Depois de muitos anos, a América
do Sul voltou a realizar um torneio continental, e em formato novo: a Copa
América. A proposta era não haver mais sede fixa, como era no Campeonato
Sul-Americano, os jogos seriam em “ida e volta”.
Era um conceito novo, para tentar
por uma pá de cal nos problemas que acabaram levando à extinção do antigo
torneio do continente. O Campeonato Sul-Americano teve 29 edições entre 1916 e
1967. A Argentina foi campeã em 12 oportunidades. O Uruguai venceu 11 vezes. O
Brasil conquistou apenas 3 títulos. Nos outros três torneios que completam a
lista, Paraguai, Peru e Bolívia venceram uma vez cada um. A Seleção Brasileira
não participou de 10 edições e em 3 não enviou sua seleção principal.
A Copa América de 1975 reuniu as
10 seleções do continente, e o torneio foi o único evento da seleção
profissional naquele ano. O Brasil não enviou sua seleção principal. Disputou a
Copa América com a Seleção Mineira, que era um combinado entre os times do
Cruzeiro e do Atlético Mineiro, os dois grandes rivais de Belo Horizonte, a
capital do estado de Minas Gerais. O time cruzeirense já tinha a base que
conquistaria a Taça Libertadores da América de 1976, o segundo time brasileiro
a conseguir este feito, depois do Santos, de Pelé, bi-campeão em 1962 e 1963.
O técnico era Osvaldo Brandão,
que escalou como seus titulares: Raul (Cruzeiro), Nelinho (Cruzeiro), Vantuir
(Atlético Mineiro), Wilson Piazza (Cruzeiro) e Getúlio (Atlético Mineiro),
Vanderlei (Atlético Mineiro), Danival (Atlético Mineiro), Roberto Batata
(Cruzeiro) e Palhinha (Cruzeiro), Campos (Atlético Mineiro) e Romeu (Atlético
Mineiro).
Na primeira fase, o grupo
brasileiro tinha Argentina e Venezuela. Só um avançava à semi-final. A Seleção
Brasileira goleou duas vezes os venezuelanos, por 4 x 0 em Caracas e por 6 x 0
em Belo Horizonte, e venceu duas vezes a Argentina, por 2 x 1 em Belo Horizonte
e por 1 x 0 em Santa Fé, eliminando seu maior rival do torneio. Na semi-final,
o Brasil perdeu por 3 x 1 para o Peru na capital mineira. Ainda conseguiu uma
vitória em Lima, mas não foi suficiente para a classificação. Os peruanos
avançaram à final, na qual venceram a Colômbia e sagraram-se campeões. Um
grande time, no qual se destacam o zagueiro Hector Chumpitaz e uma linha de
frente com Juan Carlos Oblitas, Oswaldo Ramírez e Teófilo Cubillas. Mas é
difícil acreditar que o Brasil não teria sido o campeão se tivesse enviado sua
seleção principal.
Os outros compromissos de 1975
foram com a Seleção Amadora, formada por jovens com menos de 20 anos, que jogou
os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Olímpicos. Destaque para a vitória de 14 x 0
destes garotos sobre a Nicarágua nos jogos do continente.
Em 1976, a Seleção Brasileira
jogou dois torneios e sagrou-se campeã de ambos. Na Taça do Atlântico, um quadrangular
contra argentinos, uruguaios e paraguaios, do qual o Brasil já sagrara-se
campeão nas duas edições anteriores, em 1956 e 1960, o Brasil venceu argentinos
e uruguaios duas vezes cada, empatou com o Paraguai em Assunção e venceu no
Maracanã. A dificuldade já descrita para vencer o Campeonato Sul-Americano não
se repetia em outras competições sul-americanas. Mas as dificuldades eram
parecidas, no jogo contra o Uruguai, no Maracanã, uma pancadaria generalizada
marcou o fim do jogo.
No outro torneio do ano, o Brasil
sagrou-se campeão do Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, vencendo seus
três jogos, contra Inglaterra, EUA e Itália, esta última com uma implacável
goleada por 4 x 1, com dois gols de Gil, e Zico e Roberto Dinamite marcando uma
vez cada. O treinador da seleção era Osvaldo Brandão - bi-campeão brasileiro
com o Palmeiras em 1972 e 1973 - e os titulares utilizados naquele ano foram: Leão
(Palmeiras), Getúlio (Atlético Mineiro), Miguel (Fluminense), Amaral (Guarani)
e Marco Antônio (Vasco), Falcão (Internacional), Zico (Flamengo) e Rivellino
(Fluminense), Gil (Fluminense), Roberto Dinamite (Vasco) e Lula
(Internacional). Era uma equipe já bastante renovada em relação à que havia
jogado a Copa de 74. No fim do ano, o time brasileiro ainda venceu a União
Soviética por 2 x 0, em amistoso jogado no Maracanã.
A seleção vinha obtendo uma
seqüência de bons resultados. E prosseguiu com um bom desempenho no começo de
1977. Venceu a Bulgária e a Seleção Paulista e embarcou para a Colômbia para
iniciar a disputa das Eliminatórias. Venceu ao Millonarios em amistoso
preparatório e na estréia não saiu de um empate sem gols com a Colômbia em
Bogotá. Na volta ao Brasil, de forma um tanto surpreendente, Osvaldo Brandão
pediu demissão, alegando estafa e, por suas palavras: “para não causar maiores
problemas à CBD”. Foi um pedido de demissão um tanto enigmático e nunca bem
esclarecido.
A saída de Osvaldo Brandão causou
mais uma guerra de mídia entre as imprensas esportivas de São Paulo e do Rio de
Janeiro. Os paulistas acusavam a imprensa carioca de ter sido a responsável
pela queda do treinador, que em seu curriculum já havia conquistado o
Campeonato Paulista com Corinthians, São Paulo e Palmeiras. A acusação se
acirrou ainda mais pelo fato de todos os cotados a substituí-lo trabalharem no
futebol carioca.
O fato é que com a saída de Brandão, em fevereiro de
77, iniciou-se a preparação efetiva para a Copa na Argentina, em 1978. A CBD
tinha dois nomes para substituí-lo: Mário Travaglini, do Fluminense, ex-treinador
de Palmeiras e Vasco, ou Cláudio Coutinho, do Flamengo, integrante das
comissões técnicas de Zagallo nas Copas do Mundo de 1970 e 1974, e treinador da
seleção amadora que disputou os Jogos Olímpicos de 1976. Entre os dois,
optou-se por Coutinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário