Campeão mundial após 24 anos de
jejum, o Brasil queria agora superar dois desafios, os únicos que nunca tinham
sido conseguidos pela Seleção Brasileira. O primeiro era ganhar uma Copa
América fora do Brasil, e o segundo era ser campeão olímpico.
Em 1995, a Copa América era no
Uruguai. Empolgado com a Taça do Mundo, havia enorme confiança de que desta vez
o título viria. E no seguinte, 1996, haveria os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos
Estados Unidos. Desde a edição anterior – da qual o Brasil ficou fora por ter
sido derrotado no Pré-Olímpico – a FIFA autorizava a inclusão de três jogadores
de qualquer idade, tivessem ou não já jogado uma Copa do Mundo, numa seleção
sub 23. Também era enorme a confiança de que desta vez o ouro viria para o
Brasil.
Após a Copa do Mundo de 1994,
Carlos Alberto Parreira decidiu se afastar, pedindo demissão do cargo de
treinador. Mas o trabalho foi continuado pelo incansável Zagallo, que passou de
assistente a técnico e assumiu o desafio de iniciar o ciclo preparatório para a
Copa de 1998.
Antes da Copa América, a seleção
fez seis amistosos e venceu cinco (Iugoslávia, Eslováquia, Israel, Polônia e
Valência, da Espanha), empatou apenas uma vez, com Honduras, no Estádio Serra
Dourada, em Goiânia. Jogou ainda a Copa Stanley Rous, no Reino Unido, a qual já
havia conquistado em 1987, e da qual voltou a ser campeão naquele ano de 1995,
depois de vencer três jogos: 1 x 0 na Suécia, 3 x 0 no Japão, e 3 x 1 na
Inglaterra dentro do Estádio de Wembley, em Londres.
O time brasileiro, renovado em
relação ao da Copa de 94, estava definido, jogando bem, e quase imbatível. Os
titulares de Zagallo: Taffarel (Atlético Mineiro), Jorginho (Kashima Antlers,
Japão), Aldair (Roma, Itália), André Cruz (Napoli, Itália) e Roberto Carlos
(Internazionale, Itália), César Sampaio (Yokohama Flugels, Japão), Dunga
(Stuttgart, Alemanha), Juninho Paulista (São Paulo) e Zinho (Yokohama Flugels,
Japão), Edmundo (Palmeiras) e Túlio (Botafogo).
A Copa América reuniu as 10
seleções da América do Sul mais dois convidados: México e Estados Unidos. Os
times foram divididos em três grupos de quatro. O grupo brasileiro, que jogou
na cidade de Rivera, tinha Colômbia, Equador e Peru.
A estréia foi mais difícil do que
se imaginava que seria: vitória suada e apertada sobre o Equador, com um gol do
zagueiro Ronaldão aos 28 minutos do segundo tempo. No segundo jogo, nova
dureza, vitória por 2 x 0 sobre o Peru, gols de Edmundo e Zinho, mas tendo o
primeiro sido marcado só aos 32 minutos do segundo tempo. Já classificado com
antecipação, na última rodada, no jogo que seria teoricamente o mais difícil, o
Brasil superou a Colômbia com certa facilidade: 3 x 0.
O time brasileiro vinha numa
ascendente de produção. E logo nas quartas de final teria pela frente a
Argentina, que havia perdido por 3 x 0 para os EUA e com isto terminado em
segundo lugar em seu grupo. O primeiro tempo foi intenso: Balbo abriu o
marcador logo aos dois minutos, Edmundo empatou logo depois, mas Gabriel
Batistuta pôs os argentinos novamente na frente. As maiores emoções, no
entanto, estavam reservadas para o fim. Aos 36 minutos do segundo tempo, o
camisa 9 brasileiro, Túlio Maravilha, ajeitou a bola com o braço e concluiu
para as redes, colocando 2 x 2 no placar. O juiz não viu, os argentinos ficaram
irados, mas tomaram a vingança pelo gol de mão marcado por Maradona sobre a
Inglaterra na Copa de 1986, do qual se vangloriavam pela esperteza da “mão de
Deus”.
Com o empate, o duelo foi
decidido nos pênaltis. A vitória em 1994 tinha varrido o trauma brasileiro com
penalidades. E no gol estava Taffarel, responsável pelas duas únicas vitórias
da Seleção Brasileira em disputas de pênaltis até ali.
Roberto Carlos, Hugo Pérez, Túlio
e Alberto Acosta fizeram suas cobranças: 2 x 2. Foi então que o zagueiro André
Cruz perdeu sua cobrança. Os argentinos tinham a chance de passar a frente com
Diego Simeone, mas Taffarel, que havia falhado nos dois gols argentinos,
defendeu! Dunga fez o seu. E Taffarel voltou a ser protagonista, voando para
defender a cobrança de Nestor Fabbri. Na última cobrança, Edmundo marcou e
classificou o Brasil: 4 x 2 nos pênaltis.
A semi-final foi contra os
Estados Unidos. O time norte-americano havia vencido a Argentina na primeira
fase e batido o México nos pênaltis nas quartas. O Brasil tratou de abrir o
marcador logo no começo do jogo, com o zagueiro Aldair marcando de cabeça, e
não conseguiu nada além disto: placar mínimo e Brasil na final.
O adversário na partida decisiva
era o Uruguai, dono da casa. O futebol uruguaio vinha em crise havia alguns anos,
desde 1970 não conseguia ficar entre os 10 melhores da Copa do Mundo, não havia
obtido a classificação para a Copa de 94, e tinha poucos jogadores
protagonistas no futebol europeu, principal cenário de competitividade do
futebol mundial. O Brasil se julgava favorito.
Túlio fez um gol aos 30 minutos
do primeiro tempo, parecia que o sonho de conquistar uma Copa América fora do
Brasil estava perto de se realizar. Mas Pablo Bengoechea empatou, cobrando
falta, logo aos 6 minutos do segundo tempo. Foi um jogo duríssimo,
disputadíssimo e equilibradíssimo. Terminou 1 x 1 e o título foi ser decidido
nos pênaltis. Os uruguaios foram precisos, Enzo Francescoli, Bengoechea, Jose
Oscar Herrera, Álvaro Gutiérrez e Sergio Martínez acertaram suas cobranças.
Túlio perdeu para o Brasil, a terceira cobrança da série. Final: Uruguai 5 x 3.
A Seleção Brasileira caiu invicta, mas sem o troféu.
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