O início da formação da nação
brasileira em sua concepção contemporânea se dá em 22 de abril de 1500, quando
embarcações portuguesas capitaneadas por Pedro Álvares Cabral chegam à costa
brasileira, na região onde hoje é a cidade de Porto Seguro, na Bahia. Há
registros que antes de 1500 outros navegadores estiveram no litoral do que hoje
é o Brasil, foram eles: João Coelho da Porta da Cruz, Vicente Yáñez Pinzón,
Diego de Lepe e Duarte Pacheco Pereira. Mas foi com Cabral que se oficializou a
ocupação em nome do Rei Dom Manuel I. Inicialmente o território brasileiro
(primeiramente chamado Terra de Vera Cruz) foi delimitado pelo Tratado de
Tordesilhas, assinado em 1494 entre Portugal e Espanha para dividir as terras
descobertas e por descobrir.
O território do Brasil era
ocupado por populações indígenas, sem nenhum grande império como Incas, Mayas
ou Aztecas, que dominavam a região da América Espanhola, mas populações
bastante grandes e territorialmente espalhadas. Eram mais de mil povos
distintos, que somavam cerca de cinco milhões de indivíduos. As maiores
populações eram a Tupiniquim e a Tupinambá, ambas parte da etnia Tupi-Guarani,
que incluía também os índios Caetés, Tabajaras, Potiguaras, Tamoios e Carijós. Outra
etnia marcante era a Tapuiá, que incluía os índios Aimorés, Goitacazes e
Tremembés.
O grupo lingüístico da família
tupi-guarani estava espalhado pelo litoral brasileiro, tinha também presença
marcante no norte, sobretudo na região que depois veio a ser o estado do Pará,
e na região central, tão forte e marcante no Paraguai a ponto do guarani até
hoje ser considerada língua oficial, ao lado do espanhol, e ser ensinada nas
escolas paraguaias.
A ocupação propriamente dita pelos
portugueses do território brasileiro se deu a partir de 1530, com a expedição
exploratória de Martim Afonso de Souza e a criação das Capitanias Hereditárias,
das quais só duas prosperaram, ambas por terem conseguido introduzir a cultura
da cana de açúcar. Prosperaram as capitanias de Pernambuco, de Duarte Coelho
Pereira, e a de São Vicente, de Martim Afonso, cujo território ia de Macaé, no
norte do atual estado do Rio de Janeiro até a Ilha do Mel, no norte do atual
estado do Paraná.
Em 1549 foi instalado o primeiro
Governo Geral, sob às ordens de Tomé de Souza, que fundou a cidade de Salvador,
tornando-a a primeira capital do Brasil. Em 1553, o governador-geral passou a
ser Duarte da Costa, responsável pela início da ocupação do que viria a ser a
cidade de São Paulo. De 1558 a 1572, o governador-geral foi Mem de Sá, a quem
coube expulsar os franceses e fundar na região por eles ocupada a cidade do Rio
de Janeiro.
Com indígenas nativos e
portugueses colonizadores emigrados, a partir de 1568 começou a chegar o
terceiro povo de participação preponderante na formação étnica do Brasil: os
negros trazidos da África como escravos. O tráfico negreiro trouxe duas etnias
africanas em especial: os sudaneses, da região da Guiné, levados para trabalhar
na capital Salvador, e os bantos, vindos de Angola, Moçambique e do Congo,
levados para trabalhar principalmente no Rio de Janeiro e em Recife.
A rápida mestiçagem entre estes
três grupos étnicos foi a principal característica sociológica de formação do
Brasil, diferentemente da formação de outros países que também misturaram
grupos étnicos similares, como Estados Unidos, África do Sul e Austrália.
Durante os primeiros séculos de
sua história moderna, a economia do Brasil cresceu em torno dos engenhos de
cana de açúcar, e este modelo foi determinante para o nível de desigualdade
social com o qual o país teria de vir a lidar futuramente. A colonização por
Portugal foi meramente exploratória. Não por coincidência, assim como também
aconteceu na América Espanhola, as regiões mais prósperas do período colonial
vieram a ser as regiões social e economicamente mais atrasadas após a independência.
Não era um modelo construtivista de ocupação, e sim meramente de exploração e
esgotamento do potencial econômico da área ocupada. Aqueles que vinham para o
Brasil buscavam o enriquecimento rápido para voltar a Portugal com ascensão
social, não se preocupavam em construir e desenvolver mais do que o suficiente
para sustentar seu negócio. Muitos dos que vinham eram mais pobres na sociedade
portuguesa, e, de certa forma, isto ajudou para que a durante a ocupação o nível
de mestiçagem se acelerasse, pois havia menos pudor social e religioso em se
ter relações sexuais com mulheres negras e indígenas.
O caráter exploratório deixou
feridas abertas, no entanto, na formação sociológica e econômica do país. Principalmente
pelo modelo em torno dos engenhos da cana, grandes plantações nas quais uma
minoria tinha acesso à riqueza – a família dos senhores de engenho – e a grande
maioria era pobre e iletrada. Totalmente diferente do modelo de colonização do
norte dos Estados Unidos (e foi o norte que ganhou a guerra) e da Austrália,
por exemplo, ocupados por famílias e grupos expulsos da Inglaterra e que
precisaram construir uma sociedade que fosse seu efetivo lar, com intuitos de construir
e não apenas explorar. O próprio Brasil veio a viver experiência similar no
começo do século XX quando recebeu, após a Proclamação da República, grandes
grupos de imigrantes vindos do Japão, da Itália, da Alemanha, e de outros países,
que vieram com a família inteira, ocuparam pequenas terras para produzir, e
tiveram a necessidade de construir e não apenas explorar.
A sociedade em torno da cana de
açúcar, dividida entre a Casa Grande e a Senzala, era formada por grandes fazendas,
e por um enorme abismo social e econômico, no qual as relações políticas dependiam
do clientelismo e dos favores da minoria que detinha o poder. Assim foi também
com as outras culturas que cresceram na colônia após a cana de açúcar, como a
pecuária e o café.
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