sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Rediscutindo a relação com a América do Sul

Depois de muitos anos, a América do Sul voltou a realizar um torneio continental, e em formato novo: a Copa América. A proposta era não haver mais sede fixa, como era no Campeonato Sul-Americano, os jogos seriam em “ida e volta”.

Era um conceito novo, para tentar por uma pá de cal nos problemas que acabaram levando à extinção do antigo torneio do continente. O Campeonato Sul-Americano teve 29 edições entre 1916 e 1967. A Argentina foi campeã em 12 oportunidades. O Uruguai venceu 11 vezes. O Brasil conquistou apenas 3 títulos. Nos outros três torneios que completam a lista, Paraguai, Peru e Bolívia venceram uma vez cada um. A Seleção Brasileira não participou de 10 edições e em 3 não enviou sua seleção principal.

A Copa América de 1975 reuniu as 10 seleções do continente, e o torneio foi o único evento da seleção profissional naquele ano. O Brasil não enviou sua seleção principal. Disputou a Copa América com a Seleção Mineira, que era um combinado entre os times do Cruzeiro e do Atlético Mineiro, os dois grandes rivais de Belo Horizonte, a capital do estado de Minas Gerais. O time cruzeirense já tinha a base que conquistaria a Taça Libertadores da América de 1976, o segundo time brasileiro a conseguir este feito, depois do Santos, de Pelé, bi-campeão em 1962 e 1963.

O técnico era Osvaldo Brandão, que escalou como seus titulares: Raul (Cruzeiro), Nelinho (Cruzeiro), Vantuir (Atlético Mineiro), Wilson Piazza (Cruzeiro) e Getúlio (Atlético Mineiro), Vanderlei (Atlético Mineiro), Danival (Atlético Mineiro), Roberto Batata (Cruzeiro) e Palhinha (Cruzeiro), Campos (Atlético Mineiro) e Romeu (Atlético Mineiro).

Na primeira fase, o grupo brasileiro tinha Argentina e Venezuela. Só um avançava à semi-final. A Seleção Brasileira goleou duas vezes os venezuelanos, por 4 x 0 em Caracas e por 6 x 0 em Belo Horizonte, e venceu duas vezes a Argentina, por 2 x 1 em Belo Horizonte e por 1 x 0 em Santa Fé, eliminando seu maior rival do torneio. Na semi-final, o Brasil perdeu por 3 x 1 para o Peru na capital mineira. Ainda conseguiu uma vitória em Lima, mas não foi suficiente para a classificação. Os peruanos avançaram à final, na qual venceram a Colômbia e sagraram-se campeões. Um grande time, no qual se destacam o zagueiro Hector Chumpitaz e uma linha de frente com Juan Carlos Oblitas, Oswaldo Ramírez e Teófilo Cubillas. Mas é difícil acreditar que o Brasil não teria sido o campeão se tivesse enviado sua seleção principal.

Os outros compromissos de 1975 foram com a Seleção Amadora, formada por jovens com menos de 20 anos, que jogou os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Olímpicos. Destaque para a vitória de 14 x 0 destes garotos sobre a Nicarágua nos jogos do continente.

Em 1976, a Seleção Brasileira jogou dois torneios e sagrou-se campeã de ambos. Na Taça do Atlântico, um quadrangular contra argentinos, uruguaios e paraguaios, do qual o Brasil já sagrara-se campeão nas duas edições anteriores, em 1956 e 1960, o Brasil venceu argentinos e uruguaios duas vezes cada, empatou com o Paraguai em Assunção e venceu no Maracanã. A dificuldade já descrita para vencer o Campeonato Sul-Americano não se repetia em outras competições sul-americanas. Mas as dificuldades eram parecidas, no jogo contra o Uruguai, no Maracanã, uma pancadaria generalizada marcou o fim do jogo.


No outro torneio do ano, o Brasil sagrou-se campeão do Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, vencendo seus três jogos, contra Inglaterra, EUA e Itália, esta última com uma implacável goleada por 4 x 1, com dois gols de Gil, e Zico e Roberto Dinamite marcando uma vez cada. O treinador da seleção era Osvaldo Brandão - bi-campeão brasileiro com o Palmeiras em 1972 e 1973 - e os titulares utilizados naquele ano foram: Leão (Palmeiras), Getúlio (Atlético Mineiro), Miguel (Fluminense), Amaral (Guarani) e Marco Antônio (Vasco), Falcão (Internacional), Zico (Flamengo) e Rivellino (Fluminense), Gil (Fluminense), Roberto Dinamite (Vasco) e Lula (Internacional). Era uma equipe já bastante renovada em relação à que havia jogado a Copa de 74. No fim do ano, o time brasileiro ainda venceu a União Soviética por 2 x 0, em amistoso jogado no Maracanã.

A seleção vinha obtendo uma seqüência de bons resultados. E prosseguiu com um bom desempenho no começo de 1977. Venceu a Bulgária e a Seleção Paulista e embarcou para a Colômbia para iniciar a disputa das Eliminatórias. Venceu ao Millonarios em amistoso preparatório e na estréia não saiu de um empate sem gols com a Colômbia em Bogotá. Na volta ao Brasil, de forma um tanto surpreendente, Osvaldo Brandão pediu demissão, alegando estafa e, por suas palavras: “para não causar maiores problemas à CBD”. Foi um pedido de demissão um tanto enigmático e nunca bem esclarecido.

A saída de Osvaldo Brandão causou mais uma guerra de mídia entre as imprensas esportivas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os paulistas acusavam a imprensa carioca de ter sido a responsável pela queda do treinador, que em seu curriculum já havia conquistado o Campeonato Paulista com Corinthians, São Paulo e Palmeiras. A acusação se acirrou ainda mais pelo fato de todos os cotados a substituí-lo trabalharem no futebol carioca.

O fato é que com a saída de Brandão, em fevereiro de 77, iniciou-se a preparação efetiva para a Copa na Argentina, em 1978. A CBD tinha dois nomes para substituí-lo: Mário Travaglini, do Fluminense, ex-treinador de Palmeiras e Vasco, ou Cláudio Coutinho, do Flamengo, integrante das comissões técnicas de Zagallo nas Copas do Mundo de 1970 e 1974, e treinador da seleção amadora que disputou os Jogos Olímpicos de 1976. Entre os dois, optou-se por Coutinho.

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