quinta-feira, 10 de maio de 2018

Maiores Brasileiros da História do Napoli

Escolha feita pelo site Quattro Tratti, publicada em 20 de agosto de 2014
(http://www.quattrotratti.com/2014/08/os-5-maiores-brasileiros-da-historia-do-napoli.html)

Pouca gente sabe, mas desde que foi fundado, em 1926, o Napoli tem história ligada ao Brasil. Naquele mesmo ano, o lateral Paulo Innocenti, brasileiro nascido no Rio Grande do Sul, mas de origem e cidadania italianas, se mudava de Bolonha, onde havia defendido o Virtus Bologna e o Bologna, para Nápoles, onde iria servir ao exército. No entanto, foi contratado pela equipe recém-formada e foi dispensado do cargo.

Com a experiência de quem já havia conquistado um scudetto pelo Bologna, se tornou o primeiro capitão da equipe e, também, marcou o primeiro gol oficial do Napoli na história, em uma partida perdida por 4 a 1 contra o Genoa, em 17 de outubro de 1926. Innocenti vestiu a camisa azzurra por 11 anos e jogou quatro partidas pela seleção italiana. Mesmo com sua bela história, e tendo aberto caminho para outros brasileiros, Innocenti por pouco não entrou na nossa listagem.

Ao todo, 26 brasileiros passaram por Bagnoli, Agnano e Fuorigrotta, bairros vizinhos em que se deu a fundação da equipe, atualmente localizada em Fuorigrotta. Além de Innocenti, outros jogadores brasileiros pouco conhecidos no nosso país tiveram boa passagem pelo Napoli, como dois que estão na nossa lista: Jarbas Faustino, o Cané, e Luís Vinício.

Outro pouco conhecido no Brasil, ausente do nosso "Top 5", é o atacante Sergio Clerici, que começou na Portuguesa Santista e passou por Lecco, Bologna, Verona e Fiorentina antes de chegar ao Napoli. No San Paolo, ele foi bem: marcou gols (29 em 57 jogos de um terceiro lugar e um vice-campeonato na Serie A), mas ficou mais conhecido por ter sido procurado por Saverio Garonzi, presidente do seu ex-clube, o Verona, para tentar manipular partidas. Clerici receberia ajuda para abrir uma concessionária da Fiat no país, caso prejudicasse o Foggia, mas não aceitou. No fim das contas, Foggia e Verona, punidos, caíram.

O Napoli ainda teve outros brasileiros de relevo em seu elenco. Como, por exemplo, o atacante Emanuele Del Vecchio, que teve boa passagem no Santos e chegou a defender a Seleção. Em Nápoles, fez 27 gols em 68 jogos. Outro que defendeu a seleção e passou pelo Napoli foi Dirceu, que jogou por lá em 1983-84, mas teve de deixar o clube para que Diego Maradona aportasse na cidade. Dirceu gostou da região e viveu por ali alguns outros anos da vida, em cidades próximas, onde defendeu equipes menores – após sua morte, o estádio de Eboli ganhou o seu nome.

Claro, entre os atletas brasileiros que passaram por lá, muitos fracassaram. Casos de Angelo Sormani, que chegou cheio de expectativas, após ganhar quase tudo com o Milan, e fez apenas sete gols em dois anos. Ou como Beto, Caio e Edmundo, que também renderam menos do que poderiam. Hoje, o Napoli tem três brasileiros no seu elenco: o goleiro Rafael, o zagueiro Henrique e o meia Jorginho. Todos eles importantes no esquema do técnico Rafa Benítez.

Para montar as listas, o Quattro Tratti levou em consideração a importância de determinado jogador na história do clube, qualidade técnica do atleta versus expectativa, identificação com a torcida e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), grau de participação nas conquistas, respaldo atingido através da equipe e prêmios individuais. Listas são sempre discutíveis, é claro, e você pode deixar a sua nos comentários!  

Brasileiros da história do Napoli (por ordem alfabética e, em seguida, no ranking):
Alemão (1988-1992), Amauri (2001), André Cruz (1994-1997), Angelo Sormani (1970-1972), Beto (1996-1997), Bruno Uvini (2013), Caio Ribeiro (1996-1997), Cané (1962-1969), Careca (1987-1993), Dirceu (1983-1984), Edmundo (2001), Emanuele Del Vecchio (1958-1961), Emílson Cribari (2010-2011), Henrique (2014-2015), Inácio Piá (2005-2007, 2008-2010), Jorginho Frello (2014-2016)), José Altafini (1965-1972), Juvenal Santillo (1933-1934), Leandro Guerreiro (2004), Luís Vinício (1955-1960), Matuzalém (1999-2001), Montezine (2001-2004), Paulo Innocenti (1926-1937), Rafael Cabral (2013-2016), Sergio Clerici (1973-1975) e Toledo (2005).


5º - CANÉ
Carreira: 1959-1962 Olaria (Rio de Janeiro); 1962-1969 Napoli; 1969-1972 Bari; 1972-1975 Napoli


Posição: meia-atacante  
Período em que atuou no clube: 1962-69 e 1972-75
Títulos: Copa dos Alpes (1966)
Prêmios individuais: Artilheiro da Copa Italia (1964-65)

Praticamente desconhecido no Brasil, Cané chegou ao Napoli de forma conturbada. O presidente Achille Lauro fechou com o jogador sem comunicar ao técnico Bruno Pesaola e ao diretor técnico Eraldo Monzeglio, em momento em que o governo italiano queria barrar a chegada de estrangeiros. Para piorar, nos primeiros jogos, o ex-jogador do Olaria foi mal, vítima de um esquema tático que não o privilegiava e pela falta de adaptação. O Napoli acabou rebaixado, e Cané era sempre vaiado. Porém, deu a volta por cima: jogou duas temporadas na Serie B e, na segunda, marcou 12 gols na campanha que levou os partenopei à elite. Sempre com humildade, Cané era cada vez mais respeitado no San Paolo.

Com a chegada de Altafini e Sivori (com ele na foto), o panorama mudou de vez. Cané foi o vice-artilheiro do time, com 12 gols, e ajudou os azzurri a fecharem o campeonato na 3ª colocação – a temporada ainda acabou com o título da Copa dos Alpes, competição realizada entre equipes italianas e suíças. O forte e rápido ponta direita ainda atuou pelo clube até 1969, e depois de passagem apagada pelo Bari, voltou ao San Paolo para encerrar a carreira – e ainda conseguiu um vice-campeonato, em 1974-75. Ao todo, Cané fez 253 jogos pelo Napoli e marcou 70 gols. Até hoje, o brasileiro está no grupo dos jogadores que mais vestiram a camisa do clube na história (é o 16º da lista) e também é um dos maiores artilheiros, o 9º no ranking, empatado com Luís Vinício. Após se aposentar, Cané chegou a treinar as categorias de base e o time principal do Napoli, e até hoje mora em Nápoles, onde costuma dar seus pitacos sobre temas envolvendo o clube.


4º - LUÍS VINÍCIO
Carreira: 1951-1954 Botafogo; 1955-1960 Napoli; 1960-1962 Bologna; 1962-1966 Vicenza; 1966-1967 Internazionale; 1967-1968 Vicenza


Posição: atacante  
Período em que atuou no clube: 1955-60
Títulos: nenhum
Prêmios individuais: nenhum

Na Itália, o botafoguense Luís Vinícius de Menezes se transformou em Luís Vinício. Assim como Cané, o atacante é praticamente desconhecido no Brasil, e fez sua carreira na Itália, especialmente no Napoli, equipe que adotou e na qual brilhou como jogador e técnico. Em uma excursão do Botafogo pela Europa, enquanto Dino da Costa fechou com a Roma, Vinício acertou com o Napoli – lá, seria um jovem reserva de Hasse Jeppson, Amedeo Amadei e Bruno Pesaola. Logo as coisas mudaram, e 'O Lione, como começou a ser chamado pela torcida, virou titular, aos 23 anos.

Apesar de não levantar nenhum troféu, o atacante tornou-se ídolo da torcida desde sua primeira temporada - quando marcou 16 gols -, passando pela segunda, em que marcou 18 e foi vice-artilheiro da Serie A, até o quinto e último ano com a camisa azul. No total, o centroavante balançou as redes 70 vezes pelo clube em 152 partidas, ocupando a 9ª posição no ranking geral de artilheiros. Vinício, como jogador, ainda passou com sucesso pelo Vicenza, onde viveu seu auge, e foi coadjuvante por um ano na Grande Inter. Apesar do bom retrospecto, o jogador nunca defendeu a seleção brasileira e recusou-se à naturalização italiana. Após se aposentar, voltou a Nápoles como treinador por duas vezes. Na primeira, "catequizou" os brasileiros Cané e Sergio Clerici, além dos italianos Antonio Juliano, Giuseppe Bruscolotti e Tarcisio Burgnich, aplicou um estilo de jogo ofensivo, "à holandesa", e conquistou um terceiro lugar (1973-74) e um vice-campeonato (1974-75).


3º - ALEMÃO
Carreira: 1980-1987 Botafogo; 1987-1988 Atlético de Madrid (Espanha); 1988-1992 Napoli; 1992-1994 Atalanta; 1994-1996 São Paulo; 1996 Volta Redonda


Posição: volante  
Período em que atuou no clube: 1988-92 
Títulos: Copa América (1989), Copa da UEFA (1988-89), Serie A (1989-90) e Supercopa Italiana (1990)
Prêmios individuais: nenhum

Os cabelos loiros e a pele clara transformaram Ricardo Rogério de Brito em Alemão. Com o apelido consolidado, ele se destacou pelo Botafogo, foi vendido ao Atlético de Madrid e, com menos de uma temporada de Espanha, conseguiu ainda mais relevância no cenário futebolístico mundial. Por isso, em 1988, o volante forte, aplicado, mas também técnico e habilidoso foi contratado pelo ambicioso Napoli do presidente Corrado Ferlaino e do diretor geral Luciano Moggi. Nos azzurri, o brasileiro se transformou em escudeiro das estrelas, Maradona e Careca. 

Em quatro anos pelo Napoli, o camisa cinco atuou 93 vezes e marcou nove gols pela Serie A. Fazer parte do melhor período da história dos partenopei garantiu ao brasileiro títulos: o segundo campeonato italiano azzurro (1990) e a Copa Uefa de 1989. Na segunda partida da decisão europeia, contra o Stuttgart, Alemão fez um de seus raros gols e colaborou decisivamente com o título napolitano. O brasileiro se despediu do clube em que viveu seu auge, em 1992, quando foi cedido à Atalanta.


2º - José ALTAFINI
Carreira: 1954-1956 XV de Piracicaba; 1956-1958 Palmeiras; 1958-1965 Milan; 1965-1972 Napoli; 1972-1976 Juventus; 1976-1979 Chiasso (Suíça); 1979-1980 Mendrisio (Suíça)


Posição: atacante  
Período em que atuou no clube: 1965-72
Títulos: Copa dos Alpes (1966)
Prêmios individuais: nenhum

O sobrenome não nega, nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, José Altafini é filho de italianos. Primeiro, o ítalo-brasileiro se destacou pelo país natal e, depois, se aventurou e venceu na terra dos pais, sempre mostrando habilidade e faro de gol. Antes de ir para o Napoli, o nosso Mazzola foi campeão do mundo com o Brasil e venceu Serie A e Liga dos Campeões com o Milan. No sul do Belpaese, o piracicabano encontrou Omar Sivori, em final de carreira, e formou ótima dupla de ataque, principalmente, nos dois primeiros anos, quando o argentino ainda atuava em nível alto.

Em 1967-68, com Dino Zoff sob a baliza e bons desempenhos da dupla ofensiva, o Napoli passou perto do primeiro scudetto. Mas, mesmo com os 13 gols de Altafini (vice-artilheiro da disputa), os partenopei não foram capazes de superar o Milan, que perdeu apenas duas vezes, nas 30 rodadas. Nos anos seguintes, apesar de boas marcas individuais do atacante, os azzurri não voltaram a alcançar o vice-campeonato. Em 1972, o ítalo-brasileiro deixou o clube e foi para a Juventus, mas, até hoje, é o quinto maior artilheiro da história napolitana, com 97 gols em 234 partidas, número que o coloca também como 23° futebolista que mais vestiu azzurro.


1º - CARECA
Carreira: 1978-1983 Guarani; 1983-1987 São Paulo; 1987-1993 Napoli; 1993-1997 Kashiwa Reysol (Japão); 1997 Santos; 1998 Campinas; 1999 São José


Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1987-93 
Títulos: Copa da UEFA (1988-89), Serie A (1989-90) e Supercopa Italiana (1989-90) 
Prêmios individuais: Artilheiro da Copa da UEFA (1988-89)

Sem dúvidas, Careca é o principal brasileiro que passou pelo Napoli. Não bastasse ter passado pelo clube em seu principal momento, o piracicabano ainda marcou época. Em 1987, um anos depois de ser Bola de Ouro do Brasileião, Careca chegou ao San Paolo. Mesmo atuando mais aberto pela direita, o brasileiro marcou 13 gols na primeira temporada e o trio MaGiCa (Maradona, Giordano e Careca) conduziu os azzurri ao vice-campeonato. Em 1988-89, ele foi novamente o artilheiro do time em outra campanha de segunda colocação da Serie A, com 19 gols, e ajudou o Napoli a vencer a Copa Uefa, quando liderou a artilharia da competição com seis gols - inclusive marcando gol na final contra o Stuttgart. 

No ano seguinte, a boa fase de Careca e Maradona destruiu os rivais na campanha do título nacional, ano em que também conquistaram a Supercoppa. Foi a última vitória do mais importante ciclo da história partenopea, muito disso condicionado pela suspensão por 15 meses de Maradona, pego em um exame antidoping. Com o novo parceiro de ataque, Gianfranco Zola, Careca brilhou pouco durante mais três anos no clube. Em 1993, o brasileiro deixou o clube para jogar no Kashiwa Reysol, do Japão. Careca deixou o Napoli com 95 gols, em 221 partidas e, ainda hoje, é o sexto maior artilheiro da história napolitana.

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