A FIFA escolheu o Uruguai para
sediar a 1ª Copa do Mundo de Futebol. Bi-campeões olímpicos, os uruguaios ainda
por cima comemoravam o Centenário da Independência. Tendo convidado todos os
países filiados, treze deles aceitaram o convite, e foram divididos em quatro
grupos. O grupo A tinha Argentina, Chile, França e México. O grupo B tinha
Brasil, Bolívia e Iugoslávia. O grupo C reunia Uruguai, Peru e Romênia. E o
grupo D tinha Bélgica, Paraguai e Estados Unidos. Apenas os primeiros colocados
avançavam e faziam as semi-finais.
Das 12 edições de Campeonato
Sul-Americano jogadas até aquele momento, a maior havia sido em 1922, no
Brasil, que reuniu cinco participantes. Eis que a primeira edição da Copa do
Mundo conseguiu reunir o que o torneio local jamais havia conseguido, sete
seleções da América do Sul. Só quatro europeus se deslocaram a Montevidéu,
tendo pesos-pesados do futebol do Velho Continente - como Inglaterra, Itália e
Alemanha - não atendido ao convite da FIFA.
Até 1930, a Seleção Brasileira só
havia enfrentado clubes europeus, o Exeter City, da Inglaterra, em 1914, o
Motherwell, da Escócia, em 1928, e o Ferencvaros, da Hungria, em 1929. Todos
estes três jogos disputados no campo das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. O
confronto no primeiro jogo do Mundial de 30 foi a primeira partida de futebol
contra uma seleção européia em sua história. Brasil e Iugoslávia se enfrentaram
em Montevidéu em 14 de julho de 1930.
Para dificultar ainda mais, entre
1926 e julho de 1930, a Seleção Brasileira havia jogado apenas quatro jogos,
todos contra clubes. Entrosamento não haveria de existir. Já argentinos e
uruguaios mantinham a base que há anos jogava junto. Se isto por si só não
bastasse para fazer da missão brasileira algo muito difícil, um desacordo
político entre as federações de futebol do Rio de Janeiro e de São Paulo
impediu a participação de jogadores paulistas. Há de se lembrar que o Brasil
vivia um conturbadíssimo momento político, com a Revolução de 30.
A delegação brasileira, convocada
pelo treinador Píndaro de Carvalho, ex-zagueiro do Flamengo, foi formada por:
Goleiros: Joel (América-RJ) e Veloso (Fluminense)
Zagueiros: Itália (Vasco), Brilhante (Vasco) e Zé Luiz (São
Cristóvão)
Meias: Fausto (Vasco), Hermógenes (América-RJ), Fernando
(Fluminense), Benevenuto (Flamengo), Fortes (Fluminense), Ivan Mariz
(Fluminense), Pamplona (Botafogo), Manoelzinho (Ipiranga, de Niterói) e Oscarino
(Ipiranga, de Niterói)
Atacantes: Araken Patusca (Santos), Nilo (Botafogo), Preguinho
(Fluminense), Poly (Americano-RJ), Teóphilo (São Cristóvão), Carvalho Leite
(Botafogo), Moderato (Flamengo), Russinho (Vasco), Doca (São Cristóvão) e
Benedicto (Botafogo)
Dado que pelo histórico de jogos nos anos 1920, a Bolívia não deveria oferecer grande resistência nem a brasileiros nem a iugoslavos, a estréia valia a presença na semi-final. O Brasil entrou em campo com: Joel, Brilhante e Itália, Hermógenes, Fausto e Fernando, Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teóphilo.
A missão brasileira se complicou
logo no primeiro tempo, Aleksandar Tirnanic aos 21 minutos e Ivan Bek aos 30
minutos colocaram o placar em 2 x 0 para a Iugoslávia. No segundo tempo,
Preguinho, aos 17 minutos, fez o primeiro gol da Seleção Brasileira na história
das Copas. E ficou nisto, placar final: 2 x 1.
No segundo jogo, o Brasil ganhou
a Bolívia por 4 x 0, com dois gols de Preguinho e dois de Moderato. Mas a
Iugoslávia avançou, e depois foi massacrada pelo Uruguai na semi-final por 6 x
1. Argentina e Estados Unidos também foram à semi. E Argentina e Uruguai, como
já era esperado por todos, fizeram a final.
Uma final sensacional, diante de
68 mil uruguaios que lotavam o Estádio Centenário. A celeste saiu na frente aos
12 minutos de jogo, com gol de Pablo Dorado. O bom e bravo time argentino
virou, gols de Carlos Peucelle, aos 20, e Guillermo Stábile, aos 37, e foi para o intervalo na frente. No segundo tempo, com gols de Pedro Cea, aos 12,
Santos Iriarte, aos 23, e de Héctor Castro, aos 44, o Uruguai venceu por 4 x 2
e tornou-se campeão mundial. Em casa, o maior vencedor de títulos sul-americanos
e bi-campeão olímpico, confirmou seu favoritismo.
O time que conquistou a primeira
Copa jogava com: Ballesteros; Nasazzi e Mascheroni; Leandro Andrade, Lorenzo
Fernández e Gestido; Pablo Dorado, Hector Scarone, Héctor Castro, Jose Pedro
Cea e Iriarte (o técnico era Alberto Suppici). Os argentinos que ficaram com o
vice: Botasso; Della Torre e Paternoster; Juan Evaristo, Luisito Monti e Pedro
Suárez; Peucelle, Varallo, Guillermo Stábile, Manuel Ferreyra e Mario Evarisro
(o técnico era Francisco Olazar).
A seleção dos melhores da Copa de
30, escolhidos pela FIFA: Ballesteros (Uruguai), Nasazzi (Uruguai) e Ivkovic (Iugoslávia),
Gestido (Uruguai), Leandro Andrade (Uruguai) e Luisito Monti (Argentina), Pedro
Cea (Uruguai), Héctor Castro (Uruguai), Héctor Scarone (Uruguai), Stábile (Argentina)
e Patenaude (EUA).
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