quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Seleção Brasileira em 1967


Ainda desnorteada pela eliminação precoce na Copa do Mundo de 1966, o ano da Seleção Brasileira em 1967 foi focado em buscar uma renovação. Mas a desordem no planejamento executado prova que as ideias de como se reerguer ainda pareciam bastante confusas.

Em 1967 houve uma nova edição do Campeonato Sul-Americano, mas a Confederação Brasileira optou por não participar da competição. Foi a 10ª vez na qual o Brasil ficou de fora nas 29 edições realizadas entre 1916 e 1967. Assim como o Brasil, o Peru também não participou daquela edição, disputada no Uruguai. Por outro lado, foi a primeira vez na história na qual a Venezuela disputou o torneio.

A edição de 67 foi um octogonal com uma fase eliminatória, na qual Chile e Paraguai respectivamente eliminaram a Colômbia e Equador. A fase final para definir o título foi num hexagonal nos moldes históricos de até então, com todos se enfrentando em pontos corridos. Argentina e Uruguai confirmaram seus favoritismos, e chegaram à última rodada para lutar pelo título. Como os anfitriões tinham empatado contra o Chile, os argentinos, que tinham vencido todas as suas partidas, jogavam pelo empate para serem campeões. Entretanto, no Estádio Centenário, com um gol de um jogador que faria história no futebol brasileiro nos Anos 1970 com a camisa do São Paulo - Pedro Rocha - que marcou aos 29 minutos do 2º tempo, o Uruguai venceu por 1 a 0 e se sagrou campeão. Foi o 11º título celeste, aproximando-se da Argentina, que acumulava 12 conquistas.

Para iniciar sua trajetória naquele ano, o adversário escolhido para a Seleção Brasileira foi justamente o campeão continental daquele ano, o Uruguai. Os duelos foram disputados todos na capital uruguaia, válidos pela Copa Rio Branco. Para comandar à seleção foi chamado Aymoré Moreira, que havia tentado uma renovação frustrada da seleção em 1963, depois da qual tinha sido cortado da função de técnico do Brasil. Mas no começo daquele ano de 1967 ele havia sido campeão brasileiro a frente do Palmeiras, e seu nome ainda mantinha o prestígio como o treinador Campeão Mundial em 1962, o que o fez voltar a ser lembrado para o cargo. Desde a saída de Flávio Costa, em 1950, a função de treinador da Seleção Brasileira se alternou em trocas em torno de três nomes: Vicente Feola, e os irmãos Zezé Moreira e Aymoré.

Ele levou ao Uruguai uma seleção basicamente formada por nomes que jogavam ou em Belo Horizonte ou em Porto Alegre. A base era o time do Cruzeiro, que um ano antes havia surpreendido ao país ao ser campeão da Taça Brasil com uma goleada por 6 a 2 sobre o Santos, de Pelé, no Mineirão. Este trabalho de renovação levou à seleção três nomes que viriam a ser titulares na Copa do Mundo seguinte, em 1970: o goleiro Félix, então na Portuguesa de Desportos, o lateral-esquerdo Everaldo, do Grêmio, e o então cabeça de área Wilson Piazza, do Cruzeiro, que no México viria a jogar improvisado como zagueiro. Com estes nomes, e com o tripé de destaques cruzeirenses formado por Dirceu Lopes, Tostão e Natal, a seleção viajou para Montevidéu.

Foram três jogos e três empates: 0-0, 1-1 e 2-2. Embora não tenha conseguido nenhuma vitória, o desempenho com uma convocação de certa forma restritiva - desfalcado de nomes fortes como Pelé, Gérson e Jairzinho - era um sinal do como foi mais uma vez desperdiçada uma oportunidade de obtenção de um título sul-americano, pois a Seleção Brasileira tinha amplas condições de conquistá-lo se houvesse se apresentado com sua força máxima. Este descompromisso brasileiro em disputar o torneio naquele formato foi um entre os fatores que levaram a Confederação Sul-Americana a fazer uma revisão de modelo: depois daquela, uma nova edição só viria a acontecer em 1975, sob um novo formato, e rebatizada, passando enfim a se chamar Copa América.

Para o último compromisso em 1967, um amistoso contra o Chile em Santiago, a Seleção Brasileira viajou com uma outra configuração, formada basicamente pelo time do Botafogo - sendo comandada também pelo então técnico alvi-negro, o jovem treinador e ex-jogador recém aposentado Mário Jorge Lobo Zagallo - reforçado de algumas outras peças que jogavam por outros clubes do Rio de Janeiro, sendo assim, de certa forma, uma "Seleção Carioca". Foram 7 jogadores do Botafogo que começaram entre os titulares naquela partida. A equipe obteve uma vitória por 1 a 0, fechando seus compromissos naquele ano.



JOGOS NO ANO:

21/06/1967 - BRASIL 1 x 2 Combinado Grêmio-Internacional (Brasil)
Amistoso - Estádio Olímpico, Porto Alegre
Gols: Claudiomiro, Tostão e Élton

Brasil: Félix (Portuguesa de Desportos), Jorge Luís (Vasco) (Sadi (Internacional)), Jurandyr (São Paulo), Clóvis (Internacional) e Everaldo (Grêmio); Paes (Internacional) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Alcindo (Grêmio) (Mário Tilico (Bangu)), Tostão (Cruzeiro) e Volmir (Grêmio) (Ivair (Portuguesa de Desportos)).
Téc: Aymoré Moreira
Combinado Gre-Nal: Alberto (Grêmio), Laurício (Internacional), Aírton (Grêmio), Luís Carlos (Internacional) e Jorge Ortunho (Grêmio); Lambari (Internacional) (Sérgio Lopes (Grêmio)) e Élton (Internacional); Babá (Grêmio), João Severiano (Grêmio) (Bráulio (Internacional)), Claudiomiro (Internacional) (Loivo (Grêmio)) e Dorinho (Internacional).
Téc: Aparício Vieira


23/06/1967 - BRASIL 1 x 1 Grêmio (Brasil)
Amistoso - Estádio Olímpico, Porto Alegre
Gols: Tostão e Cléo

Brasil: Félix (Portuguesa de Desportos), Sadi (Internacional), Jurandyr (São Paulo), Roberto Dias (São Paulo) (Clóvis (Internacional)) e Everaldo (Grêmio) (Jorge Luís (Vasco)); Wilson Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro) (Paes (Internacional)); Paulo Borges (Bangu) (Natal (Cruzeiro)), Alcindo (Grêmio) (Edu Antunes (América/RJ)), Tostão (Cruzeiro) e Volmir (Grêmio) (Ivair) (Portuguesa de Desportos).
Téc: Aymoré Moreira
Grêmio: Alberto, Altemir, Aírton, Áureo e Jorge Ortunho; Cléo e Sérgio Lopes; Babá, Paulo Lumumba, Loivo e Vieira.
Téc: Carlos Froner


25/06/1967 - BRASIL 0 x 0 URUGUAI
Copa Rio Branco - Estádio Centenário, Montevidéu, Uruguai

Brasil: Félix (Portuguesa de Desportos), Sadi (Internacional), Jurandyr (São Paulo), Roberto Dias (São Paulo) e Everaldo (Grêmio); Wilson Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Alcindo (Grêmio) (Edu Antunes (América/RJ)), Tostão (Cruzeiro) e Volmir (Grêmio) (Hílton Oliveira (Cruzeiro)).
Téc: Aymoré Moreira
Uruguai: Roberto Sosa (Nacional), Pablo Forlán (Peñarol), Jorge Manicera (Nacional), Emilio Álvarez (Nacional) e Omar Caetano (Peñarol); Néstor Gonçalvez (Peñarol) e Pedro Rocha (Peñarol); Horacio Franco (Rampla Juniors) (Alberto Urbano (Defensor Sporting)), Jorge Acuña (Sud América) (Rafael Leites (Deportivo Galicia)), Héctor Salvá (Danubio) e José Urruzmendi (Nacional).
Téc: Juan Carlos Corazo


28/06/1967 - BRASIL 2 x 2 URUGUAI
Copa Rio Branco - Estádio Centenário, Montevidéu, Uruguai
Gols: Paulo Borges (23'1T), Pedro Rocha (13'2T), Paulo Borges (25'2T) e Pedro Rocha (28'2T)

Brasil: Félix (Portuguesa de Desportos), Sadi (Internacional), Jurandyr (São Paulo), Roberto Dias (São Paulo) e Everaldo (Grêmio); Wilson Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Tostão (Cruzeiro), Edu Antunes (América/RJ) (Natal (Cruzeiro)) e Hílton Oliveira (Cruzeiro).
Téc: Aymoré Moreira
Uruguai: Roberto Sosa (Nacional), Pablo Forlán (Peñarol), Jorge Manicera (Nacional), Emilio Álvarez (Nacional) e Omar Caetano (Peñarol); Néstor Gonçalvez (Peñarol) e Pedro Rocha (Peñarol); Horacio Franco (Rampla Juniors) (Alberto Urbano (Defensor Sporting) (Luis Alberto Lugo (Fénix))), Héctor Silva (Peñarol), Héctor Salvá (Danubio) e José Urruzmendi (Nacional).
Téc: Juan Carlos Corazo


01/07/1967 - BRASIL 1 x 1 URUGUAI
Copa Rio Branco - Estádio Centenário, Montevidéu, Uruguai
Gols: Dirceu Lopes (4'1T) e Pedro Rocha (33'1T)

Brasil: Félix (Portuguesa de Desportos), Sadi (Internacional), Jurandyr (São Paulo), Roberto Dias (São Paulo) e Everaldo (Grêmio); Wilson Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Tostão (Cruzeiro), Natal (Cruzeiro) e Hílton Oliveira (Cruzeiro).
Téc: Aymoré Moreira
Uruguai: Roberto Sosa (Nacional), Pablo Forlán (Peñarol), Jorge Manicera (Nacional), Emilio Álvarez (Nacional) e Omar Caetano (Peñarol); Néstor Gonçalvez (Peñarol) e Pedro Rocha (Peñarol); Alberto Urbano (Defensor Sporting), Héctor Silva (Peñarol) (Rafael Leites (Deportivo Galicia) (Hamilton Rivero) (Liverpool))), Héctor Salvá (Danubio) e José Urruzmendi (Nacional).
Téc: Juan Carlos Corazo


19/09/1967 - BRASIL 1 x 0 CHILE
Amistoso - Estádio Nacional, Santiago, Chile
Gol: Roberto Miranda (16'2T)

Brasil: Manga (Botafogo), Moreira (Botafogo), Zé Carlos (Botafogo), Leônidas (Botafogo) e Paulo Henrique (Flamengo); Denílson (Fluminense) e Gérson (Botafogo); Paulo Borges (Bangu), Roberto Miranda (Botafogo), Mário Tilico (Bangu) e Paulo César Caju (Botafogo) (Rinaldo (Fluminense)).
Téc: Mário Zagallo
Chile: Juan Olivares (Santiago Wanderers), Hugo Berly (Audax Italiano), Víctor Adriazola (Universidad Católica), Alberto Quintano (Universidad de Chile) e Eduardo Herrera (Santiago Wanderers); Ignacio Prieto (Universidad Católica) (Pedro García (Unión Española)) e Roberto Hodge (Universidad de Chile) (Roberto Ampuero (Magallanes)); Pedro Araya (Universidad de Chile), Carlos Reinoso (Audax Italiano), Leonel Sánchez (Universidad de Chile) e Alberto Fouilloux (Universidad Católica).
Téc: Alejandro Scopelli




RESUMO:

Seleção Brasileira de 1967:
Félix (Portuguesa de Desportos), Sadi (Internacional), Jurandyr (São Paulo), Roberto Dias (São Paulo) e Everaldo (Grêmio); Wilson Piazza (Cruzeiro) e Dirceu Lopes (Cruzeiro); Paulo Borges (Bangu), Tostão (Cruzeiro), Natal (Cruzeiro) (Alcindo (Grêmio)) e Volmir (Grêmio) (Hílton Oliveira (Cruzeiro)).

Artilharia: Paulo Borges (2), Tostão (2), Dirceu Lopes (1) e Roberto Miranda (1)

Participação:
6 jogos: Paulo Borges
5 jogos: Félix, Sadi, Jurandyr, Everaldo, Dirceu Lopes e Tostão
4 jogos: Roberto Dias e Wilson Piazza
3 jogos: Edu Antunes, Alcindo, Natal, Hílton Oliveira e Volmir Massaroca
2 jogos: Jorge Luís, Clóvis, Paes, Ivair e Mário Tilico
1 jogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas, Paulo Henrique, Denílson, Gérson, Roberto Miranda, Paulo César Caju e Rinaldo


Nenhum comentário:

Postar um comentário