minutos do segundo tempo, Ademir já
havia marcado outros dois e o placar já apontava 5 x 0. A Suécia descontou, mas
Chico e Maneca fecharam o placar. Com uma atuação impecável, o Brasil venceu a
Suécia por 7 x 1. No outro jogo, Uruguai e Espanha empataram por 2 x 2. As
coisas iam se encaminhando bem para o título brasileiro.
No segundo jogo da fase final, em
13 de julho, diante de 152 mil torcedores, a Seleção Brasileira continuou
avassaladora. O adversário agora era a Espanha. O primeiro tempo terminou
igual: 3 x 0 para o Brasil, gols de Ademir, Jair e Chico. O repertório era
parecido ao do duelo com os suecos: antes dos 15 minutos do segundo tempo,
Chico e Ademir marcaram e o placar já apontava 5 x 0. Zizinho ainda fez mais
um. E no fim, Silvestre descontou. Com uma nova atuação impecável: Brasil 6 x 1
Espanha.
No outro jogo, os uruguaios só
conseguiram sacramentar a vitória sobre os suecos com um gol de Miguez aos 40
minutos do segundo tempo. Sem obter a mesma facilidade que o Brasil diante nem
de espanhóis, nem de suecos, o Uruguai venceu a Suécia por 3 x 2 e só com uma
vitória impediria o título brasileiro. Se aquele gol de Miguez não tivesse acontecido, o
Brasil seria campeão mundial com uma rodada de antecipação.
Durante a Copa do Mundo de 1950,
vários fatos marcaram a história da Seleção Brasileira: Ademir Menezes foi o
segundo, e Jair da Rosa Pinto o terceiro a alcançar a marca de 20 gols pela
seleção. Zizinho ainda viria a ser o quarto a alcançar esta marca durante
aquela Copa. E Ademir foi além, tornando-se o segundo jogador a alcançar 30
gols pela Seleção Brasileira (só Leônidas da Silva tinha superado esta barreira
antes). Durante a Copa, o Brasil conseguiu ainda alcançar a sua maior série invicta
até então, com onze jogos seguidos sem perder.
Estima-se que havia pouco menos
de 200 mil pessoas presentes no Maracanã para assistir à final. Mas o número é
errático. Sabe-se que certamente havia mais de 185 mil, pois as roletas foram
arrebentadas pela multidão e um grande número de torcedores entrou no estádio
sem pagar ingresso. Hiperlotado, o estádio tinha pessoas de pé nas rampas de
acesso à arquibancada, em toda a parte superior e nos corredores superiores de
acesso.
Aquele jogo foi duro e muito
disputado. Mas logo que a bola rolou, o Brasil marcou. Gol de Friaça. Maracanã
explodindo de alegria! Mas o time uruguaio era muito bom e muito aguerrido. No
segundo tempo, o craque Schiaffino, jogador tecnicamente mais refinado do time
uruguaio, empatou o jogo, colocando apreensão no estádio. O empate ainda dava o
título para o Brasil. Faltavam nove minutos para acabar o jogo quando Ghiggia
foi lançado pela ponta, penetrou pela área brasileira e mandou um chutaço, que
passou entre Barbosa e a trave. Silêncio! Os duzentos mil se calaram. E o
Brasil não teve força para reagir. Fim de jogo. Uruguai campeão mundial! Em sua
segunda participação em Copas do Mundo, os uruguaios eram, pela segunda vez,
campeões.
Assim como no Sul-Americano de
1949, na Copa do Mundo de 1950 o Brasil fez uma campanha arrasadora, com várias
goleadas acachapantes, e no jogo que decidiria o título, saiu na frente no
primeiro tempo, mas permitiu a virada no segundo tempo. A diferença é que no
Sul-Americano houve uma segunda chance, num jogo desempate contra o Paraguai.
Na Copa, não houve segunda chance, só restando o choro, as lamentações e a
tristeza pela grande desilusão vivida com o “Maracanazo”.
Ficha Técnica
BRASIL 1
x 2 URUGUAI
Gols:
Friaça (2'2T), Schiaffino (26'2T) e Ghiggia (36'2T)
BRASIL: Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.
URUGUAI: Roque Máspoli; Matías González e Eusebio
Tejera; Schubert Gambetta, Obdulio Varela e Rodríguez Andrade; Alcides Ghiggia,
Julio Perez, Oscar Miguez, Schiaffino e Rubén Morán.
Grandes traumas deixam marcas e o
Maracanazo deixou a sua na história da Seleção Brasileira: aquela foi a última
vez que o Brasil utilizou camisa branca. Dali para frente foi adotado o
amarelo, cor do canário, como vestimenta principal.
A FIFA assim elegeu a seleção dos
melhores daquela Copa: Mápoli (Uruguai), Gambetta (Uruguai) e Erik Nilsson (Suécia),
Walter Bahr (EUA), Obdulio Varela (Uruguai) e José Parra (Espanha), Ghiggia (Uruguai),
Zizinho (Brasil), Ademir Menezes (Brasil), Schiaffino (Uruguai) e Jair da Rosa
Pinto (Brasil).
Mais três brasileiros voltavam a
figurar entre os melhores do mundo:
Zizinho
Carreira: 1940-1950 Flamengo,
1950-1957 Bangu, 1957-58 São Paulo, 1959-60 Uberaba-MG e 1960-62 Audax Italiano
(Chile)
Ademir Menezes
Carreira: 1939-42 Sport Recife,
1942-45 Vasco, 1946-47 Fluminense, 1948-56 Vasco e 1957 Sport Recife
Jair da Rosa Pinto
Carreira: 1938-43 Madureira-RJ, 1943-46 Vasco, 1947-49
Flamengo, 1949-55 Palmeiras, 1956-60 Santos, 1961 São Paulo e 1962-63 Ponte
Preta
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