A história do Careca, um goleador fenomenal, que juntamente com Diego Maradona, levou o Napoli ao topo da Serie A do Campeonato Italiano.
Antonio de Oliveira Filho, mais conhecido como Careca, foi o atacante brasileiro de sua geração. Aparecendo na era anterior a atacantes mais conhecidos, como Romário e Ronaldo, Careca estava no lugar certo, na hora certa. Ele brilhou nos campos de futebol da Serie A por 6 anos, entre 1987 e 1993, e se tornou querido para os fãs do Napoli de uma forma que nenhum outro brasileiro jamais foi capaz de ser. No Estádio San Paolo ganhou um Scudetto e uma Supercopa Italiana e ajudou os napolitanos a vencerem seu primeiro troféu continental, a Copa da UEFA.
Careca nasceu em Araraquara, cidade de cerca de 200 mil habitantes, no estado de São Paulo. Seu apelido é atribuído ao seu amor para o famoso palhaço brasileiro Carequinha, um ícone infantil para sua geração.
Ele começou sua carreira no Guarani, da cidade de Campinas, em 1978, onde ele instantaneamente ganhou sucesso ao vencer o Campeonato Brasileiro em sua primeira temporada como profissional. Uma façanha, dado que o Guarani era um clube de menor expressão no futebol brasileiro. Imediatamente ele mostrou potencial para ser um dos melhores, marcando 13 gols em 28 jogos na sua temporada de estreia. Campeão da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro em 1978, ele também foi campeão da Segunda Divisão pouco depois, em 1981.
A sua marca de gols por jogo foi absolutamente surpreendente. Incluindo o Campeonato Paulista, sua marca alcançada foi de 109 gols em apenas 5 anos no clube, o que fez dele o segundo maior artilheiro da história do Guarani. Tal desempenho extraordinário não passou despercebido, rendendo-lhe vaga na Seleção Brasileira. Ele teria sido o titular na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, se não houvesse se lesionado às vésperas do Mundial.
Em 1983, Careca se mudou para o São Paulo, onde permaneceria por 3 anos. Em sua primeira temporada, marcou 17 gols. Sua segunda temporada não foi tão bem sucedida quanto a primeira, não foi titular, mas ainda assim, marcou 12 gols em 17 partidas. Ele voltou à titularidade na temporada de 1986, na qual ele iria marcar muitos gols, sendo crucial para que o São Paulo ganhasse o Campeonato Brasileiro, do qual foi eleito o melhor jogador.
Derrotada em 1982, havia uma enorme pressão para que a Seleção Brasileira vencesse a Copa do Mundo de 1986, no México. Para Careca, foi a grande chance para mostrar seu incrível talento para fazer gols, e ele não desapontou. O atacante marcou três gols na Fase de Grupos. Nas oitavas de final, o Brasil bateu a Polônia por 4 x 0, com outro gol de Careca. As pessoas estavam começando a acreditar que talvez a seleção pudesse ganhar outra vez uma Copa do Mundo. Nas quartas de final, um encontro com a França, um clássico do futebol mundial. Careca colocou o Brasil a frente, mas Michel Platini comandou os franceses ao empate no segundo tempo. Zico, que voltava de lesão, entrou em campo e teve a chance de vitória em seus pés, mas desperdiçou um pênalti nos minutos finais. O jogo foi para a prorrogação e depois para penalidades, quando a Seleção Brasileira perdeu por 4 x 3. Mas Careca provou ser um artilheiro completo, marcou cinco gols na Copa do Mundo, um a menos do que o artilheiro Gary Lineker. Após o fim do verão na Europa, ele finalmente fez a grande mudança para a Europa, trocando o São Paulo pelo Stadio San Paolo.
O Napoli tinha acabado de ser coroado campeão da Serie A pela primeira vez em sua história após obter uma pequena margem de três pontos sobre a Juventus. O clube desembolsou 4 milhões de liras para adquirir Careca. Havia muita expectativa entre os fervorosos fãs do Napoli e ele não demorou muito para começar a deliciá-los com gols. Ele passou a formar, instantaneamente, uma parceria mágica com Bruno Giordano e, sobretudo, Diego Maradona. Sua cumplicidade com o argentino seria especialmente mágica. Juntos, eles formaram uma parceria extraordinariamente talentosa. Maradona era cerebral para detectar o passe preciso, enquanto Careca seria aquele que encaixava friamente a bola nas redes.
Em sua primeira temporada, Careca marcou 13 gols terminando em 2º lugar na Serie A, a apenas três pontos do Milan, do técnico Arrigo Sacchi. Na soma de todas as competições daquela sua primeira temporada, ele marcou 18 gols, uma marca notável, considerando que era a sua estreia naquele que à época era taticamente e defensivamente o campeonato mais difícil do mundo. Infelizmente, o Napoli foi eliminado logo na 1ª Fase da Copa dos Campeões pelo Real Madrid.
A temporada 1988-89 prometia, e a dupla Maradona e Careca se manteve brilhando. O centroavante brasileiro marcou 19 gols e foi vice-artilheiro da Série A. O Napoli mais uma vez terminou em 2º lugar, ainda que bem atrás, 11 pontos, da campeã Internazionale. Mas o Napoli foi campeão da Copa da UEFA, o primeiro troféu continental da história do clube, o segundo torneio mais importante na Europa. Careca foi o artilheiro da competição, com 6 gols. Ele não só foi capaz de marcar uma grande quantidade de gols, como também os marcou em momentos cruciais, como o gol aos 42 minutos do segundo tempo contra o Stuttgart, da Alemanha, na primeira partida da final daquela Copa da UEFA, numa Estádio San Paolo absolutamente inflamado pela torcida napolitana.
Na temporada seguinte, 1989-90, Careca marcou "apenas" 10 gols, mas foram suficientes para ajudar o Napoli a conquistar seu segundo Scudetto, com uma margem de dois pontos a frente do Milan, de Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Marco Van Basten. Maradona e Careca eram uma luz que brilhava no sul da Itália. Eles foram praticamente imparáveis. O argentino marcou 17 gols na temporada, e depois na Copa do Mundo de 1990, na Itália, levou seu país ao vice-campeonato, eliminando os italianos na semi-final. Careca teve uma Copa do Mundo muito mais discreta. Em quatro jogos, ele marcou dois gols. A Seleção Brasileira acabou caindo nas oitavas de final justamente para a genialidade de seu parceiro em Nápoles: Argentina 1 x 0 Brasil.
O verão de 1990 deu a Careca seu último troféu pelo Napoli, com uma impressionante goleada de 5 x 1 sobre a Juventus, o clube se sagrou campeão da Supercopa da Itália. Como detentor do título do Campeonato Italiano, o Napoli terminaria a temporada seguinte em um modesto e humilde 8º lugar. A temporada foi severamente comprometida pelas preocupações crescentes que cercavam a vida privada de Maradona, incluindo o uso de drogas e sua amizade suspeita com a máfia napolitana, a Camorra. No dia 17 de Março de 1991, Maradona acusou positivo num teste anti-doping após um jogo contra o Bari, testando positivo para cocaína.
Apesar dos distúrbios e da ausência de seu camisa 10, a equipe foi capaz de recuperar-se na temporada 1991-92, e com Careca como protagonista, conseguiu obter o 4º lugar na Série A, com o surgimento de uma nova estrela, seu novo camisa 10, Gianfranco Zola. Careca marcou 15 gols na temporada, confirmando seu nome entre os goleadores mais letais do Campeonato Italiano.
A temporada de 1992-1993 seria sua última com a camiseta azul clara do Napoli. O brasileiro marcou 7 gols e o time napolitano terminou com um 11º lugar. Foi sua despedida da cidade de Nápoles, como um dos maiores goleadores da história do clube, com 95 gols em 225 aparições.
Ao mesmo tempo, sua carreira internacional dava sinais de decadência. Ele só jogou três jogos pela Seleção Brasileira em 1991 e em 1992. Com a idade de 33 anos, e com estrelas mais jovens emergindo, Careca jogou seu último jogo com a camisa do Brasil em 1º de agosto de 1993 contra a Venezuela. Ele defendeu a Seleção Brasileira por 11 anos, fazendo 29 gols em 60 jogos.
Ele viveu seus últimos grandes momentos no futebol do Japão, jogando quatro temporadas pelo Kashiwa Reysol, por quem converteu a respeitável marca de 40 gols. Antes de se aposentar definitivamente, teve rápidas passagens pelo Santos, e por Campinas e São José, equipes que disputavam divisões inferiores do Campeonato Paulista.
Careca foi um dos atacantes mais brilhantes de sua geração, era uma máquina de gols. Formou uma parceria marcante com Muller no ataque do São Paulo e da Seleção Brasileira. A maior de todas as parcerias, no entanto, foi inquestionavelmente a formada com o argentino Diego Armando Maradona, que sacudiu a Europa. Para os amantes do Calcio (futebol em italiano), ele será eternamente reconhecido como um goleador nato, sempre capaz de surgir entre os zagueiros, a qualquer momento, para marcar gols vitais, mesmo entre os melhores do mundo. Um ícone da idade de ouro do futebol de Nápoles.
Fonte: Forza Italian Football (http://forzaitalianfootball.com/2015/10/legend-of-calcio-careca/)
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