A situação do futebol brasileiro
com seus vizinhos da América do Sul seguia não pacificada. Depois de seis anos
sem torneios no continente, voltou-se a organizar um Campeonato Sul-Americano,
mas sem a participação do Brasil. Ainda num formato de Quadrangular, disputado
entre Argentina, Uruguai, Chile e Peru, jogado em solo peruano, e que teve aos
uruguaios como campeões, seu sétimo título em treze edições.
Naquele ano, a Seleção Brasileira
entrou em campo uma única vez, venceu ao River Plate, da Argentina, por 2 x 1
no Rio de Janeiro. No ano seguinte, 1936, a seleção não se reuniu nenhuma vez.
Juntou-se em dezembro para jogar novamente um Sul-Americano, que se realizaria
em janeiro de 37 em Buenos Aires, e seria o maior já disputado até então,
reunindo sete países.
A seleção titular, comandada por
Adhemar Pimenta, teve como titulares a: Jurandir (Palestra Itália-SP), Carnera
(Palestra Itália-SP) e Jaú (Corinthians), Tunga (Palestra Itália-SP), Brandão
(Corinthians) e Afonsinho (São Cristóvão), Luisinho Mesquita (Palestra
Itália-SP), Roberto (São Cristóvão), Carvalho Leite (Botafogo), Tim (Portuguesa
Santista) e Patesko (Botafogo). O time venceu a Peru, Chile, Paraguai e
Uruguai, não precisou enfrentar à Bolívia, e no último jogo precisava apenas do
empate contra os donos da casa para ser campeã. Perdeu por 1 x 0 e o desempate
seria num jogo extra, que terminou sem gols e foi para a prorrogação, durante a
qual houve um conflito generalizado entre os jogadores, uma longa paralisação,
após à qual o jogo se reiniciou depois dos brasileiros terem apanhado muito de
jogadores, torcedores e policiais argentinos. A Argentina venceu por 2 x 0 e
conquistou seu quinto título sul-americano.
Então repetiu-se o que aconteceu
às vésperas das Copas de 30 e 34, um longo período sem a seleção jogar. Depois
do Sul-Americano de 1937, a Seleção Brasileira só voltou a se reunir um ano e
meio depois para viajar para a Europa e jogar a Copa do Mundo.
Se na Copa de 34, dos dezesseis
participantes, doze eram europeus, na Copa de 38 a concentração era ainda
maior. A FIFA escolheu a França para ser a sede da 3ª Copa do Mundo, e repetiu
a mesma fórmula do Mundial anterior: dezesseis seleções em mata-mata das
oitavas até a final. Foi uma competição européia. As grandes ausências foram
Uruguai e Argentina. Os três países não-europeus a participarem foram Brasil,
Cuba e Índias Holandesas (que depois tornou-se Indonésia).
O técnico Adhemar Pimenta levou o
seguinte grupo de jogadores à França:
Goleiros: Válter (Flamengo) e Batatais (Fluminense)
Zagueiros: Domingos da Guia (Flamengo), Machado (Fluminense), Nariz
(Botafogo) e Jaú (Corinthians)
Meias: Zezé Procópio (Botafogo), Martim Silveira (Botafogo),
Afonsinho (São Cristóvão), Brandão (Corinthians), Argemiro (Portuguesa
Santista) e Brito (América-RJ)
Atacantes: Leônidas da Silva (Flamengo), Romeu Pelliciari
(Fluminense), Perácio (Botafogo), Patesko (Botafogo), Lopes (Corinthians), Hércules
(Fluminense), Roberto (São Cristóvão), Niginho (Vasco), Luisinho (Palestra
Itália-SP) e Tim (Fluminense).
Eliminado logo no primeiro jogo
nas duas primeiras Copas, o adversário de estréia, nas oitavas de final, desta
vez era a Polônia, em Estrasburgo. E foi um jogo que entrou para a história da
competição pela quantidade de gols. O Brasil venceu por impressionantes 6 x 5.
Leônidas abriu o placar aos 18, Scherfke empatou aos 23, mas Romeu logo ampliou
aos 25. Perácio fechou o primeiro tempo em 3 x 1 aos 44 minutos. Mas no segundo
tempo, Ernest Wilimowski fez dois, aos 8 e aos 14, e voltou a igualar o
marcador. Perácio colocou o Brasil de novo a frente aos 26. Só que aos 44 do
segundo tempo, Wilimowski pôs 4 x 4 no placar. Prorrogação! E no tempo extra,
Leônidas marcou dois, aos 3 aos 14 do 1º tempo. Wilimowski ainda teve tempo de
descontar, aos 13 do 2º tempo. Mas não deu tempo para mais nada!
Pela primeira vez nas quartas, a
missão brasileira era árdua, pela frente a vice-campeã de 1934, a
Tchecoslováquia, do craque Nejedly. O jogo terminou 1 x 1, sem gols na
prorrogação. Dois dias depois, em jogo desempate, o Brasil venceu por 2 x 1, de
virada, e avançou à semi-final. Cansado depois de duas prorrogações e um jogo
extra, o Brasil tinha aos campeões mundiais pela frente. Num grande duelo em
Marselha, a Itália venceu por 2 x 1. Mas aquela geração brasileira já havia
colocado a Seleção Brasileira em outro patamar. O Brasil estava pronto para
encarar os maiores de igual para igual. No último jogo, vitória de 4 x 2 sobre
a Suécia na decisão de 3º lugar. O time da histórica campanha: Válter, Domingos
da Guia e Machado, Zezé Procópio, Martim Silveira e Afonsinho, Lopes, Romeu,
Leônidas da Silva, Perácio e Patesko.
Já a Itália, passou por Noruega,
França, Brasil e, na final, sobre a Hungria, a quem venceu por 4 x 2, e
sagrou-se Bi-Campeã Mundial. O time que conquistou o troféu máximo do futebol
mundial: Olivieri; Alfredo Foni e Pietro Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli;
Biavati, Giuseppe Meazza, Silvio Piola, Giovanni Ferrari e Colaussi (o técnico
era novamente Vittorio Pozzo).
Entre os escolhidos pela FIFA para a “Seleção da Copa” houve,
pela primeira vez, representantes brasileiros: Planicka (Tchecoslováquia), Domingos
da Guia (Brasil), Pietro Rava (Itália) e Foni (Itália), Andreolo (Itália) e Locatelli
(Itália), Zsengeller (Hungria), Gyorgy Sarosi (Hungria), Leônidas da Silva (Brasil),
Silvio Piola (Itália) e Colaussi (Itália).
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