sábado, 7 de setembro de 2013

Uma Brevíssima História do Brasil - Parte 1

O início da formação da nação brasileira em sua concepção contemporânea se dá em 22 de abril de 1500, quando embarcações portuguesas capitaneadas por Pedro Álvares Cabral chegam à costa brasileira, na região onde hoje é a cidade de Porto Seguro, na Bahia. Há registros que antes de 1500 outros navegadores estiveram no litoral do que hoje é o Brasil, foram eles: João Coelho da Porta da Cruz, Vicente Yáñez Pinzón, Diego de Lepe e Duarte Pacheco Pereira. Mas foi com Cabral que se oficializou a ocupação em nome do Rei Dom Manuel I. Inicialmente o território brasileiro (primeiramente chamado Terra de Vera Cruz) foi delimitado pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 entre Portugal e Espanha para dividir as terras descobertas e por descobrir.

O território do Brasil era ocupado por populações indígenas, sem nenhum grande império como Incas, Mayas ou Aztecas, que dominavam a região da América Espanhola, mas populações bastante grandes e territorialmente espalhadas. Eram mais de mil povos distintos, que somavam cerca de cinco milhões de indivíduos. As maiores populações eram a Tupiniquim e a Tupinambá, ambas parte da etnia Tupi-Guarani, que incluía também os índios Caetés, Tabajaras, Potiguaras, Tamoios e Carijós. Outra etnia marcante era a Tapuiá, que incluía os índios Aimorés, Goitacazes e Tremembés.

O grupo lingüístico da família tupi-guarani estava espalhado pelo litoral brasileiro, tinha também presença marcante no norte, sobretudo na região que depois veio a ser o estado do Pará, e na região central, tão forte e marcante no Paraguai a ponto do guarani até hoje ser considerada língua oficial, ao lado do espanhol, e ser ensinada nas escolas paraguaias.

A ocupação propriamente dita pelos portugueses do território brasileiro se deu a partir de 1530, com a expedição exploratória de Martim Afonso de Souza e a criação das Capitanias Hereditárias, das quais só duas prosperaram, ambas por terem conseguido introduzir a cultura da cana de açúcar. Prosperaram as capitanias de Pernambuco, de Duarte Coelho Pereira, e a de São Vicente, de Martim Afonso, cujo território ia de Macaé, no norte do atual estado do Rio de Janeiro até a Ilha do Mel, no norte do atual estado do Paraná.

Em 1549 foi instalado o primeiro Governo Geral, sob às ordens de Tomé de Souza, que fundou a cidade de Salvador, tornando-a a primeira capital do Brasil. Em 1553, o governador-geral passou a ser Duarte da Costa, responsável pela início da ocupação do que viria a ser a cidade de São Paulo. De 1558 a 1572, o governador-geral foi Mem de Sá, a quem coube expulsar os franceses e fundar na região por eles ocupada a cidade do Rio de Janeiro.

Com indígenas nativos e portugueses colonizadores emigrados, a partir de 1568 começou a chegar o terceiro povo de participação preponderante na formação étnica do Brasil: os negros trazidos da África como escravos. O tráfico negreiro trouxe duas etnias africanas em especial: os sudaneses, da região da Guiné, levados para trabalhar na capital Salvador, e os bantos, vindos de Angola, Moçambique e do Congo, levados para trabalhar principalmente no Rio de Janeiro e em Recife.

A rápida mestiçagem entre estes três grupos étnicos foi a principal característica sociológica de formação do Brasil, diferentemente da formação de outros países que também misturaram grupos étnicos similares, como Estados Unidos, África do Sul e Austrália.

Durante os primeiros séculos de sua história moderna, a economia do Brasil cresceu em torno dos engenhos de cana de açúcar, e este modelo foi determinante para o nível de desigualdade social com o qual o país teria de vir a lidar futuramente. A colonização por Portugal foi meramente exploratória. Não por coincidência, assim como também aconteceu na América Espanhola, as regiões mais prósperas do período colonial vieram a ser as regiões social e economicamente mais atrasadas após a independência. Não era um modelo construtivista de ocupação, e sim meramente de exploração e esgotamento do potencial econômico da área ocupada. Aqueles que vinham para o Brasil buscavam o enriquecimento rápido para voltar a Portugal com ascensão social, não se preocupavam em construir e desenvolver mais do que o suficiente para sustentar seu negócio. Muitos dos que vinham eram mais pobres na sociedade portuguesa, e, de certa forma, isto ajudou para que a durante a ocupação o nível de mestiçagem se acelerasse, pois havia menos pudor social e religioso em se ter relações sexuais com mulheres negras e indígenas.

O caráter exploratório deixou feridas abertas, no entanto, na formação sociológica e econômica do país. Principalmente pelo modelo em torno dos engenhos da cana, grandes plantações nas quais uma minoria tinha acesso à riqueza – a família dos senhores de engenho – e a grande maioria era pobre e iletrada. Totalmente diferente do modelo de colonização do norte dos Estados Unidos (e foi o norte que ganhou a guerra) e da Austrália, por exemplo, ocupados por famílias e grupos expulsos da Inglaterra e que precisaram construir uma sociedade que fosse seu efetivo lar, com intuitos de construir e não apenas explorar. O próprio Brasil veio a viver experiência similar no começo do século XX quando recebeu, após a Proclamação da República, grandes grupos de imigrantes vindos do Japão, da Itália, da Alemanha, e de outros países, que vieram com a família inteira, ocuparam pequenas terras para produzir, e tiveram a necessidade de construir e não apenas explorar.

A sociedade em torno da cana de açúcar, dividida entre a Casa Grande e a Senzala, era formada por grandes fazendas, e por um enorme abismo social e econômico, no qual as relações políticas dependiam do clientelismo e dos favores da minoria que detinha o poder. Assim foi também com as outras culturas que cresceram na colônia após a cana de açúcar, como a pecuária e o café.

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