domingo, 29 de julho de 2018

Os brasileiros no histórico Napoli dos anos 1960

No verão de 1965, o Napoli de Roberto Fiore (presidente) e Achille Lauro (presidente honorário) acabava de retornar para a Série A. Os dois decidiram então investir pesado no mercado. Contrataram à Juventus o craque argentino Omar Sivori, o "anjo do rosto sujo" tinha explodido na Itália com a camisa da Juventus. Em 19 de julho de 1965 foi recebido na estação Mergellina como se fora um herói nacional. O contratação custou 90 milhões de liras, uma quantia astronômica para a época, mas que não foi nada comparado aos 280 milhões de liras pagos aos cofres do Milan para contratar o talento endiabrado de José Altafini. Com eles, o Napoli ficou grande. Os dois craques sul-americanos se tornaram ídolos do Estádio San Paolo. O treinador Bruno Pesaola, famoso pela exuberante cabeleira e pelos 40 cigarros fumados a cada jogo, usou o talento da dupla para colocar o Napoli em 3º lugar na classificação do Campeonato Italiano na temporada 1965-66, um resultado que não era obtido havia 32 anos, desde os tempos de Vojak e Sallustro. O Scudetto foi para a Internazionale (50 pontos), e o vice foi do Bologna (46 pontos). Mas é o Napoli (fechou com 45 pontos), e ganhou a Coppa delle Alpi, quem foi a grande surpresa da temporada. A Coppa delle Alpi foi o primeiro troféu continental conquistado pelo clube napolitano: um triunfo onde você lê assinaturas claras de Cabezon (Omar Sivori) e de Mazzola (Altafini).

Cané, Altafini e Sivori

Além de Sivori e Altafini, a equipe tinha também a Cané, um ponta praticamente desconhecido no futebol brasileiro, que saiu do modesto Olaria, por quem disputava o Campeonato Carioca, para brilhar na Itália. Na temporada 1964-65, foi graças às suas atuações que o Napoli conseguiu o 2º lugar na Série B, garantindo seu retorno à Primeira Divisão. Cané foi o artilheiro do time, autor de 12 gols naquela campanha que levou o futebol napolitano de volta à elite da Itália. Na temporada 1965-66, ele repetiu a marca de 12 gols na temporada, terminando vice-artilheiro, atrás do compatriota naturalizado italiano Altafini Mazzola.

Foram anos de ouro para o Napoli, que em 1966-67 terminou a temporada em 4º lugar, atrás de Juventus, Internazionale e Bolonha. Na temporada seguinte, chegou ainda mais perto do título, ficando em 2º lugar, atrás do Milan. No verão de 1967, à meia-noite do último dia do mercado, o Napoli fez outra grande aquisição: o goleiro Dino Zoff chegava para também escrever seu nome na história do futebol italiano. O custo do sua aquisição foi de 120 milhões de liras. Zoff começava e Sivori terminava. Enquanto Altafini marcava a uma média de quase 15 gols por campeonato, "El Cabezon" Sivori se lesionou no joelho direito e começou a jogar menos. Seu ego o levou a cobrar mais espaço, mas o ritmo do Campeonato Italiano, no entanto, parecia não ser mais para ele. Em 1º de dezembro de 1968, em um jogo Napoli x Juventus, Sivori se envolveu numa briga violenta com Sandro Salvadore, após sofrer uma dura falta de Favalli. Omar Sivori acabou recebendo uma suspensão de seis jogos, o que o fez decidir voltar para a Argentina. Pouco depois anunciou que estava pendurando as chuteiras e não voltaria mais ao futebol.

Faustinho Cané

O histórico Napoli dos Anos 1960: Dino Zoff; Nardin, Panzanato, Stenti e Pogliana; Bianchi (Montefusco) e Juliano; Cané, Omar Sivori, José Altafini e Barison.


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