quinta-feira, 18 de julho de 2013

Anos sem Copa do Mundo

Os anos de 1940 foram de intensas mudanças no campo político, brasileiro e mundial. Em setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia, marco de início da Segunda Guerra Mundial. Em função do conflito bélico que atinge e leva destruição a ampla parte da Europa, não houve as Copas do Mundo de 1942 e 1946.

No Brasil, são os últimos anos da Ditadura de Getúlio Vargas. O líder que ocupou o governo de 1930 a 1945, era amplamente popular pelas reformas trabalhistas adotadas por seu governo, mas ao mesmo tempo tinha simpatia pelo Fascismo adotado por Mussolini na Itália, a ponto de cogitar a possibilidade de aliar-se a Alemanha e Itália na guerra. Vargas foi o responsável por prender e enviar aos alemães a Olga Benário, judia radicada no Brasil, e esposa do líder comunista Luís Carlos Prestes; Olga foi executada pelos Nazistas num campo de extermínio em 1942.

Apesar da simpatia de Vargas pelos regimes autoritaristas europeus, o clamor popular levou o Brasil a entrar como aliado de Inglaterra, França e Estados Unidos, e também pôde sentir-se vencedor na Segunda Guerra Mundial, pois o exército brasileiro confrontou-se e venceu tropas do exército da Alemanha e da Itália na batalha de Monte Castello, em solo italiano. A batalha durou três meses, entre dezembro de 1944 e fevereiro de 1945. As tropas aliadas tiveram a presença majoritária de soldados brasileiros e ocorreram sob as ordens brasileiras do comandante Mascarenhas de Morais. Em abril, novo embate entre o exército brasileiro e as forças nazifascistas, na Batalha de Montese, com o exército do Brasil novamente logrando vantagem. Episódios relativamente pequenos na dimensão daquela guerra, que tomava todo o continente europeu, mas razões inquestionáveis para um orgulho nacional imenso.

Mas em 1945, ano do fim da Segunda Guerra Mundial, no Brasil foi também o fim da Ditadura Vargas. Na eleição do fim daquele ano, que marcou o início do período conhecido como República Nova, o general Eurico Gaspar Dutra, candidato da aliança entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) venceu, com 55% dos votos, ao brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da União Democrática Nacional (UDN). Na eleição seguinte, em 1950, Getúlio Vargas, candidato pelo PTB, voltou ao poder desta vez numa eleição, e com 49% dos votos superou ao brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, e a Cristiano Machado, do PSD.

No futebol, as conseqüências do conflito generalizado entre brasileiros e argentinos em 1937 ainda se mostravam presentes. Em 1939, voltou a haver um Sul-Americano sem a presença brasileira. A diferença é que desta vez a Argentina também não jogou. Título fácil para o Uruguai? Não! Surpreendentemente, o Peru, jogando em casa, foi o campeão, num torneio que reuniu cinco seleções, entre elas o Equador, que participava pela primeira vez. Em 1941, o Brasil também não participou; o torneio foi no Chile, e a Argentina foi a campeã.

Se até 1935 quem mandava no Sul-Americano era o Uruguai, com 7 títulos, contra 4 da Argentina e 2 do Brasil, quem assumiu o papel principal durante a década de 1940 foram os argentinos, entre 1937 e 1947 foram 5 títulos em sete edições, passando aos uruguaios no papel de maior campeão do continente. A Argentina era uma potência econômica na época, o tamanho de sua economia (seu PIB), nos anos 40, era maior que a soma das economias de todos os demais países da América do Sul juntos (incluído o Brasil). Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Argentina era a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

E o Brasil sentiu o peso da evolução técnica do futebol do vizinho. Em 1939 e 1940, buscando uma reaproximação depois dos conflitos generalizados do passado, Brasil e Argentina jogaram sete jogos consecutivos pela Copa Roca. A Seleção Brasileira não só perdeu a maioria, como levou três goleadas acachapantes. Em 1939, goleada da Argentina por 5 x 1 em São Januário, e vitória brasileira por 3 x 2. Em 1940, em São Paulo, um empate em 2 x 2 e uma vitória argentina por 3 x 0. No mesmo ano, em Buenos Aires, goleada argentina por 6 x 1, vitória brasileira por 3 x 2, e nova goleada dos argentinos, um novo 5 x 1. Entre 1937 e 1942, em dez jogos, foram sete vitórias argentinas, um empate e apenas duas vitórias brasileiras. O ataque da Argentina tinha a formação do River Plate que marcou uma era no país e ficou conhecido com “La Maquina”: Juan Carlos Muñoz, Juan Manuel “Charro” Moreno, Adolfo Pedernera, Angel Labruna e Félix Lousteau.

O Brasil voltou ao Campeonato Sul-Americano em 1942. O técnico brasileiro voltava a ser Adhemar Pimenta, que obtivera grande resultado na Copa de 1938, e era treinador do Madureira, do Rio de Janeiro. O time brasileiro jogou com: Caju (Atlético Paranaense), Domingos da Guia (Flamengo) e Osvaldo Gerico (Vasco), Afonsinho (Fluminense), Brandão (Corinthians) e Dino (Corinthians), Cláudio Pinho (Santos), Zizinho (Flamengo), Pirilo (Flamengo), Tim (Fluminense) e Patesko (Botafogo).

A Seleção Brasileira em 1942

O torneio foi jogado em Montevidéu e reuniu sete seleções. Na estréia o Brasil goleou o Chile por 6 x 1, com três gols de Pirilo. Mas logo na segunda rodada começou a ficar fora do páreo após perder por 2 x 1 para a Argentina. O Brasil venceu o Peru por 2 x 1 em seguida, mas na quarta rodada deu adeus definitivo à luta pelo título, com derrota por 1 x 0 para o Uruguai. O Brasil ainda goleou o Equador por 5 x 1 e empatou com o Paraguai em 1 x 1, terminando em terceiro lugar. Os uruguaios fizeram valer a presença de sua torcida, venceram aos argentinos pelo placar mínimo na última rodada e voltaram a ser campeões sul-americanos.

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