domingo, 23 de novembro de 2014

Conquistando enfim a América do Sul

Dando continuidade ao ciclo preparatório para a Copa de 98, a seleção de Zagallo tinha pela frente o desafio de conquistar pela primeira vez uma Copa América fora do Brasil. Os quatro títulos do torneio sul-americano até então obtidos tinham sido conquistados no Rio de Janeiro, em 1919, 1922, 1949 e 1989. O torneio daquele ano seria jogado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Na seqüência de amistosos disputados entre o segundo semestre de 1996 e o primeiro semestre de 1997, o Brasil continuava quase insuperável. Foram 12 amistosos, com 7 vitórias, 4 empates e 1 derrota. Jogando no Brasil, a seleção venceu Lituânia, Camarões, Polônia, Bósnia e Chile (4 x 0), depois foi aos EUA fazer um amistoso contra o México e venceu (4 x 0). O desempenho não foi o mesmo jogando na Europa, onde a seleção venceu a Inglaterra, mas empatou com França, Itália, Holanda e Rússia, e acabou sendo surpreendida pela Noruega, o adversário teoricamente mais fraco dentre aqueles que ela enfrentaria. Os noruegueses venceram por 4 x 2, num prenúncio do que estava por vir na Copa do Mundo de 1998, quando os noruegueses voltaram a vencer o Brasil.

A Seleção Brasileira tinha dificuldade explícita diante do estilo de jogo nórdico. Historicamente, sofreu derrotas para Dinamarca e Noruega, adversários contra os quais sempre teve dificuldade. A pomposa vitória norueguesa quebrou uma série de 40 jogos sem derrota da seleção principal do Brasil, que ficou sem perder de novembro de 1993 a abril de 1997 (só a seleção olímpica sofreu derrotas neste período).

O Brasil então foi jogar a Copa América. Os escolhidos como titulares por Zagallo: Taffarel (Atlético Mineiro), Cafu (Palmeiras), Aldair (Roma, Itália), Gonçalves (Botafogo) e Roberto Carlos (Real Madrid, Espanha), Flávio Conceição (Deportivo La Coruña, Espanha), Dunga (Jubilo Iwata, Japão), Leonardo (Paris St-Germain, França) e Denílson (São Paulo), Romário (Flamengo) e Ronaldo (Barcelona, Espanha).

A estrutura principal do time já tinha a formação que seria a titular na Copa de 98. Cafu e Roberto Carlos mantinham a tradição brasileira de laterais ofensivos, Leonardo, deslocado da lateral-esquerda para o meio-campo, fazia a armação, e no ataque uma chuva de gols com uma das maiores duplas ofensivas de sua história, a “Dupla Ro-Ro”, dos carecas Romário e Ronaldo.

Ronaldo e Romário

A Copa América mantinha o formato de disputa com doze seleções, tendo as convidadas, desta vez, sido Costa Rica e México. E ambos caíram no grupo do Brasil na primeira fase, que tinha também a Colômbia.

Na estréia, a Seleção Brasileira não tomou conhecimento da Costa Rica, meteu 5 x 0, com dois de Ronaldo, um de Romário, outro de Djalminha e ainda um gol contra.

Na segunda rodada, a maior atuação brasileira naquela competição. O México terminou o primeiro tempo vencendo por 2 x 0, gols de Luis Hernández, mas o Brasil conseguiu uma virada histórica no segundo tempo. Aldair diminuiu logo aos dois minutos, com um gol contra o empate veio ainda aos quatorze, e aos trinta e dois Leonardo decretou a sensacional virada.


Na última rodada, já classificado, o Brasil ainda fez 2 x 0 na Colômbia. Nos outros grupos, o Uruguai perdeu para Peru e Bolívia e acabou eliminado ainda na primeira fase. Já a Argentina, empatou com Equador e Paraguai, avançando apenas em segundo lugar. A Seleção Brasileira detinha, indiscutivelmente, o melhor futebol naquela Copa América, faltava consolidar com o título.

Nas quartas de final, Ronaldo fez dois e ainda perdeu um pênalti, defendido por Jose Luis Chilavert, do Paraguai. Vitória por 2 x 0 do Brasil. Veio então, na semi-final, o ápice do show brasileiro. O adversário era o Peru, que havia eliminado a Argentina nas quartas. Com gols de Denílson, Flávio Conceição, Romário e Leonardo, o primeiro tempo terminou 4 x 0 para o time canarinho. No segundo tempo, gols de Romário, Leonardo e Djalminha e uma sonora e retumbante goleada: Brasil 7 x 0 Peru!

Na outra semi-final, a Bolívia, de Erwin Sánchez e Marco Etcheverry, venceu o México e, dentro de casa, avançou para enfrentar o Brasil na final. Os bolivianos lutaram, mas não conseguiram. Edmundo abriu o marcador, e logo a seguir Sánchez empatou. Depois Ronaldo e Zé Roberto sacramentaram a vitória: Brasil 3 x 1 Bolívia.


Pela primeira vez em sua história, a Seleção Brasileira conseguia conquistar uma Copa América jogando fora do Brasil. E a partir dali conquistaria uma hegemonia, conquistando três das quatro Copa Américas seguintes.



Ficha Técnica
BRASIL 3 x 1 BOLÍVIA
Gols: Edmundo (40'1T), Erwin Sánchez (45’1T), Ronaldo (34’2T) e Zé Roberto (45’2T)

BRASIL: Taffarel; Cafu, Aldair, Gonçalves e Roberto Carlos; Flávio Conceição (Zé Roberto), Dunga, Leonardo (Mauro Silva) e Denilson; Edmundo (Paulo Nunes) e Ronaldo.

BOLÍVIA: Carlos Trucco; Juan Manuel Peña, Sergio Castillo, Oscar Sánchez e Marco Sandy; Vladimir Soria, Luis Cristaldo, Julio César Baldivieso e Erwin Sánchez; Marco Etcheverry e Jaime Moreno (Milton Coimbra).



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