Para a Copa do Mundo de 1954, o Brasil necessitaria disputar, pela primeira vez em sua história, as Eliminatórias, que aconteceriam apenas alguns meses antes daquele Mundial.
Antes disto, foram poucos os compromissos após a trágica derrota para o Uruguai em 1950. Em 1951 a seleção não se reuniu nenhuma vez. Em 1952, o Brasil jogou o 1º Campeonato Pan-Americano, jogado no Chile. Naquele mesmo ano, a seleção amadora disputou pela primeira vez o torneio de futebol nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia. E em 1953, a Seleção Brasileira disputou o Campeonato Sul-Americano, em Lima, no Peru.
Nas Olimpíadas de 1952, o futebol brasileiro entrou em campo pela primeira vez com camisa amarela, mas com calções verdes. Como é um torneio do Comitê Olímpico, o Brasil não utilizou nem o uniforme nem o escudo da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A camisa tinha escrito Brasil no meio do peito, e abaixo tinha as estrelas do Cruzeiro do Sul. Só amadores podiam jogar os Jogos Olímpicos, por isto o time brasileiro era formado por jovens com idade média de aproximadamente 18 anos. O Brasil venceu Holanda e Luxemburgo, mas acabou eliminado pela Alemanha Ocidental.
O time principal disputou o Campeonato Pan-Americano, uma tentativa que se mostrou frustrada de expandir o Sul-Americano, tendo seleções de toda a América Latina. Ainda jogando com camisa branca e calções azul-escuros, o time brasileiro entrou em campo no Chile tendo como titulares a: Castilho (Fluminense), Djalma Santos (Portuguesa de Desportos), Pinheiro (Fluminense) e Nilton Santos (Botafogo), Bauer (São Paulo), Didi (Fluminense) e Brandãozinho (Portuguesa de Desportos), Julinho Botelho (Portuguesa de Desportos), Baltazar (Corinthians), Ademir Menezes (Vasco) e Rodrigues (Palmeiras). E iniciavam-se ali os dias de Zezé Moreira, ex-técnico de Botafogo e Fluminense, como treinador da Seleção Brasileira.
O torneio não teve a participação da Argentina, que também se negara a jogar o Sul-Americano de 1949 e a Copa do Mundo de 1950, assim como também não disputaria o Sul-Americano de 1953. O torneio reuniu seis países. O Brasil venceu quatro jogos e empatou um, tendo sido o campeão. A Seleção Brasileira venceu ao México por 2 x 0, empatou sem gols com o Peru, goleou o Panamá por 5 x 0, venceu ao Uruguai por 4 x 2 e superou no último jogo ao Chile, por 3 x 0. Campeão Pan-Americano, era a primeira vez que o futebol brasileiro vencia um torneio fora do país, já que os três títulos sul-americanos até então conquistados tinham sido todos eles no Rio de Janeiro.
A seleção que jogou o Campeonato Sul-Americano de 1953 era praticamente a mesma que foi campeã em 1952 no Chile. No time titular, a única mudança era a presença de Zizinho, então jogador do Bangu, no lugar de Ademir Menezes. Destacava-se a equipe da Portuguesa, de São Paulo. A Lusa tinha quatro jogadores: Djalma Santos, Julinho e Brandãozinho como titulares, além de Pinga, muito utilizado por Zezé Moreira.
O torneio reuniu sete seleções, além dos argentinos, a Colômbia também não participou, e teve uma mudança na regra: os dois primeiros colocados fariam uma final, com vantagem de empate para aquele com melhor campanha.
O Brasil, na estréia, goleou a Bolívia por 8 x 1. Depois venceu ao Equador por 2 x 0 e ao Uruguai por 1 x 0. Na quarta rodada, a grande zebra, o Brasil perdeu para os donos da casa, o Peru, por 1 x 0, gol de Luiz Navarrete. Depois, vitória sobre o Chile, por 3 x 2. Na última rodada, a Seleção Brasileira enfrentava o Paraguai, que vinha de empates com Equador, Peru e Uruguai. Com um empate, o Brasil garantia a vantagem de poder empatar a final. Mas repetiu-se o filme dos jogos contra o Paraguai no Sul-Americano de 49, e contra o Uruguai no Mundial de 50: a seleção abriu o marcador cedo, desta vez com gol de Nilton Santos, terminou o primeiro tempo vencendo, mas levou a virada no segundo tempo, vitória paraguaia por 2 x 1 e vantagem do empate para eles na final.
Cinco dias depois, o Brasil viu o Paraguai abrir 2 x 0 logo nos primeiros minutos, com gols de Atílio López e Manuel Gavilán. Para piorar, nos minutos finais do primeiro tempo, Rubén Fernández colocou 3 x 0 no placar. O Brasil precisaria de quatro gols no segundo tempo para conquistar o título. Fez dois, ambos de Baltazar. A Seleção Brasileira perdia a maior oportunidade que tivera até então de vencer um Campeonato Sul-Americano fora do Brasil. Quem levantou a taça foi o Paraguai, do técnico Fleitas Solich, que pouco depois se tornaria técnico do Flamengo, onde construiria uma longa história.
A derrota para o Paraguai, em 1º de abril de 1953, foi o último jogo da Seleção Brasileira usando camisa branca. Era necessário um marco para se reerguer após as traumáticas derrotas, obviamente a sofrida para o Uruguai no Maracanã. Decidiu-se então lançar um novo uniforme para o time. O jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, foi quem lançou o concurso para a escolha da nova vestimenta.
Em dezembro de 1953 foi anunciado o vencedor, o gaúcho Aldyr Schlee, nascido em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, vivia, ironicamente, na fronteira entre Brasil e Uruguai e era uma especialista em literatura uruguaia. A nova camisa brasileira seria amarela com golas verdes, calções azuis e meias brancas. Aldyr ainda propôs um segundo uniforme, com camisa verde e calção amarelo, que nunca foi adotado. A estréia do novo uniforme foi em 28 de fevereiro, na primeira participação brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, com uma vitória por 2 x 0 sobre o Chile em Santiago.
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