As competições de categorias de
base começaram a ser disputadas no futebol ainda na década de 1950. O primeiro
Campeonato Sul-Americano Sub-20 foi disputado em 1954. O Brasil, no entanto,
não conseguiu destaque nas primeiras disputas, só na década de 1980 a seleção canarinho começou a
se destacar.
Entre 1954 e 1981, em dez edições
do Sul-Americano Sub-20, o dominante foi o futebol do Uruguai, que se sagrou
sete vezes campeão; Argentina, Paraguai e Brasil conquistaram um título cada. O
cenário começou a mudar a partir das gerações Sub-20 de 1983 e 1985, que levaram a
Seleção Brasileira a dois títulos consecutivos. Depois, entre 88 e 95, o Brasil foi tetra-campeão. Até 2013 foram 26 edições do torneio, o Brasil foi campeão de
11 delas, o Uruguai estacionou em 7, a Argentina ganhou 4 vezes, a Colômbia 3
vezes e o Paraguai tem um título.
Já no Campeonato Sul-Americano
Sub-17, cuja primeira edição ocorreu em 1991, a dominância da Seleção
Brasileira na América do Sul é absoluta: até 2013, em 12 edições, o Brasil foi
9 vezes campeão, tendo a Argentina conquistado o torneio em duas oportunidades
e a Colômbia em uma.
O Brasil também domina a
categoria a nível internacional. O Mundial Sub-17 começou a ser disputado em
1991, e em 12 edições jogadas até 2013, a Seleção Brasileira foi quem mais
vezes conquistou o título, em 1997, 1999 e 2003. A Nigéria também tem três
títulos (1993, 2007 e 2013) e houve muitos títulos de países que não costumam
figurar entre os finalistas da Copa do Mundo: entre os africanos, Gana foi
campeã duas vezes (1991 e 1995), mesma quantidade de títulos do surpreendente
México (2005 e 2011). Dentre os europeus, a França levantou o troféu máximo
nesta categoria em 2001, e a surpreendente Suíça sagrou-se campeã em 2009. Além
do recorde de títulos, o Brasil também é a seleção com mais presença em finais,
pois foi vice-campeão em 1995 e 2005, marcando presença em cinco finais, tendo
nigerianos e ganeses chegado a quatro cada.
Já o Mundial Sub-20 foi
introduzido pela FIFA em 1977. A seleção que mais vezes conquistou o título foi
a Argentina, seis vezes campeã (1979, 1995, 1997, 2001, 2005 e 2007). O Brasil
foi campeão de cinco edições (1983, 1985, 1993, 2003 e 2011). Em seguida, quem
tem mais títulos é Portugal, bi-campeão em 1989 e 1991. União Soviética (1977),
Alemanha (1981), Iugoslávia (1987), Espanha (1999), Gana (2009) e França (2013)
foram os que conquistaram uma vez o título máximo da categoria até 20 anos.
Uma outra oportunidade dos jovens
brilharem foi no torneio de futebol masculino dos Jogos Olímpicos. Até a edição
de 1980 só era permitida a participação de atletas amadores nas Olimpíadas,
assim, os times de futebol do ocidente eram representados por equipes com
jovens que tinham no máximo 21 anos. Nos países sob regime socialista, no entanto,
não havia profissionalismo, já que todos os atletas eram sustentados pelo
estado, logo estes países disputavam o torneio com suas seleções adultas,
levando uma natural vantagem. Entre 1952 e 1980 foram oito conquistas
consecutivas de seleções do bloco socialista: Hungria em 1952, União Soviética
em 1956, Iugoslávia em 1960, mais dois títulos da Hungria, em 1964 e 1968, um
título da Polônia em 1972, um da Alemanha Oriental em 1976 e, por último, da
Tchecoslováquia em 1980.
A partir dos jogos de 1984, nos
Estados Unidos, passou-se a aceitar a presença de atletas profissionais. No
futebol, porém, a FIFA não queria um segundo torneio global para dividir
atenções com a Copa do Mundo, impôs então uma restrição: nos jogos de 1984 e
1988 nenhuma seleção podia ter jogadores que já tivessem jogado um Mundial.
Isto deu oportunidade a muitos jovens que despontavam. A partir da edição de
1992 a regra voltou a mudar, desta vez a disputa passou a ser entre equipes Sub-23, podendo cada uma, entretanto, ter três jogadores acima deste limite de
idade, tivessem jogado uma Copa ou não.
Com estas duas vitrines para os
jovens mostrarem talento, a Seleção Brasileira, nestes anos, endossou, para
todos, a força técnica e dominante do futebol brasileiro. A primeira conquista
foi o título do Mundial Sub-20 em 1983.
O cenário era o mesmo do último título
que a camisa canarinho tinha conquistado no futebol profissional: torneio no México e com a seleção jogando seus primeiros jogos na cidade de Guadalajara. A estréia,
no entanto, não foi com vitória, o Brasil empatou em 1 x 1 com a Holanda. O
grupo brasileiro era bem difícil. Além de holandeses, tinha soviéticos e nigerianos. No segundo jogo, construiu-se uma vitória fácil sobre a Nigéria
por 3 x 0. Na última partida da primeira fase, um vitória de 2 x 1 em cima da
União Soviética e os canários avançaram soberanos na primeira colocação do
grupo.
Vieram as quartas de final e o Brasil mostrou sua força, avisando que era candidato ao título. Com uma
goleada por 6 x 1 sobre a Tchecoslováquia, avançou para jogar contra a Coréia do
Sul na semi-final, na qual era favorito absoluto diante do nascente futebol
coreano. Mas o jogo foi mais duro do que o imaginado. A seleção tomou um susto
quando Kim Jong Boo abriu o placar logo no início da partida. Oito minutos
depois o camisa 10 Gilmar empatou, deixando o país menos assustado. O gol da
vitória saiu só a dez minutos do fim do jogo, feito pelo camisa 9 Marinho Rã.
O Brasil foi para a final, no Estádio
Azteca, na Cidade do México, palco da conquista da Copa do Mundo de 1970, para
enfrentar seu maior rival, a Argentina. O jogo, como não poderia deixar de ser,
foi duríssimo e disputadíssimo. Com um gol do camisa 8 Geovani, que acabou
eleito como melhor jogador do torneio, a seleção canarinho venceu por 1 x 0 e
sagrou-se campeã. O time do técnico Jair Pereira era formado por: Hugo
(Flamengo), Jorginho (Flamengo), Boni (São Paulo), Aloísio (Internacional) e
Heitor (Flamengo), Dunga (Internacional), Geovani (Vasco) e Gilmar Popoca (Flamengo),
Mauricinho (Vasco), Marinho Rã (Portuguesa de Desportos) e Paulinho Carioca
(Fluminense). Na reserva, mas tendo jogado cinco dos seis jogos, sendo inclusive
titular nas quartas e na semi-final, estava o atacante Bebeto, do Flamengo. Apenas
três jogadores deste time jogaram uma Copa do Mundo: Jorginho, Dunga e Bebeto.
No ano seguinte, em 1984, o
Brasil mandou o time do Internacional, de Porto Alegre, mesclado a alguns
jovens deste time de 1983 para jogar as Olimpíadas. A seleção olímpica avançou à
final, na qual acabou derrotada por 2 x 0 pela França. O Brasil ficou com a
Medalha de Prata. O time foi treinado por Jair Picerni e jogava com: Gilmar
Rinaldi (Internacional), Ronaldo (Corinthians), Pinga (Internacional), Mauro
Galvão (Internacional) e André Luís (Internacional), Ademir (Internacional),
Dunga (Internacional) e Gilmar Popoca (Flamengo), Tonho (Internacional), Kita
(Internacional) e Silvinho (Internacional).
Em 1985, o Brasil de novo era
campeão do Mundial Sub-20. Numa campanha avassaladora e irretocável, venceu seus seis jogos e sofreu apenas um gol, logo na estréia. O torneio foi
disputado na União Soviética, e o Brasil venceu Eire (2 x 1), Espanha (2 x 0),
Arábia Saudita (1 x 0), Colômbia (6 x 0), Nigéria (2 x 0) e na final novamente à
Espanha, desta vez por 1 x 0, gol do zagueiro Henrique.
O time brasileiro era treinado
por Gilson Nunes. Os titulares: Taffarel (Internacional), Luciano (Portuguesa
de Desportos), Luís Carlos (Grêmio), Henrique (Grêmio) e Dida (Coritiba), João
Antônio (Grêmio), Tosin (Guarani) e Silas (São Paulo), Muller (São Paulo), Gérson
(Guarani) e Balalo (Internacional). Novamente, só três jogadores deste time
chegariam a jogar uma Copa do Mundo: Cláudio Taffarel, Silas e Muller.
A última conquista nesta
seqüência dos anos 1980 foi nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. O time, treinado por Carlos Alberto Silva, ficou, mais uma vez, com a Medalha de Prata. Nesta
equipe surgiria uma dupla de ataque que marcou época no futebol mundial: Bebeto
e Romário, responsáveis diretos pelas conquistas da Copa América de 1989 e da
Copa do Mundo de 1994.
O time olímpico brasileiro: Taffarel
(Internacional), Luís Carlos Winck (Internacional), Aloísio (Internacional),
André Cruz (Ponte Preta) e Jorginho (Flamengo), Andrade (Flamengo), Ademir (Cruzeiro),
Geovani (Vasco) e Milton (Coritiba), Bebeto (Flamengo) e Romário (Vasco). A campanha brasileira teve vitórias sobre Nigéria (4 x 0), Austrália (3 x 0),
Iugoslávia (2 x 1) e Argentina (1 x 0). Na semi-final, o Brasil empatou em 1 x
1 com a Alemanha, vencendo por 3 x 2 nos pênaltis, marca registrada do heroísmo
de Taffarel, que viria a ser marcante nas vitórias em disputas de pênaltis nas Copas
do Mundo de 1994 e 1998. Na final, o Brasil abriu o marcador com Romário, mas
permitiu a virada da União Soviética, que acabou com o ouro ao vencer por 2 x
1.
Uma geração marcante de jovens,
na qual emergiram Taffarel, Jorginho, André Cruz, Mauro Galvão, Dunga, Geovani,
Silas, Muller, Bebeto e Romário. Bi-campeão Mundial Sub-20 em 1983 e 1985.
Medalha de prata nas Olimpíadas de 1984 e 1988.
Romário marca sobre a URSS nas Olimpíadas de 88
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