sábado, 10 de agosto de 2013

O Brasil na Copa do Mundo de 1930

A FIFA escolheu o Uruguai para sediar a 1ª Copa do Mundo de Futebol. Bi-campeões olímpicos, os uruguaios ainda por cima comemoravam o Centenário da Independência. Tendo convidado todos os países filiados, treze deles aceitaram o convite, e foram divididos em quatro grupos. O grupo A tinha Argentina, Chile, França e México. O grupo B tinha Brasil, Bolívia e Iugoslávia. O grupo C reunia Uruguai, Peru e Romênia. E o grupo D tinha Bélgica, Paraguai e Estados Unidos. Apenas os primeiros colocados avançavam e faziam as semi-finais.

Das 12 edições de Campeonato Sul-Americano jogadas até aquele momento, a maior havia sido em 1922, no Brasil, que reuniu cinco participantes. Eis que a primeira edição da Copa do Mundo conseguiu reunir o que o torneio local jamais havia conseguido, sete seleções da América do Sul. Só quatro europeus se deslocaram a Montevidéu, tendo pesos-pesados do futebol do Velho Continente - como Inglaterra, Itália e Alemanha - não atendido ao convite da FIFA.

Até 1930, a Seleção Brasileira só havia enfrentado clubes europeus, o Exeter City, da Inglaterra, em 1914, o Motherwell, da Escócia, em 1928, e o Ferencvaros, da Hungria, em 1929. Todos estes três jogos disputados no campo das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. O confronto no primeiro jogo do Mundial de 30 foi a primeira partida de futebol contra uma seleção européia em sua história. Brasil e Iugoslávia se enfrentaram em Montevidéu em 14 de julho de 1930.

Para dificultar ainda mais, entre 1926 e julho de 1930, a Seleção Brasileira havia jogado apenas quatro jogos, todos contra clubes. Entrosamento não haveria de existir. Já argentinos e uruguaios mantinham a base que há anos jogava junto. Se isto por si só não bastasse para fazer da missão brasileira algo muito difícil, um desacordo político entre as federações de futebol do Rio de Janeiro e de São Paulo impediu a participação de jogadores paulistas. Há de se lembrar que o Brasil vivia um conturbadíssimo momento político, com a Revolução de 30.

A delegação brasileira, convocada pelo treinador Píndaro de Carvalho, ex-zagueiro do Flamengo, foi formada por:

Goleiros: Joel (América-RJ) e Veloso (Fluminense)
Zagueiros: Itália (Vasco), Brilhante (Vasco) e Zé Luiz (São Cristóvão)
Meias: Fausto (Vasco), Hermógenes (América-RJ), Fernando (Fluminense), Benevenuto (Flamengo), Fortes (Fluminense), Ivan Mariz (Fluminense), Pamplona (Botafogo), Manoelzinho (Ipiranga, de Niterói) e Oscarino (Ipiranga, de Niterói)
Atacantes: Araken Patusca (Santos), Nilo (Botafogo), Preguinho (Fluminense), Poly (Americano-RJ), Teóphilo (São Cristóvão), Carvalho Leite (Botafogo), Moderato (Flamengo), Russinho (Vasco), Doca (São Cristóvão) e Benedicto (Botafogo)

Dado que pelo histórico de jogos nos anos 1920, a Bolívia não deveria oferecer grande resistência nem a brasileiros nem a iugoslavos, a estréia valia a presença na semi-final. O Brasil entrou em campo com: Joel, Brilhante e Itália, Hermógenes, Fausto e Fernando, Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teóphilo.

A missão brasileira se complicou logo no primeiro tempo, Aleksandar Tirnanic aos 21 minutos e Ivan Bek aos 30 minutos colocaram o placar em 2 x 0 para a Iugoslávia. No segundo tempo, Preguinho, aos 17 minutos, fez o primeiro gol da Seleção Brasileira na história das Copas. E ficou nisto, placar final: 2 x 1.

Copa do Mundo de 1930: Iugoslávia 2 x 1 Brasil

No segundo jogo, o Brasil ganhou a Bolívia por 4 x 0, com dois gols de Preguinho e dois de Moderato. Mas a Iugoslávia avançou, e depois foi massacrada pelo Uruguai na semi-final por 6 x 1. Argentina e Estados Unidos também foram à semi. E Argentina e Uruguai, como já era esperado por todos, fizeram a final.

Uma final sensacional, diante de 68 mil uruguaios que lotavam o Estádio Centenário. A celeste saiu na frente aos 12 minutos de jogo, com gol de Pablo Dorado. O bom e bravo time argentino virou, gols de Carlos Peucelle, aos 20, e Guillermo Stábile, aos 37, e foi para o intervalo na frente. No segundo tempo, com gols de Pedro Cea, aos 12, Santos Iriarte, aos 23, e de Héctor Castro, aos 44, o Uruguai venceu por 4 x 2 e tornou-se campeão mundial. Em casa, o maior vencedor de títulos sul-americanos e bi-campeão olímpico, confirmou seu favoritismo.

O time que conquistou a primeira Copa jogava com: Ballesteros; Nasazzi e Mascheroni; Leandro Andrade, Lorenzo Fernández e Gestido; Pablo Dorado, Hector Scarone, Héctor Castro, Jose Pedro Cea e Iriarte (o técnico era Alberto Suppici). Os argentinos que ficaram com o vice: Botasso; Della Torre e Paternoster; Juan Evaristo, Luisito Monti e Pedro Suárez; Peucelle, Varallo, Guillermo Stábile, Manuel Ferreyra e Mario Evarisro (o técnico era Francisco Olazar).

A seleção dos melhores da Copa de 30, escolhidos pela FIFA: Ballesteros (Uruguai), Nasazzi (Uruguai) e Ivkovic (Iugoslávia), Gestido (Uruguai), Leandro Andrade (Uruguai) e Luisito Monti (Argentina), Pedro Cea (Uruguai), Héctor Castro (Uruguai), Héctor Scarone (Uruguai), Stábile (Argentina) e Patenaude (EUA).

Depois da Copa, aproveitando a passagem dos europeus pela América do Sul, a Seleção Brasileira realizou três amistosos no Rio de Janeiro, contra França, Estados Unidos e Iugoslávia, e venceu os três. E desta vez reforçada pelos jogadores paulistas também.

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