sábado, 31 de agosto de 2019

Jogador de futebol brasileiro, o único com penetração global

Texto apresentado pelo blog OLHAR CRÔNICO ESPORTIVO, de autoria de Emerson Gonçalves, publicado em 18/01/2018 sob o título "O Jogador brasileiro é o único realmente global no futebol", reproduzindo relatório do CIES Football Observatory, órgão independente internacional. A matéria:

A afirmação praticamente abre a apresentação do mais recente estudo do CIES Football Observatory, sobre a teia de transferências do futebol mundial e, como de hábito, com destaque para as cinco grandes ligas europeias:

“...o jogador brasileiro é o único verdadeiramente global no mercado profissional de futebol, presente em 80 das 91 ligas analisadas nesse estudo”

É uma afirmação forte, mas há muitos anos esse fato já é bem conhecido. O Brasil exporta jogadores em quantidades cada vez maiores e idades cada vez menores, um grave problema para nosso futebol, mas que pouca atenção merece dos clubes e nenhuma da Confederação.

Pensando bem, há um erro na frase acima: o comércio de jogadores recebe muita atenção dos clubes, sim, mas somente pelo lado financeiro, somente pela visão do “quanto esse garoto vai render”, tanto para os cofres dos clubes como para os bolsos dos participantes dessas transferências. Na contramão desse mercado, os mesmos clubes que mandam os garotos repatriam os veteranos e os que não se ajustaram em terras estrangeiras.

Pode ficar pior?

Pode... Alguns veteranos já não têm mais interesse financeiro em voltar para o Brasil.

O estudo do Football Observatory está dividido em três partes. Na primeira ele mostra a origem dos futebolistas e vemos que três países se destacam como exportadores: Brasil, Argentina e França, como veremos nesse post.

As outras duas partes do estudo mostram a movimentação de jogadores estrangeiros nas Big Five: Premier League, Bundesliga, La Liga, Serie A e Ligue 1 e, na sequência, detalha como cinco grandes clubes formam seus elencos: Manchester United, Real Madrid, Bayern Munique, Roma e Paris Saint-Germain, mas não serão abordadas neste post.


Brasil, Argentina e França, os maiores fornecedores de jogadores para o mercado mundial neste retrato tirado ao fim de 2017.

Para esse trabalho, o CIES Football Observatory cobriu 139 ligas/competições profissionais, de 91 diferentes associações nacionais.

O estudo foi feito tendo como base os elencos em 1º de outubro de 2017, considerando jogadores que atuaram e também os que foram relacionados oficialmente para as competições (em 116 das competições analisadas).

O mapa a seguir é muito interessante e vale a pena dedicar a ele um bom olhar, pois ele mostra os destinos dos jogadores dos três países.

Essa primeira vista já mostra alguns elementos muito interessantes, como a globalização do jogador brasileiro e o intercâmbio mais entre vizinhos ou países do mesmo continente dos jogadores argentinos e franceses. Enquanto 219 brasileiros foram para Portugal, 196 argentinos foram para México e Chile, o que mostra que o idioma tem um peso razoável nas movimentações.


Movimentação dos brasileiros:

Novamente o idioma: Portugal recebe o triplo de jogadores do país que vem a seguir: são 219 atletas, nas três divisões lusas, contra 71 no Japão. Os brasileiros estão espalhados por todo o planeta, com peso maior, naturalmente, na Europa.

Reparem que a média de idade dos brasileiros em Portugal é inferior à média geral, o que mostra, também, ser Portugal a primeira escala no exterior para os brasileiros.

Nada menos que 10 países tem mais de 30 brasileiros em suas ligas e dessa dezena 6 países são europeus, com mais 3 asiáticos e mais os Estados Unidos.


Movimentação dos argentinos:

Como já vimos, Chile e México são os principais destinos dos jogadores argentinos, com quase duas centenas de atletas nos dois países – um quarto do total. Se a esse número agregarmos os jogadores nos outros países sul-americanos, temos um total de 344 jogadores ou 45% do total em apenas sete países. No Chile e no México, de forma até óbvia, os argentinos representam a maioria dos jogadores estrangeiros.

O CIES Football Observatory faz uma comparação curiosa: os jogadores argentinos são para o futebol da América Latina o que os brasileiros são para o futebol mundial. Espanha, Itália e Estados Unidos completam os dez principais destinos dos profissionais da bola da Argentina.


Movimentação dos franceses:

Podemos dizer que a maioria dos jogadores franceses no exterior podem ir de suas casas para seus clubes em outros países... de trem (durante as férias ou grandes feriados, claro). Não só pela excelência dos serviços ferroviários europeus, mas sobretudo pelas curtas distâncias entre os grandes centros futebolísticos, entre os países da Europa Ocidental. Uma olhadela às setas saindo da França no mapa mais acima mostra tudo isso com clareza.

A tabela acima ilustra com perfeição o que disse acima: dos 10 países listados, nada menos que 5 têm divisas com a França e para a Inglaterra basta cruzar o Canal, de trem ou balsa. Bem diferente do que temos por aqui, na América do Sul.

Outros 56 franceses atuam na Turquia, que faz parte da Europa mais por determinação política e não geográfica, já que apenas 3% de seu território estão na Europa geográfica e os outros 97% na Ásia. Os franceses formam o maior contingente de jogadores estrangeiros na Turquia. Fechando a lista dos 10 países, temos os europeus Grécia e Chipre e 26 atletas nos Estados Unidos. 


Os jogadores franceses estão presentes em 61 países e temos, para fechar, outro dado interessante: são os que apresentam, no conjunto, a menor idade média. Para os analistas do CIES Football Observatory isso mostra a excelência da preparação francesa de atletas e indica que seu número em outros países deverá crescer.

A esse respeito, um comentário: os alemães estão com um excepcional trabalho de formação de atletas e o mesmo começou a ocorrer na Inglaterra.


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