Faltavam poucos detalhes na
cabeça de Telê Santana para fechar o grupo dos 22 da Copa. O time-base em 1981
jogava com João Leite (Atlético Mineiro), Edevaldo (Fluminense), Oscar (São
Paulo), Luizinho (Atlético Mineiro) e Júnior (Flamengo), Toninho Cerezo
(Atlético Mineiro), Paulo Isidoro (Grêmio), Sócrates (Corinthians) e Zico
(Flamengo), Reinaldo (Atlético Mineiro) e Éder (Atlético Mineiro). Falcão ainda
esteve fora do time titular durante aquela temporada. No gol, Valdir Peres
começava a assumir a titularidade já no segundo semestre de 81. Leandro e
Falcão ganhariam a titularidade no decorrer dos jogos preparatórios. A dúvida
que permaneceria até o último minuto era de quem seria o centroavante titular.
Os dois centroavantes que
despontavam como favoritos para ser o homem-gol daquela equipe se lesionaram:
Careca, do Guarani, e Reinaldo, do Atlético Mineiro. A imprensa carioca clamava
por Roberto Dinamite, do Vasco. Telê o testou nos jogos preparatórios, assim
como deu uma chance também a Baltazar, do Grêmio. Mas quem assumiu a camisa 9
foi Serginho Chulapa, do São Paulo. Era um jogador que fugiu completamente às
tradições brasileiras para aquela posição, desprovido de técnica apurada, era
um atacante pesado, com seu 1,91 metro. Era brigador, não tinha habilidade nos
pés, e com sua força física, ainda que meio desengonçado, vinha fazendo gols
com a camisa são-paulina. Telê confiou nele.
Às vésperas da convocação final
perduravam poucas dúvidas. Na lateral-direita quem seria o reserva de Leandro?
Edevaldo ou Perivaldo, do Botafogo? No meio, dois jogadores do Flamengo tinham
chances de convocação, Vítor, que era reserva de Andrade no time, mas caíra nas
graças de Telê, e Adílio. E no ataque a última dúvida era na ponta-esquerda: Dirceu,
que, em litígio, estava de saída do Atlético de Madrid, ou Mário Sérgio, do São
Paulo.
Eis os 22 escolhidos por Telê
Santana para a Copa do Mundo de 1982:
Goleiros: Valdir Peres (São Paulo), Carlos (Ponte Preta) e Paulo
Sérgio (Botafogo)
Laterais: Leandro (Flamengo), Edevaldo (Internacional), Júnior
(Flamengo) e Pedrinho (Vasco)
Zagueiros: Oscar (São Paulo), Luizinho (Atlético Mineiro), Edinho
(Udinese, Itália) e Juninho Fonseca (Ponte Preta)
Meias: Toninho Cerezo (Atlético Mineiro), Batista (Grêmio), Falcão
(Internacional), Sócrates (Corinthians), Zico (Flamengo), Paulo Isidoro
(Grêmio) e Renato Paulista (São Paulo)
Atacantes: Serginho (São Paulo), Roberto Dinamite (Vasco), Éder
(Atlético Mineiro) e Dirceu (Atlético de Madrid, Espanha).
A 12ª Copa do Mundo foi jogada na
Espanha. As surpresas nas Eliminatórias foram as eliminações de Uruguai e
Holanda. Desta vez, pela primeira vez na história, o Mundial passava a ter 24
seleções, buscando-se ampliar ainda mais a popularidade do futebol
pelo mundo. Este processo foi comandado pelo brasileiro João Havelange, presidente
da FIFA de 1974 a 1998. A ampliação de participantes aumentava as vagas de
outros continentes onde o futebol tinha menos presença, e foi um processo que
desagradou muito aos europeus, que sempre se puseram contrários à iniciativa e fizeram muitas críticas, pois queriam a Copa mais enxuta, quase que uma
Eurocopa acrescida de Brasil e Argentina.
Os 24 participantes foram
divididos em 6 grupos de quatro. Os dois primeiros colocados de cada grupo
avançavam à segunda fase, onde as doze seleções remanescentes formavam quatro
grupos de três, com os primeiros colocados de cada grupo avançando à
semi-final. Esta foi a única Copa do Mundo que teve este formato. O Grupo A
tinha Itália, Polônia, Peru e Camarões. O Grupo B tinha Alemanha Ocidental,
Áustria, Chile e Argélia. O Grupo C tinha Argentina, Bélgica, Hungria e El
Salvador. O Grupo D tinha Inglaterra, França, Tchecoslováquia e Kuwait. O Grupo
E tinha Espanha, Iugoslávia, Irlanda do Norte e Honduras. E o Grupo F tinha
Brasil, União Soviética, Escócia e Nova Zelândia.
A grande surpresa da primeira
fase foram os africanos de Camarões, que, liderados por Roger Milla,
conseguiram um surpreendente empate com a seleção italiana por 1 x 1. O
resultado quase eliminou os italianos, que com apenas três empates, contra
Polônia, Peru e Camarões, avançaram à segunda fase. A grande surpresa, no
entanto, foi a vitória de 2 x 1 da Argélia sobre a Alemanha. Os argelinos ainda
viriam a vencer ao Chile e por muito pouco não conseguiram a classificação, que
acabou com alemães e austríacos. O futebol africano dava sinais de rápido
crescimento e amadurecimento, nada a ver com a frágil e ingênua equipe do Zaire
que entrou em campo na Copa de 1974.
A ampliação do número de
participantes buscava fortalecer outros centros, como Ásia, África e Américas
Central e do Norte de médio a longo prazo. Num primeiro momento, sem dúvidas,
propiciou a chegada de equipes com nível técnico muito mais limitado do que o
das principais seleções. Um sinal disto foi que naquele Mundial materializou-se
a maior goleada da história das Copas. Muitas já tinham sido as vitórias de
nove gols nas Copas, a últimas delas da Iugoslávia sobre o Haiti na Copa de 74,
mas ninguém nunca havia chegado aos dois dígitos no placar. Na Copa de 82 se
chegou, a Hungria venceu El Salvador por implacáveis 10 x 1.
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